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Foto César Santos e José Cruz

Aguenta, coração (de leão)...

Por Jornal Sporting
27 Fev, 2018

Gelson Martins apontou o único golo da partida frente ao Moreirense já em período de descontos (1-0)

Agridoce. Adjectivo de dois géneros. 1. Amargo e doce ao mesmo tempo; 2. Figurado que causa ao mesmo tempo tristeza e alegria. Tendo em conta a explicação sempre produtiva da Infopédia, podemos dizer-lhe, caro leitor, que este foi o sentimento expresso por qualquer Sportinguista após o triunfo suado do Sporting CP frente ao Moreirense (1-0), já em período de descontos.

Ora atente no minuto 92': imperava o nulo no marcador, com muitos nervos à mistura, dentro e fora das quatro linhas, prolongando-se até às bancadas, quando Gelson Martins, assistido pelo jovem Rafael Leão, conseguiu finalmente bater o guardião Jhonatan, a 'muralha' do outro lado da 'força'. Explosão (natural) de alegria em Alvalade, que foi palco da 24.ª jornada da I Liga, embora, lá está, com um sabor agridoce.

É que o jogador leonino, consumido pela emoção de ter marcado o golo da vitória no último suspiro da partida (11.º remate certeiro esta temporada), tirou a sua camisola de jogo durante os festejos, de forma a homenagear o amigo Rúben Semedo, o que motivou a sanção de um cartão amarelo e, consequentemente, o vermelho, uma vez que já era o segundo daquela cor. Uma expulsão desnecessária (a primeira da carreira), diga-se de passagem, já que o retira do clássico da próxima sexta-feira frente ao FC Porto (25.ª ronda), que se perfila como um dos embates mais importantes da época.

Rapidamente a alegria do segundo triunfo consecutivo somado em período de descontos e em inferioridade numérica (dez jogadores), uma vez que o árbitro da partida, Tiago Martins, decidiu expulsar (mal) Petrovic aos 61' - não se percebe a atribuição do segundo cartão amarelo (?) -, deu lugar à tristeza. E assim o herói passou a vilão, de forma inglória. De resto, o embate acabou por ser um deja vu da visita anterior ao Tondela: muita garra de leão e 'descontos' impróprios para cardíacos.

Uma Petit 'revolução'

Sem margem de erro frente à ameaça do Moreirense (1-1 em Moreira de Cónegos), apesar do último lugar da tabela classificativa, e tendo em conta um boletim clínico caótico (William Carvalho, Fábio Coentrão, Ristovski e Palhinha estiveram ausentes devido a um síndrome gripal), o míster Jorge Jesus decidiu operar uma 'revolução' no onze inicial. Battaglia ocupou o lado direito do sector mais recuado (Piccini tem uma lesão muscular), assim como Acuña se encostou à esquerda, e Petrovic assumiu a posição seis. Na frente de ataque, Bas Dost, a contas com um problema na face posterior da coxa direita, deu o lugar a Doumbia, apoiado pelo fiel escudeiro, Montero.

Já Petit, o técnico adversário, optou, como é hábito, por uma frente móvel, sustentada por pontuais trocas posicionais e as transições rápidas inerentes ao seu estilo de jogo. Com tantas 'mexidas', as duas formações demoraram cerca de 20 minutos a 'conhecerem-se'. Após a natural fase de estudo, o ritmo aumentou e os leões começaram a criar oportunidades. Com a lateral esquerda a fazer lembrar uma 'via verde', no bom sentido, claro, Acuña e Bryan construíram os melhores lances da primeira parte. Aliás, foi o costa-riquenho quem isolou num primeiro momento Bruno Fernandes, que falhou (por muito) o alvo, e assistiu depois André Pinto, sem a pontaria desejada.

A subida de rendimento do Sporting acabou por eclipsar a estratégia contrária, que se fez valer em muitos momentos da infeliz matreirice do anti-jogo - começa a tornar-se uma constante. No reatar da partida, após o intervalo, os cónegos, que tentavam a todo o custo colocar a bola em zonas avançadas, ainda chegaram ao golo, prontamente invalidado pelo vídeo-árbitro (VAR). Como a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima, as imagens provaram a irregularidade no lance, protagonizada pela mão de Bilel (52').

Descontos de 'perder a cabeça'

Com a incerteza no marcador a gerar nervosismo e, sobretudo, muita ansiedade, os comandados de Jorge Jesus até podiam ter chegado mais cedo ao golo, não fosse a falta de eficácia de Gelson Martins ou Doumbia ter 'atrapalhado' em zonas de finalização. Em sentido inverso, Rui Patrício calçou as luvas de super-herói para defender de forma magistral um desvio à queima-roupa, já dentro da área, do central André Micael (56').

Se as coisas já estavam difíceis, pior ficaram quando Petrovic foi 'obrigado' a abandonar, como lhe explicámos no início, o terreno de jogo. A jogar com menos um, valeu a raça de um leão ferido, que teima em seguir o seu caminho contra tudo e contra todos. Mesmo que mais com o coração do que com a cabeça, como viria a comprovar Gelson Martins na parte final, o Sporting deu mais uma prova de vida no campeonato. É até à última gota de suor!