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Por Manuel Colaço Dias

Por Jornal Sporting
14 Nov, 2015

Vítima portuguesa dos ataques em Paris descrito como "um Sportinguista ferrenho"

Manuel Colaço Dias, nascido em Mértola há 63 anos, cumpria mais um dia de trabalho numa empresa de transportes. Ontem era dia de festa em Paris, com o Stade de France completamente lotado (mais de 80 mil pessoas) para o particular entre França e Alemanha. O português que tinha emigrado “em busca de uma vida melhor”, como dizem os amigos próximos, deixara no seu táxi três pessoas que iam assistir ao jogo na capital gaulesa e foi vítima da autêntica barbárie que atravessou a noite de ontem – um momento que tão cedo ninguém esquecerá –, como veio a confirmar hoje José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Manuel Colaço Dias adorava futebol. E adorava o Sporting.

A população de Rosário, em Almodôvar, onde Manuel Dias costumava ir duas a três vezes por ano (era a localidade da mulher), foi apanhada de surpresa. “Era um amigo a 100%. Vinha muitas vezes a Rosário, conhecia toda a gente e era muito falador. 90% das conversas era sobre futebol, porque era um Sportinguista ferrenho! O resto, mais sobre a cultura francesa. Toda a gente ficou chocada porque não havia ninguém que não o conhecesse aqui. Era uma pessoa impecável em tudo e Sportinguista, que era o melhor de tudo”, comentou esta noite à CMTV José Fernandes, amigo residente em Rosário.

24 horas depois dos piores atentados na Europa desde os que foram perpetrados em Madrid, em 2004, o último balanço oficial feito pelas autoridades francesas aponta para 129 mortos e 352 feridos, sendo que 99 estão ainda em estado considerado grave. Além de Manuel Dias, foi confirmado ao início da noite o falecimento da luso-francesa Précilia Correia, de 35 anos.

Os ataques de Paris terão começado com três explosões perto do Stade de France – pelo menos uma bem audível durante o particular entre França e Alemanha – e tiveram depois prolongamento no 11.º bairro, onde foram disparados tiros no bar ‘Le Carrilon’. De seguida, em Fontaine au Roi/Fabourg-du-Temple, os clientes de uma cadeia de hambúrgueres e de uma pizzaria foram também alvejados, ao mesmo tempo que foi ouvida uma explosão no restaurante ‘Comptoir Voltaire’, na Place de la Nation. Dez minutos depois, foram disparadas dezenas de tiros sobre o café ‘La Belle Equipe’.

Ainda assim, o grande alvo acabou por ser o Bataclan, um dos mais emblemáticos clubes de Paris que estava cheio com 1.500 pessoas para um concerto da banda ‘Eagle of Death Metal’ – ao todo, e de acordo com as últimas informações oficiais, perderam a vida pelo menos 78 pessoas e quatro dos terroristas que cometeram estes actos (três fizeram-se explodir, o outro foi abatido). Há cerca de uma hora, começou a circular um vídeo onde é audível o início dos ataques no espaço, já depois de, ao início da manhã, terem surgido imagens de dezenas de pessoas a fugirem do local pelas traseiras após os primeiros disparos, tiradas por um jornalista do 'Le Monde' que mora na mesma rua. França, a Europa e o Mundo ainda estão em choque com uma noite que ficará marcada como uma das mais negras de sempre no século XXI.