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Foto César Santos

“Gosto de ser comparada ao Gelson Martins”

Por Jornal Sporting
13 Abr, 2017

Leia a entrevista de Diana Silva, uma das referências da equipa de futebol feminino do Sporting CP, ao Jornal do Clube

Começou por brincar com bonecas, mas o que mais gostava era de jogar futebol com os rapazes no recreio da escola, onde usava pedrinhas para fazer os postes da baliza. Aos 12 anos, inscreveu-se numa equipa masculina de iniciados e, no ano seguinte, já jogava com as seniores do Ouriense. Hoje, com 21, sente-se feliz no Sporting, que diz estar a "mudar a realidade do futebol feminino". Pelo meio de jogos e treinos, a 'rainha das assistências' ainda tem tempo para o curso de Ciências Farmacêuticas.

JORNAL SPORTING – Entre barbies, peluches ou conjuntos de maquilhagem, o mais comum na infância de qualquer rapariga, escolheu a bola de futebol. Porquê?
Diana silva – No início também brincava com bonecas e gostava muito até de recortar roupas, o normal nas meninas, mas quando ia para a escola queria era jogar futebol no recreio. 

Apesar de ser a menina da família, uma vez que tem quatro irmãos, todos rapazes, só a Diana continua a jogar. É a que tem mais jeito?
[Risos] Neste momento, se calhar sim. O meu irmão mais velho, que chegou a fazer parte da equipa do Ouriense e do Centro Desportivo de Fátima, também tinha imenso jeito, mas não teve tanta cabeça como eu e acabou por ir por outros caminhos. Os meus outros três irmãos preferiram o hóquei.

Com que idade começou a dar os primeiros pontapés?
Já foi um pouco tarde. Tinha seis anos, altura em que entrei para a escola, em Ourém. Nessa altura, até eram os rapazes a pedir-me para jogar com eles. Jogávamos todos. Não havia preconceito por parte deles, ao contrário dos meus pais, que torciam o nariz.

Praticava muito?
Sim. Os meus colegas chamava-me e diziam-me: “Então, não queres vir jogar?”. Lembro-me que não tínhamos balizas, então usávamos as pedrinhas do pátio para fazer os postes. Comecei a ganhar ali um gostinho especial e em todos os intervalos lá estava eu com eles.

Nessa altura já gostava de jogar à frente?
Jogávamos todos ao molho [risos]. Não havia posições definidas.

E marcava muitos golos?
Marcava e dava a marcar. Não era o mais importante. Queríamos era brincar.

As suas amigas lidavam bem com a sua vocação futebolística?
Dava-me muito mais com rapazes, mas nunca senti qualquer distância para as outras raparigas.

O bichinho acabou por crescer e aos 12 anos inscreveu-se no clube da terra, o Atlético Ouriense. 
Já queria inscrever-me há mais tempo. Gostava de jogar e queria experimentar ser federada num clube.

Os seus pais aprovaram a decisão?
Ao início não gostaram muito da ideia, mas depois lá os convenci.

Pudera, começou por jogar numa equipa de iniciados composta por rapazes…
Também havia outra rapariga, que ainda hoje é bastante minha amiga. Foi ela que me deu a ideia de entrar no Ouriense.

Não deve ter sido uma experiência fácil.
Jogar com tantos rapazes foi difícil, sim. O treinador também não ajudava, uma vez que os colocava sempre a jogar. Eu achava que tinha qualidade, que estava ao mesmo nível, mas entrava em campo sempre pouco tempo. Por isso, sentia-me injustiçada e ficava um bocado chateada, mas acho que era normal. 

Nunca lhe facilitaram a vida?
Não, até porque nessas idades [12 anos] eles não facilitam em nada. Querem é ser os melhores. 

Um ano depois, já com 13, integrou a equipa feminina de seniores, uma vez que não havia futebol de formação feminino. Elas deviam ser bem mais duras, não?
Senti a diferença, claro. Eram bem maiores e mais fortes do que eu, mas nesses tempos não haviam muitas jogadoras que fossem para o futebol por gosto, por isso também me adaptei depressa ao futebol sénior. No escalão masculino o desnível é bem maior.

Nessa altura já usava a velocidade como uma arma para fugir ao choque?
Sim, sempre fui muito rápida desde criança. E isso ajudou-me.

Nunca a convidaram para fazer atletismo?
Por acaso, quando era mais nova, para aí com uns 13 ou 14 anos, entrei em algumas competições na escola. E até cheguei a ir uma vez ao Campeonato Nacional de salto em comprimento, mas o atletismo não me chamava a atenção. Sempre preferi o futebol.

Leia na íntegra a entrevista de Diana Silva ao Jornal Sporting, esta quinta-feira nas bancas