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Manel

Por Pedro Almeida Cabral
06 Jun, 2023

Em tempos que parecem já passados, corria desabridamente pelas redes sociais um chavão orgulhoso e vazio que parecia tornar obrigatório ao adepto Sportinguista não ter ídolos. Era o tristemente famoso “zero ídolos”. Os inconscientes que lançaram esta moda apagavam alegremente mais de um século de paixão clubística. Um clube sem ídolos não é um clube, é um amontoado de Sócios. Felizmente, o centenário Sporting Clube de Portugal tem uma imensa galeria de ídolos que resiste facilmente a estas efémeras modas. Um dos ídolos que mais contribuiu para a mística Leonina foi Manuel Fernandes, o nosso Manel.

Todos os que cresceram nos anos 80 se recordam da esguia e morena figura a marcar golos em catadupa. A facilidade com que fugia às marcações e metia a bola na baliza era assombrosa. Em 12 temporadas de Leão ao peito, ofereceu-nos 257 golos marcados em 433 jogos oficiais. É, até hoje, o segundo melhor marcador da história do Clube, atrás de Peyroteo. Foi largamente responsável pela conquista de dois Campeonatos Nacionais, duas Taças de Portugal, duas Supertaças (uma como treinador) e pela inesquecível tarde em que ganhámos 7-1 ao SL Benfica, em Dezembro de 1986. Como se tudo isto não bastasse, o seu amor ao Clube e o seu intenso Sportinguismo pautaram toda a sua carreira desportiva. Preferiu sempre o Sporting CP a rivais e marcou uma forma de estar no Clube que muito nos orgulha. Se há um ídolo vivo que devemos ter é ele.

Por isso, todas as homenagens que lhe podemos prestar são poucas. Foi com muita alegria e alguma comoção que vi Manuel Fernandes ser homenageado onde merece ser homenageado: em campo. No último dérbi, perante o SL Benfica, o nosso eterno Capitão desceu das bancadas para ouvir uma merecida ovação, que não se ficou pelos nossos Sócios e adeptos, contagiando também os rivais. E como todas as homenagens são poucas, o Clube disponibilizou recentemente uma camisola oficial com o seu nome. É assim que um Clube honra o seu passado e que assegura que tem um futuro. Sem memória nunca seremos nada. Agora que Manuel Fernandes recupera de uma operação, desejamos todos que o nosso Manel recupere rapidamente e nos brinde novamente com o seu sorriso de Leão matreiro, como quem marca mais um golo num Estádio José Alvalade em festa.