Livro das bodas de diamante da FPF reconhece títulos do Campeonato de Portugal
Dizem que os números são frios e revelam aquilo que cada um quiser. Como as duas faces da mesma moeda. No entanto, sem se querer reescrever a história – antes revisitá‑la –, vai explicar‑se ao longo destas linhas os incontornáveis factos que garantem o verdadeiro número de títulos conquistados pelo Sporting.
“Quando andava na escola primária, toda a gente sabia que o Sporting tinha mais títulos que o Benfica e o Belenenses juntos e tantos como águias e dragões. Falamos de 1954, ano no qual os leões já contabilizavam 13 títulos nacionais”, explica Vítor Cândido, antigo jornalista de A Bola, antigo atleta e dirigente leonino e Prémio Stromp em 1981.
“Digam o que disserem, não posso defraudar a memória de grandes Sportinguistas que, cultivando a mística leonina, me cativaram para o Clube, dando‑me estes números como incentivo para a paixão que ainda hoje nutro pelo Sporting. Recordo com saudade o amigo Fernando Francisco, motorista da Carris, que no dia 7 de Março desse ano de 1954, foi buscar‑me a casa, pediu autorização aos meus pais para me levar à bola, ao Sporting‑Belenenses (4‑0), no peão do velho estádio do Lumiar. Era já ele um dos que enaltecia a hegemonia verde e branca no futebol português. Foi a minha estreia, logo no ano do tetra, um feito inédito em Portugal!”, acrescentou.
Ligas para experiência
Em causa, estão quatro títulos de campeão, disputados entre as épocas de 1934 e 1938, fase em que houve Campeonato de Portugal em simultâneo com as Ligas da 1.ª e 2.ª Divisões. No entanto, Henrique Parreirão, autor do livro comemorativo das bodas de diamante da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), intitulado “1.º Centenário do Futebol Português”, edição de autor da própria FPF e cujos arquivos foram abertos para as pesquisas, não deixa dúvidas quanto à prova que determinava o campeão nacional.
“A FPF promoveu a disputa dos campeonatos da Liga das 1.ª e 2.ª divisões, de 1934/35 a 1937/38 em ‘poule’ – que, todavia, nunca substituiram os Campeonatos de Portugal realizados naquelas mesmas épocas. Foram bem aceites como experiência para um futuro melhor, mas nunca se sobrepuseram aos Campeonatos de Portugal, pelo contrário, como a sua própria regulamentação nos mostra, colocando as ligas em plano de subalternação da prova principal”. Se dúvidas houvesse, o autor cita uma acta da FPF: “Analisada a questão [aspecto financeiro – equilíbrio entre despesas e receitas, bem como as deslocações – e aceitação do público da recém criada liga], ponderados os prós e contras, a direcção federativa aprovou o regulamento e decidiu, finalmente, organizar os campeonatos da Liga, deixando bem expresso em acta… Ficou resolvido promover a título experimental os campeonatos da Liga, 1.ª e 2.ª Divisões, sem prejuízo dos campeonatos distritais, nem do Campeonato de Portugal.”
Uma reportagem para ler na íntegra na edição impressa do Jornal Sporting, esta quinta-feira nas bancas