Estranha metamorfose de Ovídio castiga leões
27 Set, 2017
Derrota imerecida na recepção ao Barcelona com grande quota de responsabilidade para os critérios variantes do árbitro romeno
O Sporting perdeu na noite desta quarta-feira, em Alvalade, frente ao Barcelona, na segunda jornada da Liga dos Campeões muito por culpa dos critérios – sobretudo nos cartões mostrados – do árbitro romeno, Ovidiu Hategan, que traçou uma linha bem definida sobre o que seria falta passível de cartão ao Sporting e ao Barcelona.
Isso ficou bem claro desde cedo, quando Gelson Martins foi admoestado com o primeiro amarelo do jogo (6’), numa falta casual à saída do meio-campo catalão. Um minuto depois, metamorfose no critério, e Suárez viu perdoada uma falta dura sobre Bruno Fernandes.
Estava dado o sinal e era só o princípio do que viria a seguir.
Os leões sentiram algumas dificuldades nos primeiros 10 minutos – ao intervalo a posse de bola era de 35% para o Sporting e de 65% para o Barça. Messi, claro, num livre directo à baliza (9’), quase engana Patrício. No entanto, paulatinamente foram conseguindo libertar-se desse fantástico jogo posicional, elogiado por Jesus, e foram mostrando às bancadas de um repleto Estádio José Alvalade, com 48.575 espectadores, que a noite poderia ditar uma surpresa.
Pouco depois, falta de Piqué sobre Doumbia. Já se sabe o desenlace. Aliás, Piqué e, sobretudo, Busquets e Suárez, foram os jogadores mais poupados aos cartões. Mais: Piccini (17’), numa das tentativas de apontar às redes de ter Stegen, obrigou o guardião germânico a desviar para canto, lance que o árbitro deu pontapé de baliza. Até Nélson Semedo, que cortou (45’) uma jogada com a mão, só viu cartão amarelo (69’) por um corte no limite, leia-se radical, a Battaglia.
Ainda antes do apito para o intervalo, substituição forçada por lesão de Doumbia – entrou Bas Dost –, que acabou por não ter qualquer efeito prático no primeiro tempo.
A segunda parte começou com um roubo de bola de Gelson Martins (46’), que endossou a Bruno Fernandes, mas o médio não centrou da melhor forma. O golo surgiu três minutos depois (49’), num livre descaído à direita, com a bola a bater em Suárez e desviada por Coates para o fundo das redes de Patrício.
Apenas um contratempo, se tivermos em conta a exibição que o Sporting estava a construir. No entanto, o festival de cartões a jogadores leonino matinha-se e depois de admoestado Piccini (53’), o público de Alvalade não aguentou, vaiando e assobiando a exibição do romeno Ovidiu Hategan. Foi, de facto, um exagero!
Ficou, ainda, a sensação de ter havido grande penalidade de Rakitic sobre Bas Dost (55’), que o árbitro deixou passar.
A um corte sublime (57’) de Mathieu – que exibição de luxo! – a Messi e um livre directo cujo remate do astro argentino saiu por cima seguiu-se, talvez, a falha mais gritante do jogo: jogada de ataque rápido dos leões pela esquerda, Bas Dost recebe já na área e deixa para Bruno Fernandes, que perdeu ângulo de remate.
Jorge Jesus refrescou de uma assentada todo o corredor esquerdo, ao tirar Coentrão e Acuña (73’) para colocar Jonathan Silva e Bruno César.
A última oportunidade ainda foi do Barcelona (86’), quando Patrício negou o golo a Paulinho. A derrota ficou consumada precisamente no encontro para o qual o Sporting apresentou-se bem preparado, com o espírito de união no nível máximo, concentrado e com o antídoto para o tal jogo posicional na mão. O problema esteve nas metamorfoses de Ovídio. O poeta latino, na sua obra prima, fazia referência à transfiguração dos homens, neste caso nos critérios disciplinares que, claramente, não foram os mesmos para as duas equipas.