Filho de Gil sabe patinar
06 Jul, 2017
Pedro e Killyan. Diz-se que estão para o hóquei como o peixe para a água. Sem nunca largarem o stick, pai e filho falaram ao Jornal Sporting sobre a herança de família
Killyan nasceu com uns patins calçados. Gil, Killyan Gil, sinónimo de legado no hóquei, de quem tem de gostar de hóquei. Ironia das ironias: Killyan não adorava aquelas botas com rodinhas. “Quando ele era pequenino, tinha dois anos e tal, levei-o até à pista para lhe pôr os patins. Não quis. Começou a chorar”, contou Pedrito, como é conhecido no seu mundo. Sim, porque Pedro Gil não foi feito para o hóquei. Pedro Gil é feito de hóquei. Aos quatro anos e meio quando, por entre as sombras das ruas de San Sadurní d’Anoia (província de Barcelona), via os miúdos trocarem a bola de futebol pelos sticks quando se encaminhavam para a porta do pavilhão. “Vivia ao lado do recinto. Era só atravessar a estrada. Costumava observar os meninos a chegar com os sticks pendurados nos sacos. Na escola, também havia hóquei. Era o desporto rei no meu povo”, relatou o eterno número nove da selecção espanhola, dono de uma carreira ímpar. Estava escrito nas entrelinhas… filho de Gil tinha de saber patinar. E sabe.
Superada que estava a fase da negação, pois Killyan tem ar de quem não gosta que lhe imponham alguma coisa, foi o ‘aprendiz de feiticeiro’ a procurar o calçado que rejeitara em tempos. “Um dia, calçou os patins e foi sozinho. É normal, via-me a mim e ao tio. O interesse acabou por surgiu naturalmente. Nunca lhe pedi nada”, assumiu o pai, sob o olhar aprovador do 'discípulo', que actualmente já soma várias internacionalizações ao serviço da famosa La Roja (sub-17) com apenas 15 anos. Os genes trataram mesmo de desenhar o percurso de Killyan. Espanha, Itália e Portugal são alguns dos países de onde tem vindo a retirar diferentes ensinamentos, sempre guiado pelos passos de Pedro.
Há quem diga que muitos hoquistas profissionais têm inveja do seu currículo. Bem… pelo menos hão-de cobiçar o seu ‘professor’. “Comecei a gostar da modalidade porque é muito rápida. Depois, claro, via vários jogos do meu pai e adoro a técnica dele. Fui praticando nos vários clubes que ele representou: Noia [Espanha], Valdagno [Itália], Forte dei Marmi [Itália], Porto e, agora, Sporting. Em Espanha, ensinaram-me imensa técnica. Mais tarde, em Itália, principalmente aspectos tácticos. Finalmente, de Portugal, retirei a patinagem, porque se patina de forma excelente neste País. Gosto de estar no Sporting. Sinto uma grande diferença a nível individual comparativamente com a temporada passada”, revelou o ‘pequeno Gil’, carregado de independência na voz. Na verdade, esse é um conceito que lhe assenta que nem uma luva.