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Sai um processo para a mesa do fundo…

Por Jornal Sporting
22 Mar, 2018

Editorial do Director do Jornal Sporting na edição n.º 3668

A solidariedade é um gesto nobre. Como já aqui relatámos, Gelson Martins, ao ver um amigo numa situação difícil, quis manifestar-lhe o seu apoio. Decidiu num jogo tirar a camisola e exibir uma mensagem de fraternidade na celebração de um golo, tendo o árbitro consequentemente lhe exibido um segundo cartão amarelo e a respectiva ordem de expulsão. 

Trago de novo este episódio para realçar que por mais nobres que sejam os nossos gestos, estes, em determinadas circunstâncias, têm inevitáveis consequências. 

A propósito, a recente solidariedade e confiança renovadas pela administração do Benfica no seu representante e director jurídico, Paulo Gonçalves, poderá ser também, para alguns, um gesto a enaltecer. No entanto, este não deixará também de ter, em função do próprio desfecho do caso “e-toupeira”, as respectivas consequências. A atitude unânime e cúmplice de manter Paulo Gonçalves terá, caso se provem as gravíssimas acusações, consequências directas tanto para a Direcção como para o próprio clube da Luz. Isto porque se tornaram consciente e solidariamente responsáveis ao caucionarem todas as suas condutas.

Ainda a propósito daquela decisão, vieram a público notícias contraditórias sobre as verdadeiras razões de o Benfica ter mantido Paulo Gonçalves. Esta poderá não ter sido apenas por solidariedade dos seus pares, mas por uma eventual insinuação daquele poder vir, caso o deixassem cair, a transformar-se numa espécie de “garganta funda”, revelando alegadamente informação altamente comprometedora. 

Tem sido, no mínimo, curiosa a posição mantida, sem dúvida coerente, relativamente a outras figuras secundárias do Benfica, que debaixo dos holofotes mediáticos, dos “e-mails” e da justiça, continuaram e continuam a merecer a confiança dos dirigentes encarnados. Veja-se as tribunas de propaganda que dispõem nos media, em Guerra permanente. Provavelmente fica a dever-se a um eventual receio similar àquele que supostamente poderá estar na base de manter Paulo Gonçalves. 

Como trememos de medo face às ameaças persecutórias dos responsáveis da Luz de instauração de processos judiciais, face a tudo o que se diz, ou que se possa dizer e suspeitamos mesmo, sobre aquilo que se possa pensar, vamos ficar por aqui. Mas não sem antes deixar um alerta, as ameaças estão a ser disseminadas em larga escala, nomeadamente em programas televisivos. Em directo, um representante vermelho tentou condicionar toda e qualquer intervenção, com a consequente limitação da liberdade de expressão, dos restantes intervenientes em debate, seguindo a máxima “em Guerra vale tudo”, mas isto são pormenores que não interessam, pois não? A ERC, Sindicato dos Jornalistas e o CNID terão por certo a resposta…

Ouve-se por aí dizer que o Gabinete de Processos (ou será de Crise?) está activíssimo, ao que parece, por serem premiados em função do número de processos instaurados. Têm já alegadamente na mira administradores de um grupo de comunicação social, jornalistas, blogers e simples cidadãos. Foi mesmo noticiado que o clube da Luz terá processado um blogue por violação de segredo de justiça, por este ter citado fontes abertas que até identificou correctamente como mandam as boas práticas jornalísticas, sem a tal estar vinculado. Perante isto, ainda afirma o líder encarnado que a paródia acabou?

Enquanto o Gabinete de Processos (ou de crise?) se entretém em atirar em tudo quanto mexe, tendo o mérito de estimular a economia pelo volume de trabalho que proporciona, não descura a sua principal missão, a actividade propagandística. Para tal, segue uma estratégia clássica mas potenciada pelas redes sociais. O processo é simples, um jornal amigo dá noticia de capa, esta é citada por outros media e vai-se transformando e ganhando vida própria nas redes sociais.

Como se sabe as “fake news” proliferam nas redes, com a veracidade e credibilidade das fontes a não serem tidas em conta. Segundo Sinan Aral (autor de um estudo sobre o twitter e professor da Escola de Gestão de MIT Sloan), as histórias falsas no Twitter são 70% mais propensas a serem partilhadas do que as verdadeiras, afirmando que, no estudo, "a grandeza da enorme diferença na velocidade, amplitude, (e) profundidade com que as notícias falsas se espalharam em comparação com a verdade foi surpreendente” ou seja,  "uma mentira pode viajar meio caminho à volta do mundo, enquanto a verdade está colocada nos seus sapatos".

Boa leitura!