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Ganhar o futuro

Por Jornal Sporting
11 maio, 2017

Editorial do Director do Jornal Sporting da edição n.º 3623

As últimas semanas têm revelado decisões corajosas por parte da Federação Portuguesa de Futebol que aqui queremos enaltecer, pelo que felicitamos o Presidente Fernando Gomes por estar atento aos sinais dos tempos e de vir ao encontro de medidas que há muito eram reclamadas, pelo Sporting Clube de Portugal e pelo seu Presidente, para a melhoria e maior transparência do futebol português.

Quando há cerca de quatro anos o Presidente Bruno de Carvalho apresentou um pacote de medidas e lançou o repto às diferentes partes interessadas para as discutirem, matérias que visavam melhorar a indústria do futebol e do desporto em geral e que incluíam temas relacionados com a arbitragem, novas tecnologias, a fiscalidade, os fundos, os agentes desportivos, entre outras, muitos foram aqueles que se riram com desdém. Alcunharam-no de uma espécie de Dom Quixote que estaria a iniciar uma luta contra moinhos de vento e que não o levaria a lugar algum. Diziam mesmo, em surdina, que era por ser jovem, que não percebia o meio em que se movia e que com o tempo se habituaria ao “estado das coisas”, e, aí, também ele passaria a ser parte integrante do sistema. Sim, porque essas personagens queriam apenas mudar nomes mas mantendo o status quo, mas enganaram-se quanto à capacidade de resiliência e obstinação de alguém como Bruno de Carvalho quando tem a força da razão do seu lado.

Quando alguns dos “interessados” começaram a assobiar para o lado e a queimar tempo, o Presidente Bruno de Carvalho decidiu elaborar um road-map e apresentar propostas concretas, chegando algumas ao detalhe da redação de propostas legislativas, percorrendo a nível nacional as várias instituições do sector futebolístico, a Assembleia da República e respectivos Grupos Parlamentares, o Governo e a Presidência da República, bem como, a nível internacional, a UEFA, a FIFA, a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu.

Paralelamente, foi participando em congressos, colóquios e seminários internacionais onde as suas ideias e propostas começaram a ser ouvidas com especial atenção e interesse, ao contrário do que sucedia internamente, passando mesmo a ser reconhecido pelos media a nível global como o rosto na luta contra os fundos. Estes foram considerados maléficos pelo carácter pernicioso que representavam para a indústria do futebol, tanto pela sua opacidade como por conflitos de interesses, bem como por cláusulas leoninas (estas sem qualquer relação com o Leão do nosso símbolo) que impunham, e em que o risco ficava todo do lado dos clubes e o retorno para os detentores desses fundos que, na maioria das vezes, se desconhecia a identidade dos seus donos.

A verdade é que, após ser muito atacado e enxovalhado pelos pontas de lança dos interesses ocultos e dos profissionais da cartilha, as instituições internacionais vieram-lhe dar razão e proclamaram o fim deste tipo de fundos.

De igual forma, quando avançou com a necessidade de introdução de novas tecnologias, nomeadamente o vídeo-árbitro, como forma de defesa e protecção da arbitragem, vieram logo os proclamadores da desgraça gritar que “Aqui Del Rei que este é o ataque mais feroz que alguma vez foi feito à arbitragem”, afirmando que estas medidas iriam destruir o futebol. A verdade é que são vários os desportos que utilizam com sucesso as novas tecnologias e isso também foi dado a conhecer e a debater em iniciativas promovidas pelo nosso Clube, como é o caso do Congresso Internacional The Future of Football, que teve no mês passado a sua terceira edição. O facto é que o vídeo-árbitro vai finalmente avançar, e agora passamos a assistir a movimentos contorcionistas, permitidos apenas a quem não tem coluna vertebral, conseguindo com a maior das latas dar o dito por não dito.

Esta semana o desporto obteve mais uma vitória com o anúncio de que os relatórios dos árbitros irão também passar a ser públicos já na próxima época, tendo sido esta mais uma das medidas por que muito se bateu o nosso Presidente, e que vai contribuir para uma maior transparência “matando”, por exemplo, as fugas de informação.

Por tudo isto se vem demonstrando quem é, ou quem são, os incendiários do futebol português, versus aqueles que trabalham seriamente e com medidas concretas para melhorarem esta indústria tão relevante e que tantas paixões move. Os moinhos de vento estão a desaparecer e as medidas estão a ser implementadas. E mais aí virão.

Uma nota final para a viagem que gostaria de não ter feito a Ortana (província de Pisa), a representar o nosso Clube nas cerimónias fúnebres de Marco Ficcini, porque futebol é festa, é vida e não os motivos que lá me levaram. Mais uma família destroçada. Não podemos permitir nunca mais que tragédias destas se repitam, e ninguém pode ficar de fora neste desígnio.

Boa leitura!