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Uma questão de respeito

Por Miguel Braga *
07 Jul, 2020

Há certas coisas difíceis de perceber sobre a arbitragem do jogo de ontem do Sporting Clube de Portugal. Logo ao minuto 3, pontapé de penálti por assinalar sobre Jovane Cabral: “João Aurélio chegou tarde, não jogou a bola e atingiu um pé de Jovane” (Jogo); “Jovane cai na área depois de ser rasteirado (…). Pontapé de penálti por assinalar” (Record); “Lance difícil de interpretar em campo, mas que as imagens evidenciaram ser irregular” (Bola). Apesar da opinião unânime, a equipa liderada por Tiago Martins com Jorge Sousa no VAR nada viu. Pior. Quando confrontado com o erro, na zona dos balneários, por elementos do Sporting Clube de Portugal, o juiz da partida teve o desplante de afirmar “já vi as imagens e ninguém lhe tocou. O Jorge Sousa bem disse ‘Siga, siga!’”

E se Tiago Martins começou o jogo torto, a verdade é que nunca se conseguiu endireitar, terminando o encontro com novo erro grosseiro, na mesma direcção, com a agravante que terá sido avisado do puxão visível a Coates pelo VAR. “Lance que o VAR entendeu ser evidente e que o árbitro devia ter sinalizado como ilegal” (Bola); “Coates cai na área, após ser agarrado pela camisola, o que o impede de disputar a bola” (Record); “Com o recurso às imagens trata-se de dupla incompetência não assinalar o pontapé de penálti” (Jogo). E o que fez Tiago Martins? Nada. Nada o convence a fazer o seu papel. Nem uma indicação, nem um puxão claro, nem a indignação dos presentes.

Aliás, Tiago Martins acha que está acima da crítica e no seu íntimo talvez pense que errar é humano e que ele é um ser superior. Não é. Por isso mesmo, o árbitro não gostou que o director desportivo do Sporting CP lhe perguntasse como é possível não ter marcado dois pontapés de penálti claros. Sem insultos, sem impropérios, apenas uma pergunta altamente compreensível. E ao contrário do que fez com Abdu Conté, aí Tiago Martins fez valer a sua autoridade e num acto de coragem expulsou, fora de campo, Hugo Viana.

A noite má de Tiago Martins podia ter ficado por aqui. Mas não. Sabendo que a equipa do Sporting CP iria regressar nessa mesma noite a Lisboa, o árbitro demorou mais de hora e meia para escrever o seu relatório. Quando confrontado com a espera, respondeu “o senhor Severo tem de esperar, pois estou a rever umas vírgulas”. Hora e meia de espera. Estaria certo se não fosse profundamente errado.

O respeito conquista-se. E não é com comportamentos assim, dentro e fora de campo, que os árbitros portugueses vão alguma vez ganhar créditos. Muito pelo contrário.

 

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal