Programa de captação de talentos na Índia é a mais recente acção dos 'leões'

Olhando para o mapa mais acima nesta página, é quase inevitável o imaginário escapar-nos para o século XV e para a era dos Descobrimentos. Bom, não é exactamente disso que se trata, mas, tal como os aventureiros que se lançaram mar afora há mais de 500 anos, também o Sporting quer colocar o seu nome nos mais diversos pontos do Globo e expandir-se territorialmente. Já não certamente em caravelas mas com o mesmo espírito aventureiro (no bom sentido), ambição e visão. 

A ‘embarcação’ ‘leonina’ parou recentemente em águas indianas, a convite da empresa Proforce, no âmbito das relações que o Sporting mantém pelo Mundo. “É uma empresa composta por três ex-militares, capitães do exército indiano, que tinha já ‘know-how’ na organização de eventos e que neste momento tem a seu cargo cerca de duas mil crianças em vários desportos, mas quiseram evoluir para o futebol”, explica Bruno Mascarenhas, vogal da Direcção para a Expansão e Núcleos. E como evolução e futebol rimam com Sporting, a ‘start-up’ indiana contactou os ‘leões’ no âmbito de um programa, Dream Chasers, que visa a formação de jovens futebolistas daquele ponto do Globo, com o cunho da formação ‘verde e branca’.

O projecto inclui uma acção de recrutamento que começa nos dias 9 e 10 de Abril e abrange dez cidades indianas. O grupo inicial é composto por 30 mil crianças dos oito aos 14 anos, passa para três mil numa segunda fase para serem seleccionadas as 50 melhores no momento seguinte do processo. Atingido este número de potenciais atletas, o Sporting desloca-se à Índia para fazer o derradeiro filtro – ficam 15, que vão serão alojadas numa escola de formação em Kolhapur – onde se pretende que esteja em permanência um técnico do Sporting – para treinarem e estudarem em simultâneo. Ao fim de um ano, passarão um mês na Academia Sporting, em Alcochete. “O Sporting tem interesse nesta relação, porque o mercado indiano ainda tem muitos aspectos organizacionais e técnicos por desenvolver. O Sporting pode ser uma mais-valia e deixar a sua marca num país que está ávido de gente especializada para ajudar”, esclareceu ainda Bruno Mascarenhas.

Sunil Chhetri, jogador ‘leonino’ em 2012/13 e hoje capitão da selecção indiana, aos 31 anos, vai ser embaixador do programa, atestando a qualidade da formação do Clube. “Quando fui para o Sporting tinha 26 anos e  um acordo de quatro anos, mas fiquei sete meses e apenas joguei seis jogos. Estava a melhorar e a desfrutar da minha experiência lá, nos treinos, com os outros jogadores”, referiu Chhetri na cerimónia de apresentação da iniciativa à imprensa. “Tínhamos uma grande equipa mas os jovens com quem jogava tinham 17, 18 e 19 anos e eu 26. Quem me dera ter 16-17, teria ficado os quatro anos”, acrescentou.

Este programa é apenas uma parte da estratégia de expansão da marca Sporting pelo Mundo. “O objectivo é expandirmos a nossa marca e o nosso ‘know-how’, alavancando-nos na formação, onde somos uma marca de excelência a nível global”, adiantou Bruno Mascarenhas. A estratégia de expansão ‘leonina’, explica ainda o responsável, assenta em duas vertentes: a abertura de Escolas Academia Sporting e a parceria com clubes. Na primeira, estão já em funcionamento as Escolas Academia Sporting (EAS) de Toronto (nesse âmbito a Academia Sporting já recebeu um jovem talento de 11 anos, Lucas), as de Rustenburg, na África do Sul, e de Malabo, na Guiné Equatorial; a de New Jersey já está a operar como Lar dos Leões, faltando-lhe receber o novo ‘naming’; e está ainda prevista a abertura de mais uma EAS em Angola (Viana) e em Cabo Verde (Praia). Paralelamente, o Clube vai prestar apoio técnico a dez escolas públicas chinesas que vão investir no futebol no seu ensino. Em relação à parceria com clubes, o Sporting assinou protocolos com os americanos do New England Revolution, com os luxemburgueses do Dudelange F91 e com os angolanos do 1.º de Agosto, que pressupõe a ligação entre clubes na vertente técnica, na troca de jogadores, no scouting e até na área comercial.