Sporting perde Taça Continental após derrota em Barcelona por 5-1
O Sporting não conseguiu hoje conquistar a Taça Continental, único troféu europeu ainda em falta no Museu do Clube, após perder na Catalunha com o Barcelona por 5-1. Depois da vantagem de 2-0 alcançada no Livramento, na primeira mão, os ‘leões’ não conseguiram dar continuidade à grande exibição de há uma semana e acabaram por vacilar em termos estratégicos sobretudo na primeira parte, altura em que alguns erros e desconcentrações defensivas fizeram ruir a intenção de adiar o primeiro golo no jogo. De referir já aqui, no início deste texto, o fabuloso espectáculo que os mais de 200 adeptos ‘leoninos’ deram nas bancadas do Palau Blaugrana. Não foi por falta de apoio que o conjunto ‘verde e branco’ não fez (mais) história. Mas mais, porque é justo destaca-lo: também eles mereciam o seu troféu, ao mostrarem de novo o que é um grande Clube.
O Sporting entrou confiante como os seus adeptos: ataques prolongados, lição bem estudada na defesa, algumas dificuldades em encontrar situações de superioridade numérica. No entanto, e de forma paulatina, o Barcelona começou a subir a primeira linha defensiva com Ordóñez e Pablo Álverez, procurando recuperações de bola logo à saída da área ‘leonina’ e provocando um número elevado de faltas muito cedo. Ainda assim, com mais ou menos dificuldades, os ‘leões’ iam conseguindo controlar as investidas catalãs, fazendo ataques organizados mais longos para fazer ‘respirar’ a equipa, que mantinha a vantagem de 2-0 conseguida no Livramento. O Sporting parecia ter tudo estudado mas acabou por vacilar num particular: os momentos em situação numérica.
Aos onze minutos, Tuco viu o cartão azul e, depois de Girão travar o livre directo de Pablo Álvarez, Ordóñez inaugurou o marcador com um grande lance individual após perda de bola em zona proibida de João Pinto; mais tarde, após o azul a Tiago Losna (na sequência de uma recuperação de Xavi Costa junto à área ‘verde e branca’, Girão voltou a travar o livre directo (desta vez apontado por Gual) mas Lamas, a dois segundos do fim do ‘power play’, converteu o 3-0. Pelo meio, apesar do pecado muitas vezes cometido pelos ‘leões’ de recuar em demasia as linhas defensivas, Ricardo Figueira atirou uma bola ao poste aos 18 minutos, no único lance em que os comandados de Nuno Lopes saíram em vantagem de 3x2, e, no minuto seguinte, Xavi Costa empatou a eliminatória (19’).
Ao intervalo, o Sporting perdera a vantagem conseguida na primeira mão e o Barcelona, com doses de adrenalina anímica por cada golo que marcava, puxava dos galões de bicampeão europeu. Mas isso aconteceu com dose repartida de mérito ‘blaugrana’ e demérito ‘leonino’, com desconcentrações aproveitadas de forma quase cirúrgica e com traços cruéis pelas individualidades catalãs, sobretudo Ordóñez e Xavi Costa.
Na etapa complementar, e com a obrigação de marcar para empatar a eliminatória, os ‘leões’ entraram de foram mais expedita e sobretudo mais objectivos na procura da baliza de Egurrola. Aos três minutos, Luís Viana teve uma oportunidade flagrante de marcar mas não conseguiu converter o livre directo após a décima falta dos visitados; três minutos depois, Cacau não conseguiu enganar o capitão ‘blaugrana’ na cara do golo, na sequência de uma grande arrancada de Tuco (que, antes, quase tinha comprometido com um remate de muito longe captado por Ordóñez mas defendido por Girão).
O jogo parecia lançado o 4-0 do Barcelona, marcado por Gual na sequência de um lance de estratégia em zona central, acabou por transformar as características do encontro, com os visitados a recuperarem aquela confiança abalada pela entrada ‘verde e branca’ (e pelos constantes cânticos dos adeptos Sportinguistas, que deram goleada até em desvantagem). Aos dez minutos, em mais um momento fulcral, Centeno teve a oportunidade de reduzir mas Egurrola voltou a brilhar (fica depois a dúvida sobre uma possível penalidade sobre o número 22 ‘leonino’, que sofreu um empurrão antes de bater no poste).
(E agora um parênteses pertinente nesta crónica: durante 38 minutos os adeptos catalães, em casa, a jogar a conquista de um troféu europeu, foram ridicularizados pelos mais de 200 adeptos fervorosos e apaixonados ‘verde e brancos’. E quando quiseram dar sinais de vida? Primeiro num lance em que João Pinto se embrulhou com Ordóñez; depois, quando ouviram do topo do Palau Blaugurana um enorme ‘Síííííí’, seguido da música de um dos maiores produtos de sempre da formação do Clube, Cristiano Ronaldo. Cada um é como cada qual mas a grandeza das maiores potências desportivas da Europa também deve ser medida por estes aspectos e o Sporting mostrou, mais uma vez, que é muito grande. Enorme mesmo. O maior de todos. E isso deve ficar registado).
Regressando ao jogo, a segunda metade da etapa complementar decaiu em termos de qualidade e teve mais picardias e lances quezilentos mas nem por isso a formação de Nuno Lopes deixou de procurar o golo que permitisse a reentrada no encontro. Viana, de novo de bola parada, teve a grande oportunidade a dez minutos do fim mas Egurrola voltou a ser gigante (neste caso, também na baliza) e travou com o pé o remate do avançado. Dois minutos depois, foi Panadero a ter também um ‘penalty’ após falta sofrida pelo próprio na área: na primeira oportunidade, Girão defendeu; na repetição, o guarda-redes travou a bola mas esta caiu caprichosamente para dentro da baliza.
A partida ficou logo aí sentenciada, apesar das inúmeras tentativas do Sporting em tentar pelo menos o tento de honra, que também não surgia com algum azar à mistura entre bolas no ferro e a embaterem com estrondo nas muralhas ‘blaugrana’ (Egurrola e a defesa). Nem de livre directo, desta feita com Tuco a apontar (João Pinto, a 56 segundos do fim, conseguiu quebrar essa resistência). E sempre, mas sempre, com a falange ‘leonina’ a apoiar a equipa. Antes do jogo, depois do jogo. Nos bons momentos, nos maus momentos. E agora o objectivo passa por assegurar, na Taça CERS, a possibilidade de voltar a disputar esta competição no próximo ano para quebrar o enguiço das quatro finais perdidas, três com os catalães.
2.ª mão da Taça Continental
Barcelona-Sporting, 5-1
Palau Blaugrana (Barcelona, Espanha)
Árbitros: Massimiliano Carmazzi e Ulderico Barbarisi (Itália)
Ao intervalo: 3-0
Barcelona: Egurrola (C); Gual, Panadero, Ordoñez e Pablo Álvarez. Jogaram ainda: Xavi Costa, Edu Lamas e Xavi Barroso
Treinador: Ricard Muñoz
Golos: Ordoñez (12’), Xavi Costa (19’), Lamas (22’), Gual (33’) e Panadero (42’)
Exclusões: nada a assinalar
Sporting: Ângelo Girão; Tuco, André Centeno, João Pinto e Cacau. Jogaram ainda: Ricardo Figueira (C), Tiago Losna, Luís Viana
Treinador: Nuno Lopes
Golos: João Pinto (50’)
Exclusões: Tuco (11’) e Tiago Losna (20’)