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Foto DR

Verde no Branco

Por Jornal Sporting
01 Mar, 2018

Editorial do Director do Jornal Sporting na edição n.º 3665

A liberdade de expressão é um dos direitos maiores e, também por isso, deve ser merecedora de maior responsabilidade de quem dela faz uso. O jornalismo é uma arte nobre quanto aos seus princípios e utilidade, mas, outra questão, é quem, ou que uso em seu nome, dele fazem. 

Como em tudo na vida, temos bons e maus jornalistas, gente séria e honesta, mas também falsos e trapaceiros. Temos publicações e jornalistas mais credíveis, rigorosos e factuais, e outros menos credíveis, especuladores e manipuladores.

Como afirma o Professor Manuel Chaparro, no seu livro “A Linguagem dos Conflitos”, as notícias não representam o interesse público, mas sim um conjunto de interesses particulares, tantas vezes conflituantes entre si. Afirma ainda este investigador que as empresas jornalísticas são negócio e devem ser olhadas e geridas como tal, enquanto que o jornalismo está do lado dos valores. É neste último ponto que, talvez reflexo do que se passa um pouco por toda a sociedade, se vive uma crise de valores. A confusão entre empresa jornalística e jornalismo parece coexistir em muitas mentes e profissionais. 

O jornalismo em si mesmo não é negócio. As empresas jornalísticas, essas sim, e têm por base o trabalho jornalístico. E isto faz toda a diferença! O jornalista contribui para o negócio da empresa jornalística, não violando códigos de ética ou de conduta da profissão mas sim, através do seu trabalho sério e rigoroso que, pela sua credibilidade, seja gerador de relação de confiança, e com isso contribua para a preferência dos leitores pelo seu trabalho. Tudo o resto é ilegítimo e é uma subversão do trabalho jornalístico.

Os últimos dias, como fizemos também referência neste espaço na última edição, têm sido de grande alarido com manifestações de corporativismo exacerbado, sem que se preocupem em analisar com isenção e rigor as fontes primárias. Preferiram assumir uma posição extemporânea, histérica e desproporcional face a uma legítima demonstração de indignação perante uma perseguição de que se é alvo e onde nunca se impõe ou restringe a liberdade colectiva ou individual. Como é claro e evidente, a decisão continua a ser de cada um de acordo com as prerrogativas que lhe são conferidas pelo estado de direito.  Esta situação é tanto ou mais preocupante, mesmo com níveis de intervenção e conteúdos diferentes, por as mesmas envolverem entidades como o CNID e o Sindicato dos Jornalistas que acabaram mesmo por forçar a ERC a tomar também posição pública. Um regulador deve ser independente, rigoroso e equidistante, não devendo deixar-se ir por estados de alma.

Se dúvidas houvesse, a Sporting TV prestou um enorme serviço de interesse público apresentando de forma factual e na primeira pessoa, no programa “Verde no Branco”, emitido na passada quinta-feira, violações graves ao jornalismo, pressões exercidas nas redacções e sobre os seus profissionais, mecanismos de influência e de coacção inaceitáveis.  

Ficou ainda claro que tudo o que diz respeito ao Presidente Bruno de Carvalho, que seja para destratá-lo ou menorizá-lo independentemente do mérito das suas acções ou intervenções, é por defeito assumido, sem contraditório e tomado como verdade absoluta. A manipulação do trabalho jornalístico ou outras rubricas, a cedência a pressões condicionando aquele que deveria ser o livre trabalho jornalístico, seja por alteração dos factos, seja contratando a mando para funções de subserviência, ficou também por demais evidente. Os protagonistas, esses, são também os mesmos de sempre…

Esperamos agora que, pois até ao momento não tivemos conhecimento de qualquer tomada de posição, a ERC, o Sindicato dos Jornalistas e o CNID se pronunciem face a tão graves denúncias. 

Quem não viu o programa “Verde no Branco”, recomendamos que o faça (está disponível na internet), pois tem muitas revelações de que todos devemos ter consciência e que não podem cair no esquecimento. 

Boa leitura!

P.s. Aurélio Pereira, o “Senhor Formação” e obreiro dos “Aurélios” que conquistaram o Campeonato da Europa para Portugal, foi agraciado pela UEFA com a Ordem de Mérito. Uma distinção mais do que justa e merecida. Parabéns Aurélio Pereira, um orgulho para todos nós, ainda mais tratando-se de um dos nossos.