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Um chocolate de futebol para combater o frio

Por Jornal Sporting
26 Nov, 2015

Sporting vence Lokomotiv por 4-2 e quebra barreiras históricas na Europa

Com tanto frio e neve, só mesmo um chocolate quente de bom futebol podia quebrar algumas barreiras históricas: ao vencer na deslocação a Moscovo o Lokomotiv por claros 4-2, na quinta jornada do grupo H da Liga Europa, o Sporting conseguiu obter o primeiro triunfo de sempre em solo russo (somava um empate e duas derrotas até ao momento) e quebrou uma série de 17 jogos consecutivos sem vencer fora nas provas europeias que se arrastava já desde 2011. Melhor era impossível, mas a dimensão da exibição ‘leonina’ em termos técnicos, tácticos, individuais e colectivos merecia isto... e muito mais.

Os ‘leões’ entraram melhor na primeira parte, mais pressionantes e com capacidade de chegar à baliza como se viu logo aos três minutos, num remate fraco de pé esquerdo de Fredy Montero no seguimento de uma jogada de envolvimento entre Ricardo Esgaio e Gelson Martins. No entanto, e na primeira vez que o Lokomotiv foi à baliza ‘leonina’, o brasileiro Maicon aproveitou um corte infeliz de Adrien numa bola dividida para, isolado, bater sem hipóteses Marcelo Boeck, que substituiu o castigado Rui Patrício.

(E aqui um parênteses para explicar ao leitor alguns maus costumes que perduram por aí. No Twitter oficial do Clube, foi escrito na narração ‘em directo’ do jogo que o golo tinha sido obtido em fora-de-jogo; mais tarde, vistas as repetições possíveis, percebeu-se que Adrien tinha sido o último a tocar na bola, o que colocava Maicon numa situação legal, e corrigiu-se. Ainda assim, a versão online de um jornal desportivo preferiu fazer ‘notícia’ dizendo que a publicação tinha criticado a arbitragem – o que não é verdade, porque constatar factos e dar opiniões são coisas distintas, apesar de alguns jornalistas não conseguirem perceber isso – e voltado atrás, como se fosse uma prática errada pautar-se o trabalho pela verdade e pelo rigor que tanta falta fazem noutras casas...).

Apesar da desvantagem precoce e injusta, o tento dos visitados acabou por trazer ao de cima a qualidade, a atitude e o carácter da equipa ‘leonina’, que assumiu por completo o domínio do encontro e por pouco não empatou aos oito minutos, com Matheus a beneficiar de uma recuperação em zona ofensiva e a atirar forte para grande defesa de Guilherme. Esse ascendente total trouxe frutos aos 20 minutos, com Montero a surgir de forma oportuna após um cruzamento de Esgaio a desviar em Denisov e a fazer o 1-1.

O Sporting conseguira recolocar tudo empatado mas nem por isso deixou de manter as linhas subidas e uma inteligência táctica só ao alcance das melhores equipas: no plano defensivo, e com a linha recuada uns metros mais à frente, os ‘leões’ conseguiram retirar espaço de manobra ao cérebro Samedov, ao jogo entre linhas de Maicon e à explosão de Niasse, de tal forma que o Lokomotiv fez um único remate à baliza nos primeiros 45 minutos (o do golo); no ataque, e perante a incapacidade de sair em transição dos russos, Montero e Ruiz foram fundamentais para a criação de espaços em zonas entre linhas e para a exploração da velocidade de Gelson e Matheus, sempre com o bom critério de passe de Adrien e João Mário no corredor central.

Assim, foi com toda a naturalidade que, aos 38 minutos, já depois de uma oportunidade flagrante de Gelson bem defendida por Guilherme para canto, Ruiz tabelou à entrada da área com Montero, isolou-se e picou a bola por cima do guardião contrário num golo que fez lembrar as jogadas geniais de Messi no 'tiki-taka' do Barcelona (descrição feita por comentadores na TV e na rádio, para não soar a exagero clubístico). Os ‘leões’ colocavam-se em vantagem mas a história ainda estava a meio e, depois de nova oportunidade flagrante falhada de cabeça por Bryan Ruiz (41’), Montero isolou Gelson com um passe em profundidade nas costas da defesa e o extremo voltou a colocar a bola por baixo das pernas de Guilherme (43’).

A etapa complementar começou com uma natural reacção do Lokomotiv, que por pouco não reduziu quando Ricardo Esgaio, a cortar um cruzamento venenoso de Manuel Fernandes, enviou a bola à trave da baliza de Marcelo, que nada podia fazer para evitar o 3-2. Neste lance, aos 53 minutos, o Sporting teve uma pontinha de sorte; em tudo o resto, antes e a partir daí, foi puro engenho. Sobretudo na forma como os comandados de Jorge Jesus deram a provar aos moscovitas o veneno que tinham servido em Alvalade: conhecendo as dificuldades dos visitados quando eram obrigados em jogar em ataque continuado, as unidades mais avançadas dos ‘leões’ conseguiram ir saindo rápido em transições e, aos 60 minutos, Matheus aproveitou um soberbo passe em profundidade de Gelson para fazer o 4-1 com um toque subtil... entre as pernas de Guilherme.

A meia hora do fim, o Sporting não só ganhava como tinha contornado a desvantagem no confronto directo com o Lokomotiv. Aliás, os números não tiveram outra expressão porque o primoroso chapéu de Matheus saiu por cima (64’) e um míssil de Ruiz de pé esquerdo acertou na trave após desvio do guarda-redes brasileiro (69’). Depois, o jogo foi caindo um pouco de qualidade e velocidade, quebra aproveitada pelo Lokomotiv para reduzir a desvantagem por Miranchuk a quatro minutos do fim, após um bom trabalho individual na área no seguimento de uma cruzamento da direita.

Com este resultado, o Sporting continua no terceiro lugar do grupo H mas mantém intactas as aspirações de passar à próxima fase da Liga Europa, tendo ‘apenas’ de vencer na recepção ao Besiktas (que ganhou hoje ao Skënderbeu por 2-0) da última jornada, a 10 de Dezembro.