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Incrédulo e indignado

Por Jornal Sporting
10 maio, 2018

Editorial do Director do Jornal Sporting na edição n.º 3675

Camões pediu às Tágides, as ninfas do rio Tejo, inspiração para escrever os Lusíadas, obra que, como se sabe, glorifica os feitos dos Portugueses. O Pavilhão João Rocha, por seu lado, veio inspirar e glorificar os feitos dos Sportinguistas. 

Em cinco dias conquistou-se na Casa das Modalidades o título de campeão nacional de voleibol, na passada semana, e, no último domingo, juntou-se-lhe o bicampeonato em andebol. Como curiosidade, ambos os jogos tiveram um condimento especial, uma vez que pela frente tivemos os nossos eternos rivais da 2.ª Circular. 

Os festejos no Pavilhão João Rocha, no entanto, não se ficaram por aqui. Tratou-se de um domingo de “BiCampeões”, uma vez que, ao intervalo, houve ainda oportunidade de aplaudir outras bicampeãs que exibiram o troféu acabado de conquistar.

Falamos das nossas Leoas do futebol feminino que, horas antes, no Estádio José Alvalade, após o regresso da modalidade ao Clube na época passada, voltaram a erguer, pela segunda vez consecutiva, o troféu de Campeão Nacional, depois de terem levado de vencida a aguerrida equipa do Valadares, que lutou bravamente e dignificou ainda mais a nossa vitória. 

Por tudo isto, é natural que, para evocar estas conquistas, a escolha recaia sobre a Marcha do Sporting, ainda mais porque Maria José Valério foi também ela aniversariante neste dia de bicampeonatos. Parabéns a Maria José Valério e aos nossos Campeões e Campeãs! “Rapaziada ouçam bem o que eu vos digo e cantem todos comigo, VIVA O SPORTING”!

Mas, infelizmente, nem todas as celebrações podem ser uma festa. No passado dia 7 de Maio, Dia do Leão, foram evocados, uma vez mais, todas as Leoas e Leões que pereceram com o nosso símbolo ao peito. Na Praça Centenário, com presença dos líderes máximos do Clube, acompanhados de outros membros dos órgãos sociais, representantes das modalidades, dirigentes, treinadores, atletas, GOA’s e familiares das vítimas, e após uma intervenção do Presidente do Conselho Directivo, foi colocada uma coroa de flores e respeitado um minuto de silêncio que, em bom rigor, foi um minuto de palmas muito sentidas. 

Foram recordados muitos Sportinguistas, entre eles, as vítimas da queda do varandim naquele fatídico 7 de Maio de 1995, na 31.ª jornada da época 94/95, em que o nosso Clube recebeu o FC Porto. Mas também Rui Mendes, assassinado com um very light na final da Taça de Portugal em 1996, bem como Marco Ficini, barbaramente assassinado na época passada na véspera do dérbi em Alvalade, frente ao Benfica. 

Se há causas diversas para o desaparecimento dos Sportinguistas do mundo terreno, há uma que não podemos esquecer para que nunca mais se repita: O assassinato! E este, infelizmente, já aconteceu por duas vezes. Nada pode justificar que se roube a alguém o bem mais sagrado da humanidade: A vida!

Também por isto, a nossa indignação é extrema. Sentimos mesmo muita dificuldade em exprimir por palavras o acto ignóbil, indecoroso, sórdido, hediondo, perpetuado pelos adeptos do Benfica, clube que afirma não ter claques. Durante o último dérbi em Alvalade (0-0), no passado sábado, aquelas criaturas, não sabemos como as apelidar, entoaram um cântico vangloriando-se pela morte cruel que infringiram ao malogrado Marco Ficini. Aqui não se trata, nem se pode tratar, de clubites, nem de rivalidades por mais acesas que elas sejam. Nada pode justificar esta sórdida e criminosa acção. 

Estive em Orentano, nas cerimónias fúnebres de Marco Ficini, representando o nosso Clube. Conheci os seus familiares, vi os seus amigos, os seus concidadãos, o seu sofrimento…

O que se passou no passado sábado, ultrapassou tudo aquilo que pode ser admissível numa sociedade livre e democrática. Por tudo isto, questiono directamente os órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica no seu conjunto, e cada um dos seus membros individualmente, o que têm a dizer sobre isto? Quem se demarca e condena? Ou continuarão a ser criminosamente cúmplices pelo silêncio e omissão? 

Interpelo directamente o Governo da República Portuguesa; o Parlamento, nomeadamente a Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias; o IPDJ; a FPF; a Liga; o Conselho de Disciplina e o Ministério Público: O que vão fazer? É que, seguramente, todos vêem, ouvem e lêem, e por isso basta de ignorar!

Boa leitura!