Your browser is out-of-date!

Update your browser to view this website correctly. Update my browser now

×

Obrigado, Professor!

Por Juvenal Carvalho
02 Jun, 2022

Em 2019, longos 24 anos depois de um abandono que deixou o eclectismo do Clube mais pobre, o Sporting Clube de Portugal regressou ao basquetebol pela porta grande.

E que melhor escolha para abrir a porta do regresso haveria de ter o nosso Clube, que não o treinador cujo êxito e ele funcionam como almas gémeas. Ganha quase como respira, naturalmente. A palavra vitória repetiu-se vezes sem conta no seu vocabulário.

Falo obviamente de Luís Magalhães. O trabalho, a competência e a capacidade foram o seu apanágio ao longo de uma carreira com conquistas atrás de conquistas por onde passou. Estava, ao momento do nosso regresso, afastado da modalidade por sua escolha pessoal. Vivia entre os States e o nosso país, mais concretamente por Aveiro, onde reside. Até que apareceu o Sporting no basquetebol e o seu telefone tocou.

Ele seguramente não me levará a mal que confidencie que desde a Austrália então me disse, numa conversa informal, à margem das negociações, lideradas por Miguel Afonso, que só o Sporting CP o traria de regresso. Pelo Clube, mas sobretudo pelo seu falecido irmão Arnaldo, que vivia o nosso Clube apaixonadamente, tão apaixonadamente que se o visse a treinar o "seu" Sporting, lhe daria a maior alegria da sua vida.

Três anos depois, mas apenas com duas épocas de competições oficiais por causa da pandemia COVID-19, o professor Luís Magalhães conquistou, em homenagem ao seu irmão Arnaldo, mas também, e claro, a todo o universo Sportinguista, seis troféus − um Campeonato Nacional, três Taças de Portugal, uma Taça Hugo dos Santos e uma Supertaça − e chegou aos quartos-de-final das provas europeias, mais concretamente da FIBA Europe CUP. 

Homem que respira basquetebol e que muitos não apreciam, uns por inveja e outros por mesquinhez, terá defeitos, porque é humano, mas vive da frontalidade, acredita no seu trabalho e tem a coragem de chamar os bois pelos nomes. Defende com unhas e dentes o seu grupo de trabalho e nestes três anos de sucesso não fugiu ao essencial, a defesa intransigente do Sporting CP. 

Devolveu a alegria aos Sportinguistas com a marca identitária do seu trabalho. As bancadas cheias de juventude são o reflexo das conquistas obtidas. Fez o basquetebol do Sporting CP respirar saúde alicerçada em êxitos. No passado dia 26 de Maio, ao "não querer alinhar nisto", visando a Federação Portuguesa de Basquetebol, disse adeus ao Sporting CP, mas também à modalidade. Confesso que fiquei triste como apaixonado da modalidade que servi no nosso Clube. Uma certeza todos teremos. O adeus de um campeão não é fácil de colmatar. Ele é um verdadeiro predestinado para conviver com o sucesso. É feito da têmpera de que são feitos os campeões. Tem tantos e tantos atributos. Fechou o seu ciclo. É a lei natural da vida. A mim, do ponto de vista pessoal, guardarei ad eternum a maior estima pelo professor. 

O basquetebol português ficou mais pobre com o seu adeus. A vida continua e o Clube também. Perdemos um treinador, mas ganhámos um adepto. Será sempre, e para sempre, um dos nossos.

Obrigado, professor Luís Magalhães!

PS - Parabéns ao futebol feminino pela conquista da terceira Taça de Portugal. Dois troféus conquistados numa época em ano de profunda renovação. Simplesmente brilhante.