A vida são momentos. Guardo-os todos, desde os bons aos menos bons da minha vivência Leonina. Mas no domingo passado, foi para mim muito mais do que um simples momento. Foi mesmo algo de sublime. Estive, como não poderia deixar de ser, a menos que uma grande contrariedade o impedisse, no Pavilhão João Rocha, naquele que é um local de culto... a nossa "casa das modalidades".

Recebi o convite para estar presente e não o poderia rejeitar de forma alguma.

Revi amigos que foram verdadeiras lendas da modalidade e que fizeram tanto a minha felicidade, a de um jovem de então que ia para a bancada do velhinho pavilhão de Alvalade e vibrava com eles. Quis o destino que mais tarde, por via de ter sido dirigente desde cedo, que o nosso caminho se cruzasse. Que honra sinto por isso. Que orgulho tenho de ter servido o Sporting CP. Faltou lá o meu "pai" Edgar Vital, entre outros. Mas a festa de homenagem à "minha" modalidade cruzou gerações. Das mais distantes às mais recentes. Nove Campeonatos nacionais, oito Taças de Portugal, duas Supertaças e duas Taças Hugo dos Santos simbolizam o palmarés do "Leão" no basquetebol, apesar dos dois interregnos, para mim incompreensíveis, que a modalidade teve no nosso Clube.

Se Chico Buarque estivesse no "João Rocha" teria cantado "Foi bonita a festa, pá". E foi. Tal como antes o havia sido no andebol, futsal, voleibol e hóquei em patins. 

Mas seria cínico e esse sentimento não faz parte do meu rol de defeitos, se não dissesse que o basquetebol mexe intensa e incontornavelmente comigo. Tanto que quando desci à quadra de jogo não evitei uma lágrima marota feita de emoção. Sentimento igual vi no rosto de verdadeiros campeões, os protagonistas da História.

O topo da nossa "Casa das Modalidades" está agora ilustrado com as conquistas de todas as modalidades de pavilhão. Uma História de sucesso que irá sendo actualizada. O nosso andebol foi a primeira modalidade a "obrigar" a aumentar o pecúlio e a fazer mexer nos pendões colocados no topo do pavilhão, com a brilhante conquista da Supertaça, depois de derrotar os nossos rivais FC Porto e SL Benfica, outras, inevitavelmente, o farão. Quero mesmo crer, até em função do nosso ADN, que iremos andar em permanente mudança, tal é a sede de vencer que existe no reino do "Leão". 

Dizer que é tão bom ser do Sporting Clube de Portugal é pouco perante tudo aquilo que ele nos proporciona. E a data de 17 de Dezembro de 2023 será mais uma que recordarei como um momento inolvidável. Foi tão bom estar com amigos que fizeram história. Foi tão bom ver de regresso a "casa", porque a história não se apaga, verdadeiras referências da modalidade. Desde os que vestiram apenas a camisola com o símbolo do Leão, até aos que, como por exemplo, Carlos Lisboa, regressou a "casa" 41 anos depois, ou Travante Williams, que veio de Espanha para esta homenagem, numa demonstração de amor e sobretudo gratidão ao nosso Clube. 

Está, pois, cumprido um desígnio deste Conselho Directivo, personificado no homem que respira Sporting e o seu eclectismo por todos os poros, o vogal e meu amigo Miguel Afonso. Quando se tem uma História destas ela não só se deve dar a conhecer, ainda para mais com a presença dos Homens que escreveram a letras de ouro, como uma certeza existe. A mesma não se apaga. E quão bela ela é! 

P.S - Que melhor forma tinha o futebol, mas também o andebol, o hóquei em patins, o futsal e o basquetebol que não a de passarem o Natal a liderar os seus campeonatos. Sem fazer futurologia, os indicadores são muito positivos.