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Foto César Santos

Sporting CP quebra o gelo no inferno de Atenas

Por Jornal Sporting
12 Set, 2017

Nove anos depois, os leões voltaram a vencer fora na fase de grupos da Liga dos Campeões

É tudo uma questão de números (e parecem música nos ouvidos dos Sportinguistas): pela primeira vez na história, uma equipa portuguesa apontou três golos em casa do Olympiacos, naquela que foi a primeira derrota dos gregos frente a equipas lusas no Georgios Karaiskakis. Mérito do Sporting CP, que esta terça-feira visitou e venceu o campeão incontestável da Grécia nos últimos sete anos por 3-2, no pontapé de saída do Grupo D da Liga dos Campeões.

Um triunfo com contornos históricos, não só pela exibição memorável dos leões nos primeiros 45 minutos da partida, como pelo resultado final: nove anos depois, a formação verde e branca voltou a vencer fora na fase de grupos da prova milionária da UEFA - a última vitória forasteira havia sido carimbada frente ao Basileia, por intermédio de um golo de Djaló (1-0). Mais: é preciso recuar quase dois anos até encontrar o último jogo em que o Olympiacos sofreu três golos em sua casa... tendo em conta todas as competições: 3-0 frente ao Arsenal em 2015. 

Cortesia de Doumbia, Gelson Martins e Bruno Fernandes, que despacharam a ameaça que vinha de Atenas com três remates certeiros em apenas 43'. Mas já lá vamos, caro leitor. Não perca o 'fio à meada' da história do encontro. Comecemos pelo início. O relógio assinalava 19h45. Hora de Champions, portanto. Ouve-se o apito do húngaro Viktor Kassai no Georgios Karaiskakis e sai William Carvalho com bola. Pé direito na ‘redondinha’ e segue a jogar para os comandados de Jorge Jesus. Um bom prenúncio, pensámos nós. E bem, já que a teoria foi confirmada logo aos dois minutos de jogo por Doumbia.

Após uma falta de Marko Marin sobre Acuña, no lado direito do ataque verde e branco, o próprio argentino assumiu a 'despesa' e apontou a mira à pequena área adversária, onde Doumbia (na pele de Bas Dost), solto de marcação, teve tempo e espaço para desviar para o fundo das redes. O avançado marfinense não só apontou o seu 15.º golo da carreira nestas andanças como ainda rubricou o golo mais rápido do Sporting CP na Champions. Motivos mais do que suficientes para se festejar no banco leonino. Mais ainda quando pouco tempo depois Gelson Martins aumentou a contagem após um contra-ataque letal: Doumbia, ainda antes do meio campo, lançou o camisola 77 em profundidade que, isolado, não teve problemas em bater o guardião Stefanos Kapino. Impõe-se um novo momento de estatística: Gelson nunca marcou tantos golos num arranque de uma temporada, somando já cinco em apenas oito partidas.

Tratou-se, assim, de uma verdadeira entrada de leão que deixou os gregos atordoados - excepto nas bancadas, onde não se 'calaram' um segundo (um verdadeiro 'inferno' tendo em conta o ambiente criado). Com a lição bem estudada, diga-se, a equipa leonina foi aproveitando a subida no terrenos dos jogadores do Olympiacos, desesperados em inverter o rumo dos acontecimentos, e até poderia ter dilatado a vantagem por mais duas vezes antes da meia hora de jogo, não fosse Bruno Fernandes ter enviado uma bola ao poste (18') e Coates, após ter corrido mais de metade do campo, ter falhado apenas com Kapino pela frente (22').

Sem tirar o pé do acelerador, a falta de pontaria continuou a 'tramar' os leões, que aos 40' enviar uma bola à barra. Até que Bruno Fernandes voltou a fazer o gosto ao pé com toda a calma e classe do mundo. Isolado por Coates, o médio leonino 'picou' a bola por cima do guarda-redes contrário (43') e gelou mais de 30.000 gregos incrédulos com o resultado ao intervalo (3-0).

Aguenta coração (de leão)

No segundo tempo, o ritmo de jogo baixou de intensidade. No controlo das operações, e também do marcador, o Sporting CP optou por gerir a partida e poupar forças. Com sentido, já que o mês de Setembro é longo. O problema é que acabaram por 'adormecer', tendo em conta as oportunidades que o Olympiacos, inofensivo até então, foi criando. Primeiro aos 60', quando Uros Djurdjevic ficou a centímetros do desvio final, após um cruzamento bem medido de Marko Marin, no flanco direito.

Logo a seguir, o mesmo jogador voltou a cruzar-se com Patrício, mas Coates evitou o golo dos gregos com um corte sublime. A desconcentração da formação verde e branca era, pelo meio do segundo tempo, evidente. Prova disso foi o erro do camisola 1 dos leões, que aos 63' entregou a bola de pé esquerdo a Emenike, dentro da sua área. Valeu Mathieu!

Galvanizados pelo seu público, o conjunto grego foi-se aproximando, aos poucos, da baliza leonina. Sem sucesso em termos práticos até ao minuto 89', altura em que Pardo (um velho conhecido do futebol português) descobriu a chave do cadeado leonino: depois de tirar Jonathan do caminho, rematou de pé esquerdo, com a bola a entrar junto ao poste esquerdo. Sem (qualquer) hipótese de defesa. 

Jorge Jesus respirou fundo, visivelmente irritado com o golo tardio sofrido. Mais ainda um minuto depois (90'), já que Pardo repetiu a 'brincadeira'. Após um cruzamento de Diogo Figueiras (mais um jogador que alinhou na Liga portuguesa), Jonathan voltou a falhar o corte, permitindo ao colombiano marcar o segundo da noite. Um final impróprio para cardíacos, que só deixou os Sportinguistas sossegados quando, logo a seguir aos festejos emotivos do adversário, Viktor Kassai deu seguimento ao apito final.

Nada que belisque o domínio do Sporting CP, que não só leva três pontos na bagagem no regresso a Lisboa como ainda lançou um 'aviso' à navegação do Grupo D, a ter em conta por Juventus e Barcelona. Este leão europeu está bem de saúde e recomenda-se (se possível com menos sofrimento)!