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Equipa que ganha não mexe, mesmo 45 anos depois

Por Jornal Sporting
07 Abr, 2016

Reportagem no Jornal Sporting sobre equipa campeã de basquetebol nos anos 70

Diz-se por norma no futebol que equipa que ganha não deve mexer, acreditando que repetir a fórmula aproxima o resultado de ser o mesmo. A certo ponto, antes de se iniciar o almoço de reunião das antigas basquetebolistas ‘leoninas’ no centro comercial Alvaláxia, Catarina Saramago, ex capitã de equipa, contava ao Jornal: “Sem dúvida de que o nosso bom ambiente foi a chave para o sucesso que tivemos. Tínhamos muita garra. Aquilo que vê aqui hoje é o reflexo do que fomos”, diz, apontando para a mesa onde se encontravam as suas colegas, como que a pedir que fossemos nós a tirar as conclusões acerca da atmosfera presente. E era fácil: ali, 45 anos depois, ainda se percebia bem o porquê de se mencionar a união como um dos principais factores para o sucesso daquela equipa.

Carlos Manuel Rosa, então treinador da equipa, teve também um papel essencial no alcançar das metas propostas. Quando chegou, colocou como imposição o aumento do número de treinos de duas sessões semanais para treinos diários. “Hoje há equipas de juniores, juvenis e por aí fora e quando as jogadoras chegam aos seniores já têm a formação toda feita. Na altura não havia nada. Daí eu força-las a treinar diariamente, trabalhar muito. Elas concordaram porque eram ambiciosas, como eu”, afirmou, prosseguindo acerca das dificuldades que existiram: “Os treinos eram às 20h, algumas moravam fora de Lisboa e só pela meia-noite chegavam a casa. A maneira como treinavam, sem condições, com amor à camisola… Há uma diferença abismal para o que se faz hoje”, confidenciou.

No mesmo sentido, Isabel Pratas, uma das pivots da equipa, aponta também o treino e o trabalho do seu técnico como a mudança fulcral na quase profissionalização da equipa e consequentes resultados positivos daí conseguidos: “Na altura foi uma mentalidade nova. Passar de dois treinos por semana a treinos diários fez-nos elevar o nosso nível competitivo e técnico. Foi essencial. O que levou ao nosso sucesso foi o querer. O gostar de jogar, o gostar de competir”, explica. Acerca do treino, Catarina recorda a dureza dos mesmos, mas também os efeitos positivos: “Quando era para treinar, treinávamos a sério. Lembro-me de subir as bancadas do antigo estádio com pesos nos pés. Havia outra cultura de exigência. Para mim, de todos os treinadores que tive, o Carlos Manuel foi o melhor que tive”, explica a capitã de equipa.

Tanto as jogadoras como o próprio treinador da equipa acabaram por concordar, à margem do almoço em que se reuniram, que o trabalho ostensivo que desenvolveram acabou por construir também um espírito de camaradagem que se mostrou fulcral e, sobretudo, inabalável – é que, 45 anos depois, ainda se percebia ao ver e ouvir a força das ligações entre todas as jogadas e sua equipa técnica.