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Vítor Damas, uma figura inesquecível

Por sporting
13 Set, 2013

Faz esta sexta-feira 10 anos que partiu uma das maiores figuras da história do Sporting.

Faz esta sexta-feira 10 anos, como o tempo corre, que partiu Vitor Damas. Tinha com o Vítor alguma cumplicidade, sobretudo cimentada quando regressou ao Sporting, em 1984. Tínhamos nascido no mesmo ano, a que apelidávamos, com ele e com o Carlos Lopes, por brincadeira, de ser ano de boa colheita. Tentávamos «matar o tempo» da melhor forma, nos estágios. Foi nessa altura que me dispus a fazer, no departamento de futebol, um levantamento e contagem do número de jogos de todos os jogadores que haviam passado pelo futebol do Sporting, recorrendo aos elementos disponíveis nas fichas existentes, e daí ter concluído que o Vítor Manuel Afonso Damas de Oliveira, que «nascera» para o futebol «leonino» num daqueles torneios de futebol de salão que, no Verão, se disputavam no campo de basquetebol da Rua do Passadiço, disputara o seu primeiro encontro pelo Sporting, com 14 anos de idade, a 4 Fevereiro 1962, contra o Palmense, a contar para o Campeonato Distrital de Principiantes e com vitória por 1-0. Nesse ano, juntamente com o João Barnabé, foi campeão nacional daquela categoria e em 1964/65, campeão nacional de juniores, sendo José Travassos o treinador. Após contagem aturada, apurei quantos jogos havia efectuado nos escalões de formação e na equipa principal, e foi assim que, quando atingiu os 700 jogos, foi possível ser distinguido com uma placa a assinalar tal feito. Ainda iria disputar mais 43 jogos até à sua última partida, com 41 anos, a 27 Novembro de 1988, no Estádio do Fontelo, em Viseu, contra o Académico de Viseu, com um empate (2-2). Vítor Damas terminou assim a carreira tal como a tinha iniciado, envergando a camisola «leonina». Para assinalar tal cometimento, o Sporting Clube de Portugal distinguiu-o, na tarde de 6 Abril de 2003, com a entrega de uma salva que perpetua esse, quanto a mim, inatingível feito nos dias de hoje, uma linda homenagem, com a presença de muitos antigos colegas, após ter subido o túnel de acesso ao relvado, como tantas vezes fizera. Vítor Damas foi um dos mais extraordinários guarda-redes portugueses de sempre: intuição, leveza, agilidade e reflexos eram predicados que alimentavam a espectacular presença de Vítor Damas na baliza, sobretudo os seus fantásticos reflexos, que lhe permitiram criar um estilo irrepetível, que arrebatou multidões e ajudou gerações a gostarem ainda mais de futebol e do Sporting. Era um espectáculo dentro de outro espectáculo! Durante mais de 20 anos foi o jogador do Sporting com maior número de participações nas competições europeias de clubes, 52. Orgulhava-se de ter sido campeão nacional, pelo Sporting, em todos os escalões da sua carreira de futebolista. Foi 29 vezes internacional A, detendo ainda dois recordes ao nível da selecção nacional: o da longevidade, já que entre a primeira e a última vez que actuou mediaram 17 anos, e o da maturidade, visto nenhum outro ter conseguido representar a selecção nacional a três meses de completar 39 anos de idade. Cumpriu o seu desejo de estar na inauguração do novo Estádio, e, como me disse, “se isso acontecesse, podia morrer feliz”. Não resistiu a doença prolongada e deixou o nosso convívio cedo demais, a 13 de Setembro de 2003, com apenas 55 anos de idade. As suas qualidades de grande desportista e sportinguista, os valores que encarnou, a amizade, solidariedade, o seu fair play e a sua classe, fizeram de Vítor Damas uma enorme referência, uma tremenda saudade, que o desporto nacional não esquecerá. M.C.