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Os cestos e as balizas choram por eles

Por Juvenal Carvalho
07 Abr, 2022

Como costumo dizer, a imensidão da História de 115 anos do Sporting Clube de Portugal é feita de pessoas. E no passado domingo, terei levado no Museu do nosso Clube, por ter sido convidado na condição de colaborador do Jornal para a festa do seu centenário, um enorme "banho" de Sportinguismo, e onde revi, entre outros, Mário Casquilho − que grande Senhor e Leão −  o maior ideólogo daquele espaço, e em que tive o prazer de conhecer igualmente Isabel Victor, a actual directora do Museu, que tem dado também ela uma excelente dimensão e divulgação ao tão bem retratado espaço de culto "Leonino", que simboliza uma História sem paralelo do Sporting CP, e em que eu, na oportunidade que me foi dada na Sporting TV de dizer umas palavras − sentidas, só sei estar assim quando entra em equação o Clube − acabei por dizer que o Sporting é claramente enorme e feito de pessoas que lhe deram esta História repleta de sucesso como nenhum outro clube terá.

E nessas pessoas, entre tantas outras que a marca inexorável do tempo, as viu partir, estão, infelizmente, estas nos últimos dias, o Rui Pinheiro e o Joaquim Carvalho. Do Rui, com quem nunca trabalhei no basquetebol, mas que viria a conhecer ao longo do meu percurso de vida e da modalidade e me habituei a idolatrar pelo que ele representou para mim enquanto jovem, vi das coisas mais deliciosas quanto à arte de lançar ao cesto. Lançava e metia de todo o lado. Literalmente de todo o lado, até de perto do meio campo, se possível fosse. O Rui, além de ter sido simplesmente genial, leva a que as minhas recordações de criança recordem dois momentos fantásticos. Um jogo na Figueira da Foz, ante o então poderoso Ginásio Figueirense, em que nos sagramos campeões no último segundo, e uma final four no antigo pavilhão de Alvalade dois fins-de-semana consecutivos, o Rui 'pintou a manta' e ajudou o Sporting CP a sagrar-se igualmente campeão nacional. Era realmente inolvidável, este grande Leão, o jogador com mais títulos conquistados na História do nosso basquetebol.

Já de Joaquim Carvalho, o nosso "monstro das balizas", esse não tive oportunidade de o ver jogar, mas felizmente tive o privilégio de com ele ter estado a trabalhar no futebol juvenil do Sporting, e aprendi tanto sobre si. Dos momentos na baliza do Sporting, do trajecto na conquista da Taça dos Vencedores das Taças, de estórias deliciosas de alguém que foi um campeão nos campos e na vida. Genuíno, e com quem tenho momentos tão engraçados, que seria impossível neste espaço contar todos. De vozeirão imenso, mas de coração de ouro. Aquele que foi o primeiro treinador de guarda-redes de Rui Patrício no nosso Clube, e a quem previu uma carreira de sucesso. Era amigo de todos os meninos, que por ele tinham uma estima imensa. Até sempre Míster, era assim que eu o tratava.

Caíram estes dois Leões de juba alta. Que fizeram parte indelével da nossa História bonita. Que o Rui e o Carvalho, onde estiverem, descansem em paz. Porque nós, por cá não os esqueceremos. Foram grandes. Serão Eternamente enormes. Os cestos e as balizas choram por eles.