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As bases estão lançadas

Por André Bernardo
28 Jan, 2021

“Sejamos luta quando for preciso, E arte quando for a hora, Mas sempre ‘Sporting’”

Taça da Liga

No passado sábado, horas antes da final da Taça da Liga, recebi de um amigo, praticante de capoeira, uma SMS com o seguinte texto: “Sejamos luta quando for preciso, E arte quando for a hora, Mas sempre ‘Sporting’”. A frase original refere-se à “capoeira” e não ao “Sporting”, mas dizia ele que achava que a mesma representava na perfeição o espírito desta equipa dentro de campo e os valores que representa e pelos quais se guia fora dele. 

Não posso estar mais de acordo e penso que a frase tem a virtude de conseguir espelhar, de forma sublime e em poucas palavras, aquilo que tem sido o equilíbrio entre os momentos de luta e arte que esta equipa tem sabido demonstrar.
 
O jogo contra o CD Nacional, que nunca devia ter sido jogado, foi o apogeu da capacidade de luta “física” desta equipa. A meia-final contra o FC Porto, o epítome da luta de “espírito” de quem nunca baixa os braços, e que culminou com a “arte” de Jovane a fazer dois golos. 

A final contra o SC Braga teve os dois bem doseados ao longo do jogo e culminou com a merecida e justa conquista da nossa terceira Taça da Liga.  
São também três as Taças que o Sporting CP já conquistou na era pós-Alcochete em menos de dois anos e meio, mas, acima de tudo, queria destacar que neste período conseguimos lançar as bases para o futuro do Clube e esta é uma Taça made in Sporting.

Made in Sporting. Foram seis os jogadores do Sporting CP pertencentes à formação num plantel com 12 jogadores com menos de 23 anos, seis iniciaram a final como titulares, três deles são ainda juniores. 
E esta Taça é especialmente saborosa precisamente porque é o selar com Glória de um caminho trilhado também ele entre a luta e a arte na implementação de um modelo que passou, entre outras coisas, pela reconstrução da Formação, com a adopção de um modelo inovador centrado no jogador e num investimento em recursos humanos e físicos para oferecer as melhores condições possíveis à concretização do mesmo. 

As bases estão lançadas

Antes de atravessar o Rio Rubicão, Júlio César terá hesitado antes de proferir a frase Alea Jacta Est – “a sorte está lançada” –, que ficaria célebre por significar “uma decisão enérgica e grave, geralmente irreversível, depois de se ter hesitado muito”*.
Ao contrário de Júlio César não hesitámos na decisão de apostar na Formação, assim como não hesitámos na execução dos restantes eixos estratégicos que definimos e que estão em curso. Mas é importante realçar várias coisas. 

A primeira é que antes de eles se tornarem visíveis há um trabalho invisível que tem de ser feito e que não tem necessariamente efeitos imediatos. 

A segunda é que nenhum modelo é imune ao seu contexto e, deixando de fora uma série de condicionantes que poderia referir, continuamos em pandemia e perante uma das maiores crises de sempre. 

A terceira é que um bom modelo é aquele que deixa as bases prontas para a sua própria adaptabilidade, capacidade de aprendizagem e resiliência a novos contextos inesperados. 

A última é que é bom ter sempre presente que este caminho não é irreversível e que estas bases podem ser facilmente destruídas se cairmos na tentação do imediato e quisermos queimar etapas. Mas aquilo que podemos dizer, com satisfação porque foi aquilo a que nos comprometemos, é que, com luta e arte as bases estão lançadas. 

 

* Definição do Dicionário Priberam de Língua Portuguesa.

 

Editorial da edição n.º 3804 do Jornal Sporting