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Foto José Cruz

Petição que pede reconhecimento de 17 edições do Campeonato de Portugal louvada no Parlamento

Por Jornal Sporting
30 maio, 2018

Paulo Almeida, gestor de produto do Sporting CP, recebeu a atenção dos vários grupos parlamentares na manhã desta quarta-feira

Foi no dia 2 do passado mês de Abril que chegou ao Parlamento uma petição com 4.470 assinaturas que pede o reconhecimento das 17 edições do Campeonato de Portugal, realizadas entre 1922 e 1938 e não declaradas pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF). 

Paulo Almeida, gestor de produto do Sporting CP e primeiro peticionário, teve, na manhã desta quarta-feira (30 de Maio), a atenção dos vários grupos parlamentares na Assembleia, numa análise da Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto. 
 
 
O representante dos leões (saiba que, das 17 edições, o Sporting CP reclama quatro títulos) defendeu o seu ponto de vista, começando por recorrer a situações ocorridas noutros países. "Entre 1934 e 1938 realizaram-se dois Mundiais que foram disputados em sistema de eliminatórias. A FIFA reconhece-os. Portanto, alegarem que o Campeonato de Portugal é uma prova igual à Taça de Portugal porque se decidiu nesses moldes não faz qualquer sentido. O Mundial já teve cinco modelos competitivos diferentes. Em 1950 não houve final. Jogaram-se duas fases de grupos e a selecção que somou mais pontos foi campeã", explicou, continuando na mesma base de ideias. 
 
"Não tenho a mínima dúvida do que estou a defender e isto não é uma luta do Sporting CP ou, pelo menos, não deveria ser, pois são sete os clubes prejudicados e 149 os atletas. Ocorreram episódios idênticos noutros países (Alemanha, Itália, Holanda e Brasil, por rexemplo) e as federações demoraram a resolver o problema, mas os títulos já são reconhecidos. Em Portugal, este tema arrasta-se desde 1939", lamentou.
 
João Pinho de Almeida, deputado do CDS/PP e antigo presidente do Belenenses (entre 2010 e 2011), um dos emblemas implicados no debate, 'aplaudiu' a iniciativa dos verdes e brancos. "Estes factos, apresentados por Paulo Almeida, são reais e verdadeiros. O Belenenses deveria contabilizar quatro títulos de campeão e não apenas um. Há que louvar esta petição, ainda que a última palavra tenha de ser dada pela Federação Portuguesa de Futebol", lançou. A opinião estendeu-se aos restantes elementos da mesa, na qual também estiveram deputados do PSD, do PS, do Bloco de Esquerda e do PCP. 
 
O início do erro
 
Durante a exposição, Paulo Almeida apontou o início do erro histórico, cometido pela Comunicação Social em 2005 e ignorado pela FPF.
 
"Em Portugal, até 2005, todas as competições eram consideradas individualmente. Acontece que, nesse ano, o Benfica sagrou-se campeão nacional e os três jornais desportivos transmitiram três mensagens diferentes. O Jogo falou do 31.º título, contabilizando três Campeonatos de Portugal; a Bola escreveu 31, contando com três Ligas Experimentais; o Record, por sua vez, colocou o número 28 na primeira página. Quanto à FPF, nada disse sobre esta situação", frisou.
 
 
"Entretanto, aquando da petição do Sporting CP, o presidente Fernando Gomes já veio referir que esses Campeonatos de Portugal contam como Taças de Portugal. Não posso concordar. Na altura, a taça nem sequer existia, pois o primeiro vencedor foi a Académica, em 1939", sublinhou, deixando um desejo no final da intervenção. 
 
"Em 2021/22 comemoram-se os 100 Campeonatos Nacionais. Portanto, têm de existir 100 campeões. O FC Porto foi o primeiro vencedor da prova e tem, na sua loja oficial, a réplica dessa camisola à venda. No entanto, conquistaram o título este ano e apresentaram o número 28, quando deveriam ter colocado o 31. Não percebo. Se foram tão fortes na mudança do seu ano de fundação, de 1906 para 1893, por que é não reconhecem os seus campeonatos, ganhos brilhantemente pelos antigos atletas? Desejo que, até ao centenário, a Federação resolva a questão", rematou. 
 
"Deputados mostraram-se sensíveis ao tema"
 

Após a apreciação da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desportivo, Paulo Almeida mostrou-se satisfeito pela postura dos deputados. 

 
"Correu bem e consegui reforçar, no Parlamento, que não estão somente em causa os quatro campeonatos do Sporting CP, mas sim as 17 edições da prova, realizadas entre 1922 e 1938. Os deputados mostraram-se sensíveis ao tema, até porque, da primeira selecção portuguesa que brilhou nos Jogos Olímpicos de 1928, em Amesterdão, nove dos 11 jogadores que atingiram os quartos-de-final não são considerados campeões no próprio País. Falo de José Manuel Martins e Jorge Vieira, do Sporting CP, de Vítor Silva e Raúl Figueiredo, do Benfica, de Carlos Alves, do Carcavelinhos, de César Matos, Agusto Silva e Pepe, do Belenenses, e de Valdemar Mota, do FC Porto. É uma profunda injustiça", disse.
 
Quanto à decisão da Federação Portuguesa de Futebol, o representante leonino admitiu que continua à espera de novos desenvolvimentos. "A Federação criou uma comissão de especialistas, historiadores e pessoas de Direito da faculdade de Lisboa, Coimbra e do Porto. Vamos aguardar. As provas são evidentes. Existem actas da FPF, um livro do órgão, de 1989, que dá razão aos 17 vencedores do Campeonato de Portugal e, ainda, jornais da época. Não está no nosso poder passar uma borracha na História das primeiras 17 páginas do futebol português", concluiu.