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Se…, então…

Por Jornal Sporting
26 Abr, 2018

Editorial do Director do Jornal Sporting na edição n.º 3673

Muitos terão presente o método científico que aprendemos nos bancos da escola. Diz-nos o mesmo que o primeiro passo de uma investigação é definir o próprio objecto de estudo. A partir daqui, podemos então elencar os objectivos que pretendemos atingir. 

Estando circunscrita e enquadrada a nossa investigação, para que esta se inicie, é necessário dar o “pontapé de saída”, ou seja, formular uma pergunta de partida para que possamos encontrar as respostas. Falamos de afirmações que mais não são do que tentativas de resposta à pergunta de partida e as hipóteses que a investigação se propõe verificar.

Se definíssemos, por exemplo, como objecto de estudo o “sistema” de poder e controlo do futebol português, teríamos que definir de seguida os objectivos da investigação. Assim sendo, imaginem que nos propúnhamos ao seguinte: aferir se há um clube que “controla” o “sistema”; explorar quais as estratégias definidas; conhecer quais as práticas utilizadas; mapear a rede de influências criada.

Estaríamos assim em condições de iniciar a investigação, tendo para tal que definir a pergunta de partida que, por exemplo, poderia ser esta: “Para controlar o futebol português, o “clube” definiu uma estratégia de médio e longo prazo de assalto ao poder, fazendo uso de práticas ilícitas e criminosas?

A partir daqui, se já tínhamos uma pergunta, tornava-se necessário encontrar respostas para ela, pelo que se formulariam as seguintes hipóteses:

– Se não há almoços grátis, então a oferta de vouchers são uma forma de aliciamento, visando criar um clima favorável e de boa vontade por parte dos agentes que as recebem;

– Se os sms’s e emails são uma ferramenta de comunicação, então o conteúdo por eles veiculados demonstram, clara e inequivocamente, o modus operandi de controlo do poder;

– Se o modus operandi é sustentado em práticas ilícitas, então tem que ser penalizado desportiva, civil e criminalmente;

– Se há distribuição de malas, então há resultados combinados;

– Se há favores que são feitos com fins ilícitos, então estamos perante tráfico de influências;

– Se há ofertas desproporcionadas para obtenção de proveitos impróprios, então estamos perante corrupção;

– Se há padres e missas cantadas, então a obediência pelo catecismo e pela hierarquia é cumprida a rigor;

– Se há uma cartilha, então há avençados e outros agentes que são cúmplices activos e passivos do terrorismo comunicacional;

- Se há toupeiras domesticadas, então há donos ainda à solta;

- Se há ameaças e coacção, então há gabinete de processos e queixinhas;

– Se há powerpoint’s, então há uma demonstração da impunidade e do assalto ao poder que envergonha qualquer democracia;

– Se os escândalos que envolvem os mesmos de sempre são abafados na comunicação social que lançam cortinas de fumo para desviar as atenções para outro Clube, então há quem seja conivente, dependente e viole os códigos de ética e deontológicos do jornalismo;

– Se se entenderem que as forças do além podem querer contrariar a democracia, então enganar e usurpar prémios que distinguem os seus é uma demonstração de que podem violar tudo e de que não olham a meios para atingirem os fins.

Tendo as hipóteses formuladas, haveria agora que definir a metodologia para verificar se estas se afirmam ou infirmam. Numa primeira abordagem parece-nos que poderíamos considerar quatro dimensões: desportiva; política, judicial e criminal.

Por hoje ficamos por aqui, o que não implica que esta linha de raciocínio não continue. Por isso, investigue-se!

Boa leitura!