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Dialética difícil mas não impossível

Por Jornal Sporting
19 Jul, 2018

Editorial do director interino para a edição n.º 3685

Terminado o estágio de nove dias na Suíça, chegou a hora de regressar a casa para a contagem decrescente para a apresentação da equipa, a 28 de Julho, frente ao Marselha. A última peregrinação a Alvalade remonta ao longínquo 5 de Maio e é mais do que natural, em período de defeso, sentir aquela ressaca habitual dos fins-de-semana de privação. Ainda por cima, estreamos a nova Listada de homenagem a Peyroteo – exclusiva da equipa sénior –, um dos melhores exemplares concebidos dos últimos tempos, um verdadeiro item de colecção, recuperando o símbolo da melhor fase da história do futebol leonino.

Na entrevista que José Peseiro concedeu à Sporting TV durante o estágio e transcrita nesta edição, o novo técnico verde e branco admitiu que este novo desafio na sua carreira, depois de uma anterior passagem que levou o Sporting a disputar a final da (então) Taça UEFA em Alvalade (!), não será fácil. Teve, ainda assim, tempo para reflectir, "perceber o contexto e estabelecer metas". Peseiro compreendeu o momento que a equipa atravessa e definiu as prioridades: estabilidade, confiança e serenidade.

O sucesso, como ficou provado nas restantes modalidades, pode e deve basear-se na forma como o balneário vai enfrentando os diversos obstáculos que vão surgindo ao longo da época. Será precisamente a sensível gestão interna que ditará o caminho que a equipa irá percorrer, de acordo com as exigências do Clube, sendo esta a pedra de toque. O Presidente da Sporting SAD, Sousa Cintra, nunca escondeu, desde o primeiro dia em que a Comissão de Gestão – da qual também faz parte – assumiu funções, logo a seguir à Assembleia Geral que ditou a destituição do anterior Conselho Directivo, que independentemente do momento conturbado, o título de campeão é sempre o objectivo supremo nesta casa. José Peseiro confirmou isso mesmo na referida entrevista: "Promessas aos Sócios e adeptos? Podem esperar aquilo que o Clube exige". No entanto, vai mais longe e até, de certa forma, em prejuízo próprio: "É crucial os jogadores serem acolhidos no Estádio José Alvalade com o máximo apoio. Já nem digo o treinador. Acima de tudo está o Sporting".

Sem retirar espaço à crítica, assobiar ou apupar qualquer jogador que tenha a Listada vestida parece um contra-senso. Esta difícil dialética entre o apoio das bancadas e o rendimento das equipas no terreno de jogo poderia dar mais pano para mangas. Ainda assim, se há algo que mudou radicalmente nos últimos anos em Alvalade foi precisamente o crescimento exponencial do número de espectadores nos recintos leoninos. Dentro ou fora de casa, como por exemplo se viu nos últimos confrontos do campeonato de hóquei em patins, quer em Valongo quer mesmo em Oliveira de Azeméis, no jogo da consagração do título. No fundo, o ideal seria passar para Alvalade o extraordinário ambiente que se vive no Pavilhão João Rocha e que o tornou numa verdadeira fortaleza inexpugnável – não é exagero porque nenhum adversário lá passou com sucesso, no que a títulos diz respeito.

Uma última palavra para a comemoração do centenário do nascimento de Nelson Mandela, Sócio de Mérito do Sporting Clube de Portugal. É um privilégio incomensurável ter um nome desta dimensão associado ao nosso Clube, que recebeu oficialmente a 28 de Julho de 1997. A sua mensagem está recordada na última página desta edição e mostra como Mandela foi, ele próprio, a preconização  do lema leonino. Foi o seu Esforço na luta pelos direitos humanos, a sua Dedicação às causas que defendia e a sua Devoção que glorificaram o maior legado que podia deixar: a paz e a harmonia entre os povos.