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76 dias de silêncio

Por Miguel Braga
28 Abr, 2022

Editorial da edição n.º 3869 do Jornal Sporting

Estamos a chegar a Maio e o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol mantém o seu silêncio ensurdecedor, sobre as agressões a jogadores Leoninos por elementos estranhos à ficha de jogo no final do FC Porto-Sporting CP, jogado no passado dia 11 de Fevereiro.

Recordando o que se escreveu na altura: segundo o Observador, o “final do jogo no Estádio do Dragão teve um filme como há muito não se via” e que quem esteve presente assistiu “ao que o futebol pode ter de pior”. Ainda sobre os acontecimentos, “vários seguranças e assistentes de recinto desportivo envolveram-se também na confusão. Um atirou água a Matheus Reis; outro terá mesmo agredido o brasileiro dos Leões. É visível também que por duas ocasiões houve seguranças que evitaram também que adeptos entrassem no relvado”.

Para A Bola, foi “possível visualizar uma pessoa com colete encarnado a empurrar Gonçalo Inácio de forma intimidatória, seguindo-se novos empurrões, desta vez com Matheus Reis. Recorde-se que o defesa brasileiro foi também agredido por outros dois elementos externos ao jogo, que estavam para lá do placard publicitário, com um colete azul”. Versão confirmada no Record: “Um, dois, três: Imagens mostram que Matheus Reis foi agredido três vezes no final do FC Porto-Sporting CP”.

Dias depois do famigerado jogo, a Rádio Renascença dava conta do relatório do árbitro, afirmando que João Pinheiro detalha que, "após o final do jogo, três elementos que vestiam um colete azul atingiram o jogador (...), tendo um deles agredido esse mesmo jogador com um murro nas costas". Mais. Que “um elemento que vestia um colete azul e que se encontrava atrás dos placares electrónicos junto à baliza norte, arremessou um banco para dentro do terreno de jogo”.

As imagens, vídeos e descrições estão disponíveis para qualquer pessoa à distância de um click. Além de que existe uma presunção de veracidade do relatório do árbitro que parece que foi esquecida por quem deveria disciplinar os infractores no nosso futebol.

Curioso, foi perceber que a FPF também apregoa a dualidade de critérios. Tanto quanto foi possível pesquisar no site do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), desde 2020 e até hoje, Pepe terá sido o único jogador que requereu providência cautelar e relativamente à qual a FPF não se opôs – a FPF teve um entendimento diferente nos casos de Lucas Piazón (2021) e Luís Neto (2020), só para dar dois exemplos.

Seria por isso útil saber por que motivos terá a FPF entendido não se opor ao pedido de Pepe, que não se verificavam nos casos de Neto ou de Piazón. Neste caso com contornos dantescos, seria também bom que a FPF pudesse esclarecer porque é que o seu Conselho de Disciplina entendeu haver necessidade de suspender preventivamente Pepe e Luís Gonçalves, mas depois, quando estes pedem para não cumprir o castigo que é aplicado, a FPF nada tem a opor, aceitando que os mesmos estejam presentes no jogo seguinte. Dúvidas para serem esclarecidas talvez um dia. Talvez.