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Foto César Santos

Vídeo-árbitro: como apareceu e como vai crescer

Por Jornal Sporting
21 Mar, 2018

O congresso The Future of Football reuniu representantes dos Estados Unidos, Alemanha, Portugal e do International Board para debater o desenvolvimento do vídeo-árbitro

A mesma metodologia, diferentes exemplos e implementações: foi este o mote da discussão no primeiro painel do congresso The Future of Football. Greg Barkey, director técnico da MLS, dos Estados Unidos, Florian Goette, responsável da arbitragem da Associação de Futebol da Alemanha, José Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e Lukas Brud, CEO do International Board, foram os oradores, à medida que Keith Hackett, antigo árbitro inglês de 73 anos, foi o moderador. Foram contados exemplos, apresentados dados e discutidas ideias: no fim, ganhou a plateia – e a decisão não precisou de vídeo-árbitro.

“Há quatro anos estive aqui a falar do futuro, da forma como poderíamos usar o vídeo para ajudar o processo de decisão dos árbitros. Aí, não pensei que a mudança fosse tão rápida no que toca às leis do jogo. À velocidade da luz, mais de 20 países passaram a ter o VAR. Tenho visto algumas mudanças globais e a entrada do VAR foi uma das maiores”, começou por dizer Keith Hackett, à medida que lançou a discussão. Um dos primeiros países a introduzir as tecnologias no futebol foi os Estados Unidos, e talvez por isso o primeiro a expor a sua experiência foi Greg Barkey. Com a ajuda de vários vídeos auxiliares – lá está: o papel da tecnologia! – o representante da MLS falou do processo de implementação do vídeo-árbitro.

“A nossa época começou há seis meses e começámos com o vídeo-árbitro. No início, tivemos boa imprensa. No entanto, foi importante educar os diferentes agentes: os adeptos, a imprensa, os clubes e os jogadores. Houve, por exemplo, uma pessoa responsável por clarificar as dúvidas que surgissem por parte dos envolvidos assim que os jogos terminavam e, ainda antes, efectuámos seis meses de testes ‘offline’, com treino da prática do VAR, torneios e jogos simulados”, explicou, adiantando que se perderam, em média, mais dois minutos por jogo. “O VAR funciona perfeitamente quando os árbitros são bons: nunca se reverteu uma boa decisão para uma má”, atirou, fazendo a ressalva: “Temos de entender que o VAR não vai eliminar todos os erros, vai apenas diminui-los”.

Já num contexto europeu, Florian Goette foi o primeiro a discursar. O alemão falou nalgumas dificuldades iniciais (apesar de não o ter mencionado, o responsável pelo vídeo-árbitro na Alemanha foi despedido por alegadamente favorecer o Schalke 04) e explicou como foi possível ultrapassar essas questões inerentes à introdução da tecnologia no apoio à arbitragem. “Acredito que a forma como introduzimos o processo e como o comunicámos, através da imprensa, com os adeptos e todos os elementos relevantes no futebol, foi importante para a implementação e a aceitação do VAR na Alemanha. O objectivo é interferir o menos possível e, neste momento, a média é de uma revisão por cada três jogos, sendo gasto em média um minuto por interferência”, disse.

No final da sua intervenção, Florian Goette falou do futuro e da forma como o mesmo pode passar por introduzir outras ferramentas para comunicar melhor o vídeo-árbitro com os adeptos, ideia que José Gomes revelou ir ser estudada em Portugal no futuro. O presidente do Conselho de Arbitragem sublinhou o sucesso do vídeo-árbitro, revelando, como na MLS, que foram tomadas muitas medidas para esse mesmo êxito. “Este projecto tem tido bastante sucesso, embora nem sempre como queríamos, mas estamos num bom caminho e temos feito tudo o que está ao nosso alcance para melhorar a experiência com esta ferramenta. Desde o início houve os primeiros workshops, houve treinos, jogos simulados e formação a todos os clubes da primeira divisão e aos media. Continuamos com essa formação aos árbitros três dias por semana. É um trabalho contínuo e que a FPF não deixará de fazer”, esclareceu, dizendo que na Liga NOS houve 243 jogos com VAR e 1493 lances visualizados, 79 revisões e 57 lances revertidos.

Por fim, Lukas Brud, do International Board, mostrou um vídeo com vários números e declarações dos intervenientes, esclarecendo simultaneamente algumas dúvidas da plateia, inclusive do Presidente Bruno de Carvalho, ao qual assegurou que cabe às federações de cada país os detalhes da implementação do VAR. “A comunicação e a educação foram aspectos importantes na introdução desta mudança, e foi uma das coisas em que nos focámos. Claro que não foi tudo perfeito – nunca nada o é na fase de implementação”, disse, esclarecendo, sobre as limitações que os estádios apresentam: “Mais importante do que o número das câmaras, é a posição das câmaras”.