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De pequenino joga o Leão

Por Pedro Almeida Cabral
29 Out, 2020

Ver que o Pólo EUL tem condições recentemente melhoradas é merecedor de elogio. Trata-se de um trabalho invisível, porém fundamental para que o Sporting CP continue a reter e a acompanhar talentos desde tenras idades

Cresci num mundo que já não existe. Em plena Lisboa, jogava-se futebol na rua de manhã à noite. Qualquer estrada ou beco servia. De pedras e postes de electricidade, faziam-se balizas. De remates desajeitados, grandes golos. E de acasos geográficos, embates titânicos, como a rua de cima contra a rua de baixo. Todos os dias giravam à volta da bola e chegados a uma idade maior (pelos 12 anos que, nesses tempos, já era considerável), vinha a vontade de ir aos treinos do Sporting CP tentar a sorte. Afinal, não era assim tão longe de onde morávamos. 

Lá íamos, muito animados por poder treinar com bolas oficiais e tentar reproduzir, movimento por movimento, aquela célebre jogada que deu um golo que levantou toda a rua. Claro que nada corria como esperado. Mas a emoção de ir ao campo pelado de Alvalade, ao lado do antigo estádio, e fazer um treino orientado era inesquecível. Ensaiar desmarcações, bater penáltis, calçar chuteiras velhas e levar para casa as pernas escalavradas da terra batida do pelado tinha um encanto sem igual. Infelizmente, no que a mim diz respeito, o futebol não estava ainda preparado para uma visão técnica tão apurada. Pior para o futebol, obviamente.  

Nem só da condição de Sócio ou adepto vive o Sporting CP. As memórias do jogador de futebol que podíamos ter sido acompanham-nos uma vida. Tudo mudou desde as minhas futeboladas de rua. Agora, os treinos dos mais jovens já não começam ao lado do estádio, mas sim no Pólo EUL, na Cidade Universitária, onde se iniciam muitos dos nossos actuais jogadores da formação. Actualmente, temos lá cerca de 150 jogadores, que têm uma formação de raiz, completa e variada, que procura também passar os valores de integridade do Sporting CP. É isso que explica que tantos que se iniciam aqui cheguem mais longe e estejam na equipa B, na equipa sub-23 e até na equipa principal.

Ver que o Pólo EUL tem condições recentemente melhoradas é merecedor de elogio. Trata-se de um trabalho invisível, porém fundamental para que o Sporting CP continue a reter e a acompanhar talentos desde tenras idades. É sempre um gosto passar por lá e ver Leõezinhos de verde e branco a dar os primeiros pontapés em bolas oficiais e saber que, hoje em dia, as condições de evolução dos miúdos são bem melhores do que as que havia no meu tempo. Quem sabe se os próximos Nuno Mendes, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Joelson ou Tiago Tomás não estão já lá a treinar!