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Universo Sporting CP recorda o "grande Mendes"

Por Jornal Sporting
01 Abr, 2016

Órgãos Sociais, treinador, capitão e antigos companheiros em peso no velório

As primeiras horas do velório de Fernando Mendes, o eterno capitão que liderou em campo o triunfo do Sporting CP na Taça dos Vencedores das Taças entre muitos outros feitos, funcionam como exemplo paradigmático do Desportista e Homem que ontem partiu: alguém capaz de unir clubes, personalidades e vontades distintas com um raro sentido de liderança, inteligência e educação. O ‘Magriço’ era um cavalheiro, dentro e fora de campo. E o Universo ‘leonino’ marcou presença em peso no velório que se está a realizar na Igreja de São João de Deus, na Praça de Londres.

Ainda antes do início da cerimónia, já muitas pessoas que privaram com Fernando Mendes estavam à porta da Igreja. Antigos companheiros de equipa, jogadores que por ele foram treinados, atletas de outras modalidades como o hóquei em patins ou o râguebi, Sportinguistas mais velhos que recordavam com nostalgia uma das maiores figuras do Clube. Chegou até a ser comovente ver o reencontro de glórias ‘verde e brancas’ como Marinho, Peres ou Lourenço, entre tantos outros, unidos num momento de tristeza com aquela teimosa lágrima no canto do olho num misto de saudosismo e nostalgia.

Humberto Coelho, actual vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, também marcou presença na homenagem a “uma das grandes referências da juventude”. “Era uma referência como jogador e como pessoa, muito amigo. Tinha gosto em falar de futebol. Era um atleta com arte, técnica e grande postura, sempre com uma atitude profissional, solidária e tolerante. Havia nele aquilo que nos faz gostar do futebol”, disse.

Por volta das 18 horas, chegava o autocarro do Clube, liderado pelo Presidente, Bruno de Carvalho, com todos os Órgãos Sociais do Clube, Jorge Jesus, Octávio Machado, Manuel Fernandes, Aurélio Pereira, Adrien, Nélson e muitos daqueles que, com o seu líder, ganharam a Taça dos Vencedores das Taças como Carvalho, Hilário, Pedro Gomes, Mário Lino, Alexandre Baptista, José Carlos ou Figueiredo. Foi um momento marcante e que, por si só, representou o respeito por uma figura incontornável da história centenária.

“Foi um exemplo para muita gente e para os mais jovens. Entrou nas camadas jovens e entregou-se na totalidade ao Clube. Foi exemplar, um amigo, mas Deus quis levá-lo agora e não há nada a fazer... Era ele que criava almoços e jantares com os colegas. As maiores memórias? Dois momentos marcantes: a vitória na Taça das Taças e a grave lesão que sofreu com a Checoslováquia pela Selecção. Mas a memória irá perdurar para sempre”, comentou José Carlos, que herdou a braçadeira de Fernando Mendes.

“Foi um produto do Sporting CP e não se entregou a 100 ou 200 mas a 300% ao Clube. Entrou ainda nas camadas jovens na década de 50 e fez parte da geração de jogadores da Selecção Nacional que emancipou o futebol português. Foi um internacional de primeiro plano. Destacou-se também como treinador e figura da formação. O Mendes era uma pessoa respeitadora e delicada, um exemplo para os mais jovens. Um exemplo de sucesso e de muito trabalho para os mais jovens, que têm hoje muito melhores condições do que nós tínhamos naquela altura, onde tínhamos os nossos trabalhos e depois vínhamos jogar à bola. Foi uma figura marcante a nível nacional”, assinalou Mário Lino, também ele campeão como jogador e treinador de ‘verde e branco’ como Fernando Mendes.

“É difícil descrever o que se sente num momento destes... Estreou-se ainda na altura de Vasques e Travassos. Cheguei em Agosto de 1958 e foi o meu primeiro amigo, um irmão e professor na minha adaptação. Muito do que sou hoje devo-o a ele. Foi também um treinador excepcional, apesar da falta de sorte como jogador pela grave lesão que sofreu”, acrescentou Hilário, o jogador com mais encontros oficiais realizados de ‘leão’ ao peito.

Durante a noite, muitas mais figuras fizeram questão de passar pela Igreja de São João de Deus, num último adeus ao eterno capitão que foi capaz de ser tão ou mais elogiado dentro de campo como fora dele. No local, o lema da caminhada sinodal que a Diocese de Lisboa vai viver nos próximos dois anos pastorais destacava-se numa larga tarja: “O sonho missionário de chegar a todos”. Fernando Mendes, como Homem e Desportista, cumpriu esse desígnio, numa vida que serve de inspiração para todas as gerações, dos mais velhos aos mais novos. Até porque um símbolo assim nunca o deixará de ser.