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Atletismo

Foto Pedro Zenkl

"Estou confiante"

Por Sporting CP
07 Ago, 2020

Patrícia Mamona vai competir nos Campeonatos de Portugal

A realizar em cinco locais diferentes (Lisboa, Braga, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Ribeira Brava), realizam-se este sábado, 8 de Agosto, os Campeonatos de Portugal de atletismo.

Patrícia Mamona, saltadora do Sporting Clube de Portugal, é uma das Leoas que vai estar presente na prova de triplo salto. "Os meetings que já fiz serviram para sentir o clima competitivo. Agora, finalmente, estou preparada para os Campeonatos de Portugal no triplo salto. Vai ser uma competição para 'tirar o pó', porque ainda não competi em tripo salto [depois da quarentena]. Estou confiante e vamos ver o que acontece", disse à Sporting TV.

Para a atleta, o objectivo nos Campeonatos de Portugal é voltar a ter o ritmo competitivo para, mais tarde, responder da melhor forma nas competições futuras de maior renome. "Normalmente, as minhas primeiras competições correm bem. Estou a saltar bem nos treinos. Espero que corra bem. (...) O mais importante, agora, é não parar e ter estímulos competitivos independentemente das marcas, que este ano não contam para ranking", contou.

Também no triplo salto, mas na prova masculina, Tiago Pereira vai vestir a camisola do Sporting CP. "Sinto-me apto. Já competi recentemente e fiquei a nove centímetros do meu recorde pessoal. O objectivo desta semana é bater esse recorde. Acredito que estou bem fisicamente para o conseguir. (...) Estou numa fase diferente de muitos atletas porque fui operado ao joelho em Outubro e estive em processo de recuperação. Não fui tão afectado pela quarentena como as outras pessoas foram", referiu, continuando.

"O meu objectivo deste ano é aproximar-me e, se possível, chegar à preparação olímpica, o que me daria o suporte para preparar da melhor forma a próxima época. É isso que quero este ano", revelou.

Foto Pedro Zenkl

"Estamos prontos"

Por Sporting CP
06 Ago, 2020

Edujose Lima antes dos Campeonatos de Portugal

Um grande número de atletas do Sporting Clube de Portugal vão, este sábado, estar presentes nos Campeonatos de Portugal de atletismo. A prova vai ter lugar em cinco locais em simultãneo (Lisboa, Braga, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Ribeira Brava) e um dos Leões presentes vai ser Edujose Lima, lançador do disco.

"Sinto-me bastante bem e estamos prontos para o que vem aí. Os Campeonatos de Portugal são sempre importantes, é mais um título individual, mas o mais importante é a preparação para a semana seguinte, que é o Nacional de Clubes", lembrou em declarações à Sporting TV, deixando uma promessa: "Estamos todos alienados para uma boa competição".

Sobre a paragem devido à pandemia de COVID-19, Edujose Lima admitiu que os atletas ficaram "bastante limitados" no que diz respeito ao "treino, mas também na recuperação, que é tão ou mais importante". Mas nem tudo é mau. "A retoma está a ser muito boa e estamos a voltar com boas expectativas e resultados próximos dos de antes", acrescentou.

Por fim, Edujose Lima revelou a marca que pretende atingir nos Campeonatos de Portugal e Campeonato Nacional de Clubes. "Quero 60 metros e estou a valer essa marca", assegurou.

Foto Pedro Zenkl

"Se chegar aos 52 segundos ficarei satisfeita"

Por Sporting CP
05 Ago, 2020

Cátia Azevedo na antevisão dos Campeonatos de Portugal

É já este sábado, 8 de Agosto, que se realizam os Campeonatos de Portugal de atletismo, com Cátia Azevedo a ser uma das atletas do Sporting Clube de Portugal que vai marcar presença.

A prova vai-se realizar em cinco locais em simultãneo (Lisboa, Braga, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Ribeira Brava), sendo que Cátia Azevedo vai correr os 400 metros no Estádio Universitário de Lisboa. Para a Leoa, há um objectivo a cumprir no que a marcas diz respeito.

"Se fizer uma boa marca, ou seja, chegar aos 52 segundos, ficarei totalmente satisfeita. Quero dar o meu melhor numa época em que temos de estar bastante gratos por estar a competir", disse à Sporting TV.

Ainda na ressaca da paragem das competições devido à pandemia de COVID-19, Cátia Azevedo explicou que, de momento, não pensa em qualificações para grandes provas ou em resultados internacionais de relevo. Para já, o mais importante é recuperar o tempo perdido.

"Quero voltar ao meu ritmo competitivo. Ainda não me sinto confortável para meetings internacionais. As nossas marcas, neste momento, não são válidas para Jogos Olímpicos ou outras provas internacionais, pelo que quanto mais nos resguardarmos, melhor. Quero manter o meu estímulo competitivo, mas, para já, sempre a nível nacional", frisou.

Foto Pedro Zenkl

Sporting CP em grande no Meeting Cidade de Lisboa

Por Sporting CP
02 Ago, 2020

Atletas Leoninos venceram várias provas com alguns recordes pessoais

Realizou-se este sábado, no Estádio Universitário, o Meeting Cidade de Lisboa, evento organizado pela Associação de Atletismo de Lisboa que teve como objectivo preparar os Campeonatos de Portugal, que terão lugar já no próximo fim-de-semana, e os Campeonatos Nacionais de Clubes, com início marcado para 15 de Agosto.

Num dia marcado pela adopção de diversas medidas para garantir a segurança de todos os participantes, a equipa de atletismo do Sporting CP esteve em destaque ao vencer diversas provas, algumas delas com direito a recorde pessoal, caso de, por exemplo, Dorian Keletela, velocista que triunfou nos 100 metros com o tempo de 10,46 segundos.  

“Isto tem um significado muito grande para mim porque desde 2017 fui operado duas vezes ao joelho e não foi fácil. É muito bom porque trabalhei muito para voltar e agora está tudo a correr bem”, referiu o atleta depois da prova.

Nos 100 metros barreiras, apesar de ter ficado no segundo lugar (a espanhola Maria Vicente foi primeira), Olímpia Barbosa esteve a um excelente nível e atingiu a sua melhor marca do ano com 13,97 segundos.

“Faço um balanço bastante positivo deste Meeting porque foi muito melhor do que a última prova. Sinto que estou a entrar novamente no ritmo, alcancei uma marca bastante diferente da da última prova. Esta foi a segunda prova de 100 metros barreiras e sinto-me bem”, afirmou.

Já nos 400 metros barreiras, Vera Barbosa arrecadou a primeira posição do pódio (58,45 segundos), logo seguida pelas também Leoas Andreia Crespo e Juliana Guerreiro, em segundo e terceiro lugar, respectivamente, numa prova totalmente dominada pelas atletas verdes e brancas.

“Estou feliz com a minha prestação, vimos de um período conturbado e não tivemos oportunidade de treinar muito a técnica, o que é fundamental para nós. Se continuarmos a melhorar, óptimo, e claro que sermos as três primeiras é muito importante e deixa-nos muito felizes”, garantiu Andreia Crespo.

Enquanto nos 200 metros Lorène Bazolo triunfou em apenas 23,80 segundos, nos 400 metros Cátia Azevedo venceu com a marca de 53,04 segundos, logo seguida da também Leoa Dorothé Évora.

Nas categorias de peso, destaque para Auriol Dongmo, que arrecadou o primeiro lugar no lançamento do peso com uma distância de 18,92 metros, assim como Irina Rodrigues, atleta do emblema de Alvalade que triunfou no lançamento do disco com a marca de 62,05 metros.

Por fim, na categoria dos saltos, nota para o recorde pessoal de Evelise Veiga no salto em comprimento, com 6,64 metros, derrotando a espanhola Juliet Itoya (6,50) e, ainda, a Leoa Patrícia Mamona (6,22). No salto em altura, Anabela Neto venceu e convenceu com a marca de 1,80 metros, assim como Marta Onofre, que também foi líder no salto com vara.

Vânia Silva bate recorde mundial do martelão em F40

Por Sporting CP
30 Jul, 2020

Atleta Leonina já era detentora do mesmo recorde no escalão F35

Vânia Silva, atleta do Sporting Clube de Portugal, bateu ontem, dia 29 de Julho, o recorde mundial do martelão, no escalão F40, com a marca de 19,40 metros, mais 0,31 do que a antiga detentora do recorde, a norte-americana Oneithea Lewis.

De recordar que Vânia Silva é também detentora do recorde mundial do escalão abaixo, F35, com a distância de 19,27 metros.  

Foto Luís Barreto/FPA

Melhor marca mundial e recorde nacional para Dongmo

Por Sporting CP
24 Jun, 2020

Mais um registo impressionante da Leoa

Auriol Dongmo continua a brilhar e esta quarta-feira foi a vez de voltar a bater o recorde nacional e ainda de conseguir a melhor marca mundial do lançamento do peso ao conseguir a marca de 19,27 metros.

A prova, integrada no desafio 'Guerra dos Sexos', decorreu no Centro Nacional de Lançamentos, em Leiria. Com este registo, Auriol Dongmo superou a canadiana Brittany Crew, que liderava o ranking das melhores marcas mundiais do ano com 18,88 metros.

A marca de 19,27 metros chegou no sexto e último ensaio, sendo que a Sportinguista já tinha efectuado dois lançamentos brilhantes de 18,90 metros – que também seria melhor marca mundial do ano e recorde nacional – e 18,86 metros – que seria recorde nacional.

Foi a segunda vez em poucos dias que Auriol Dongmo estabeleceu um novo recorde de Portugal, sendo que a atleta verde e branca vai poder representar a selecção nacional a partir do próximo mês de Julho. As marcas que tem obtido seriam suficientes para a qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, mas a janela de apuramento está, de momento, fechada.

Foto Luís Barreto/FPA

Auriol Dongmo bate recorde nacional

Por Sporting CP
20 Jun, 2020

Grande marca da lançadora do peso

Auriol Dongmo, atleta do Sporting Clube de Portugal, voltou a bater este sábado o recorde de Portugal do lançamento do peso. Em Leiria, a Leoa conseguiu a marca de 18,82 metros, superando o próprio recorde por larga margem.

O lançamento aconteceu numa prova de preparação no Centro Nacional de Lançamentos. Com 18,82 metros, Auriol Dongmo conseguiu a terceira melhor marca mundial do ano, ficando apenas atrás das canadianas Brittany Crew (18,88 metros) e Sarah Mitton (18,84 metros).

O anterior recorde nacional, também de Auriol Dongmo, estava fixado nos 18,37 metros. Desta vez, para além dos 18,82 metros, a atleta verde e branca de 29 anos ainda conseguiu um ensaio de 18,61 metros que também seria recorde de Portugal.

Auriol Dongmo, que está autorizada a representar a selecção de Portugal a partir de Julho, conseguiu uma marca que cumpria os mínimos de qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, mas a janela está, de momento, fechada.

Foto Pedro Zenkl

Atletismo regressa já neste mês

Por Sporting CP
19 Jun, 2020

FPA anunciou datas da retoma da competição

A Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) anunciou a retoma das competições já neste mês de Junho, após a paragem forçada devido à pandemia.

O regresso será feito com a disputa das provas regionais, enquanto a fase de apuramento do Campeonato Nacional de Clubes está marcada apenas para os dias 25 e 26 de Julho.

Por sua vez, o Campeonato de Portugal será disputado nos dias 8 e 9 de Agosto e a final do Campeonato Nacional de Clubes nos dias 15 e 16.

Naturalmente, a FPA e todos os clubes estão obrigados a seguir à risca todas as normas de higiene e segurança da Direção-Geral da Saúde.

Foto Mário Vasa

"Patrícia Mamona, campeã da Europa, obrigada"

Por Sporting CP
01 maio, 2020

Entrevista exclusiva ao Jornal Sporting

O nome de Patrícia Mamona fica na memória por ser fora do comum, mas é a carreira de sucesso que tem construído que fica na história. Na do atletismo do Sporting Clube de Portugal, Clube que a recebeu em 2011, de Portugal e do Mundo.

Vista como ‘a menina bonita’ do atletismo português, a triplista de 31 anos tem lutado por ser muito mais do que isso. Foi campeã da Europa em 2016 e no mesmo ano alcançou o recorde nacional nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro – 14,65 metros. Um percurso sempre em crescente de uma atleta que estudou Medicina nos EUA e está prestes a formar-se em Engenharia Biomédica.

À conversa com o Jornal Sporting, Patrícia Mamona recordou a carreira de quase duas décadas e deu, sobretudo, a conhecer-se para lá da pista e da caixa de areia

Quem é a Patrícia Mamona?
É uma atleta que começou a praticar atletismo aos 12 anos e que hoje, 19 anos depois, já participou em grandes competições – europeus, mundiais e Jogos Olímpicos (JO) –, mas que ainda tem uma carreira longa pela frente. É uma atleta que começou e ainda faz tudo por gosto, apesar da pressão de se representar não só a si, mas também o Sporting Clube de Portugal e Portugal.

“Sou superdescontraída, bastante trabalhadora e lutadora”

E a Patrícia Mamona não-atleta?
Sou atleta 24 horas por dia (risos), mas, claro, tenho a minha personalidade. Sou superdescontraída, bastante trabalhadora e lutadora. Por ser assim, até há quem ache que sou arrogante porque, por exemplo nos treinos, estou sempre muito focada, mas quando falo ficam surpreendidos (risos)… acham-me simpática e bastante extrovertida.

Qual é o seu lema de vida?
Tenho vários, mas o principal é que nós nos conseguimos superar sempre. Por exemplo, se há quem salte 15 metros porque é que eu não hei-de fazê-lo? Temos é de ter garra e de trabalhar mais, mas quando acreditamos tudo é possível.

Quais são os seus hobbies?
Gosto muito de ver séries e anime [animação japonesa], dormir, falar com a minha família, brincar com o meu gato, fazer desafios matemáticos – sempre gostei e até fui às olimpíadas quando era nova –, passear, ir às compras, maquilhar-me e experimentar os produtos que a minha irmã me envia, que é editora de beleza de um jornal em Inglaterra.

E vícios tem? Parece que o café…
(risos) O café é um vício desde que me lembro. Recordo-me de uma vez que competi sem beber [café] e senti-me estranha e a prova não correu bem. Desde esse dia que levo sempre café comigo e tenho de beber antes de uma competição.

Café antes das provas e… sempre meias brancas?
(risos) Sim, sinto que quando estou com meias brancas a prova me corre melhor. Além disso, também combina melhor com o nosso uniforme (risos). As meias brancas funcionam como um amuleto, digamos.

Nota-se que é focada, como disse, e de ideias fixas. Também cumpre à risca a dieta?
Sim, porque aumenta a minha performance e também me ajuda na recuperação. O peso é essencial no triplo salto, é importante que sejamos leves e eu tenho muito peso para a minha estatura, porque ganho muito músculo. Por isso, só seguindo a dieta à risca é que consigo ser leve. Mas, na pré-época, posso comer mais doces – ai o pastel de nata… – e uma vez por semana posso prevaricar sem abusar.

Tendo origens angolanas, mas sendo portuguesa, gosta mais de muamba ou de bacalhau?
Hmmm… bacalhau porque é o prato português que eu gosto mais. Uma vez que a minha família está no estrangeiro, não como muamba há muito tempo, mas também gosto de comer porque é uma forma de viver a cultura dos meus pais, que também é minha.

Os seus pais e as suas irmãs vivem no estrangeiro e a Patrícia também já viveu. Como correu a experiência nos Estados Unidos da América (EUA)?
Foi espectacular, gostei muito, e fez-me crescer não só como atleta, mas também como pessoa. Tive de aprender inglês e fazer tudo sozinha. Se não tivesse ido para os EUA, se calhar, não seria a atleta que sou hoje. Provavelmente não estaria a treinar a tempo inteiro e não teria sido campeã da Europa.

Foi para lá para estudar Medicina, mas não tirou a especialização e não teve equivalência em Portugal, e por isso agora está a terminar o curso de Engenharia Biomédica. Porquê essa área?
Porque sempre tive um dote natural para as ciências e, confesso, os meus pais também me incentivaram a ir para Medicina. E, sinceramente, foi a melhor decisão e a razão para ter ido para os EUA. Ganhei uma bolsa e consegui conciliar o curso com o atletismo. Antes disso ainda fiz um ano de Medicina em Portugal, mas não foi nada fácil de conciliar com a vida de atleta. Mas, quanto à pergunta, as ciências sempre me interessaram e agora escolhi Engenharia Biomédica porque envolve a parte humana e a tecnologia, que é algo que me agrada. Ainda assim, depois de acabar o curso sou um livro aberto, tenho vários interesses e também ainda não sei o que é que, além do atletismo, realmente gosto. Sei sim que um dia o atletismo vai acabar, e já tenho o plano B, mas tudo pode acontecer.

“Era melhor do que os rapazes em quase tudo – até a jogar à bola!”

O que sonhava ser quando era pequena?
Queria ser médica, ou melhor veterinária, por causa de um sonho que tive e que até hoje não esqueci. Nesse sonho vi um sapo quase morto, fiz-lhe uma cirurgia e ele começou a saltar (risos). Não sei se o sapo a saltar também já era um pré-indicador de que iria ser saltadora (risos), mas a partir daí comecei a dizer que queria ser médica para salvar animais e pessoas.

O que recorda da sua infância?
Lembro-me de ser uma criança bastante animada, livre e activa. Gostava muito de brincar, jogar ao 35, que era basicamente correr, saltar e fugir da bola, e chegava muitas vezes magoada a casa porque subia às arvores. Era uma criança rebelde e queria sempre fazer um bocadinho de tudo. Por isso, também andava de patins, bicicleta e experimentei karaté e ballet – que detestei porque era muito de menina e eu era mais maria-rapaz. Tive uma infância bastante feliz.

E como é que surgiu o atletismo na sua vida?
Foi num corta-mato, eu era melhor do que os rapazes em quase tudo – até a jogar à bola! – e os professores disseram-me para participar e ganhei. Mal cortei a meta, apareceu o meu actual treinador, o José Uva, a perguntar se eu queria fazer parte da Juventude Operária do Monte Abraão (JOMA).

Só que parece que isso não agradou a toda a gente…
Pois, os meus pais não gostaram muito da ideia e não me deixaram ir, mas eu fui ver uns treinos, adorei e comecei a ir treinar sem eles saberem.

E como é que eles descobriram?
Foi de uma maneira pouco agradável (risos). Como vivia no Cacém e o clube era em Monte Abraão, tinha de ir de comboio, mas sem bilhete… um dia fui ‘apanhada’ e levada para a esquadra porque era menor. Os meus pais passaram uma vergonha imensa e foi assim que descobriram que andava a treinar às escondidas deles, mas nesse momento perceberam que eu gostava mesmo muito de atletismo e começaram a deixar-me ir treinar.

Desde essa altura que praticou várias disciplinas, mas vários anos mais tarde decidiu focar-se no triplo salto…
Sim, durante a formação na JOMA e até 2012 fiz um pouco de tudo, mas em 2007 já tinha o bichinho do triplo salto porque era uma disciplina difícil e eu sempre gostei de desafios. Mas em 2012, depois de me ter qualificado para os JO e de não ter ido à final por um centímetro, percebi que era isto que queria fazer a sério. Queria ir a outros JO, fazer uma grande performance e queria que me conhecessem como uma grande triplista.

E como é que se treina, diariamente, para conseguir o salto mais longo?
Não se baseia só em saltar, claro, e acho que no triplo os atletas têm de ser o mais completos possível. O treino baseia-se em corrida, saltos e força, mas também faço musculação e um treino com uma variante mais cardiovascular, muito parecida ao crossfit. E faço duas vezes por semana cada uma dessas coisas.

Pensa em alguma coisa quando salta ou consegue abstrair-se de tudo?
Sim, consigo abstrair-me e separar as coisas, mas, na realidade, também nunca tenho grandes problemas. Talvez a única vez em que tenha pensado mais em algo exterior tenha sido em 2017, após ser operada ao joelho. Como não estava na melhor forma, pairava na minha mente aquele sentimento de ‘estou aqui, mas não sei se sou capaz’. E o que é certo é que o pensar muito não me ajudou.

E como descreve a sensação do salto?
Sinto que estou a voar. É essa a sensação e é espectacular, mas por exemplo o meu salto nos europeus de Amesterdão foi tão bom que eu nem me lembro do que senti (risos), estava tão ‘zen’ que saltei e nem sei o que fiz.

“Havia o estereótipo de que nós mulheres não nos podíamos produzir e eu ajudei um pouco a quebrar esse tabu. (…) Não é por usar eyeliner que vou saltar menos...”

Está há quase duas décadas no atletismo e hoje em dia é reconhecida internacionalmente, mas sente que o facto de ser mulher na alta competição é um desafio ainda maior?
Hoje em dia não acho que seja difícil, o mais complicado é ter o mesmo tipo de regalias ou de visibilidade que os homens têm. Sentia mais quando era mais nova, que ouvia que o triplo salto era para homens e que as mulheres não tinham aptidões físicas para o fazer.

A Patrícia Mamona já provou que é possível e até com uma postura muito feminina…
Sim, e se calhar isso ajudou-me. Havia o estereótipo de que nós mulheres não nos podíamos produzir e eu ajudei um pouco a quebrar esse tabu. As mulheres são diferentes dos homens, mas não acho que nos devam impor certo tipo de tarefas. Desde que tenhamos pernas, braços e cabeça podemos fazer aquilo que quisermos independentemente do sexo.

Ainda assim, teve de lutar contra algum preconceito?
Para mim, mais importante do que isso é não ter medo de mostrar quem somos ou quem queremos ser. Cada pessoa tem a sua personalidade e tem o direito de se expressar da melhor forma. Lembro-me de ver uma vez uma peça a criticar certas atletas por não se cuidarem, mas para mim cada um faz aquilo que quer desde que em prova apresente resultados.

A Patrícia Mamona usa maquilhagem e até costuma fazer alguns penteados…
Sim, temos é de ser nós próprios e isso é o mais importante. Não é por usar eyeliner que vou saltar menos, não há problema nenhum em pintar os olhos. Criou-se o estereótipo de que os desportistas têm de se comportar de certa maneira e se algum sair da norma já não é atleta. Eu acho que não devia ser assim…

E como reage quando a chamam de menina bonita?
Antes aborrecia-me, mas não vou negar que agora até utilizo isso a meu favor. Uma vez li o título de uma notícia que começava com ‘a menina bonita do atletismo…’ e parecia que o que vinha a seguir na frase não era importante. Ok, posso ser [bonita], mas sou campeã da Europa e tive de trabalhar muito para isso durante vários anos e com imensos sacrifícios. Detesto quando me resumem a isso.

(…)
É importante transmitir que há muito trabalho e esforço associado ao sucesso, porque as pessoas dão demasiada importância à aparência, mas para mim, aquilo que valem é o mais importante. Sinceramente, não gosto muito da maneira como a sociedade está a levar as coisas e a resumir tudo ao que parece e às redes sociais. Estamos a reduzir tudo à aparência e não ao trabalho em si. Por isso, quando tenho esta oportunidade para rematar, digo sempre ‘Patrícia Mamona, campeã da Europa, obrigada’.

Já agora, que mulheres é que a inspiram e porquê?
Posso dizer alguns nomes como a Oprah Winfrey e a Michelle Obama, porque têm impacto mundial, mas inspiram-me sobretudo aquelas que se têm superado e que foram bem-sucedidas, o que não se resume a dinheiro ou fama e sim a terem conseguido atingir objectivos que lhes disseram que não eram capazes. Por exemplo, também me disseram que não conseguia saltar mais de 14 metros, mas afinal faço-o facilmente.

Disse o nome de duas mulheres que também tiveram de lutar contra o preconceito da cor de pele, a mesma que a sua. A Patrícia Mamona já sentiu racismo?
Sim, senti quando era mais nova. Embora tenha tido uma infância feliz, era a única ‘preta’ da turma e ouvi coisas que me fizeram chorar. Até me lembro, e isto é um bocado triste, de uma vez ter posto farinha na cara para parecer branca. Não era fácil, mas os meus pais sempre me disseram para ter orgulho na minha cor, preparam-me para o que ia acontecer – o segurança vir atrás de mim no supermercado, por exemplo –, e incentivaram-me a ter boas notas na escola. Independentemente de ser preta ou branca, eu era sempre a melhor aluna da turma e isso era uma forma de resposta. Tanto pode ser bom a matemática um branco como um preto.

(…)
Agora já consigo lidar muito bem com o racismo. Sei que não posso controlar o que pensam de mim. Em Portugal o racismo é um pouco mais invisível, mas nos EUA senti muito. Não para comigo, mas para com os outros. Por exemplo, os meus amigos brancos não percebiam porque tinha amigos pretos e os meus amigos pretos não percebiam como me dava com gente branca. Cada um tem a sua cultura e deviam respeitar.

“Estou muito agradecida ao Sporting CP pela oportunidade que me deu de crescer como atleta e, por isso, faço tudo pelo Clube”

Depois de a conhecermos melhor, falemos da sua carreira. Está feliz com o seu percurso?
Sim, estou felicíssima. Independentemente do que vier, sei que fiz de tudo para ter a melhor performance e estou contente por me ter superado – comecei no triplo salto a fazer 11 metros e nunca na vida pensei atingir os 14,65 metros – e da história que vivi, tanto dos momentos felizes como infelizes. Além disso, tive a oportunidade de conhecer vários países e várias pessoas que me inspiraram. Estou bastante agradecida por tudo isso, sobretudo porque não foi por sorte, mas sim porque trabalhei muito e isso orgulha-me.

Chegou ao Sporting CP em 2011, depois de regressar dos EUA. Acredita que foi na altura certa?
Sim, neste caso até tenho de dizer que tive sorte. Acabei a bolsa nos EUA e não sabia como ia ser a minha vida, a minha carreira, e o Sporting CP convidou-me. Por isso, o Clube foi essencial e bastante importante, deu-me todas as condições e juntou-me a uma equipa superforte. Quando estava na JOMA invejava o espírito de família do Sporting CP e o facto de ser o melhor.  Por isso, para mim, chegar ao maior Clube de Portugal, foi incrível. Estou muito agradecida ao Sporting CP pela oportunidade que me deu de crescer como atleta e, por isso, faço tudo pelo Sporting CP.

Quais foram os maiores sacrifícios que fez ao longo destes anos todos de carreira?
Foram muitos, principalmente enquanto jovem. Tive de abdicar de muita coisa nessa altura: das olimpíadas da matemática, viagem de finalistas e actividades na faculdade. Foram maioritariamente coisas sociais, mas também tive de abdicar da minha família. Podia ter ido para Inglaterra e continuar a viver com eles, mas fiquei em Portugal por causa do atletismo. Por isso, sempre que tenho oportunidade vou até lá para matar saudades.

E arrepende-se de tanta dedicação e de ter abdicado de tantas coisas?
Não, não me arrependo porque está a correr bem (risos), mas se não estivesse a correr bem mudava, não é?

“Ouvires o Hino Nacional e saberes que és tu a razão para toda a gente o estar a ouvir é incrível”

Em tantos anos de carreira, tem alguns recordes e várias medalhas, mas, naturalmente, também teve provas menos boas. Qual foi a prova mais difícil de digerir?
Recordo-me de duas. A primeira ainda em júnior. Tinha sido quarta no Mundial e no Europeu do ano seguinte falhei a final. Acho que encarei a prova como mais uma competição e, claro, não foi adequado. A outra foi em Zurique, em 2014, onde também falhei a final. Estava toda a gente com grande expectativa e eu também. Foi a única vez, como adulta, que me lembro de chorar depois de uma prova.

E, por outro lado, houve alguma conquista que lhe deu mais gozo?
Claro, o Europeu de 2016 em Amesterdão. Deu-me muito gozo não só porque venci, mas pela forma como o fiz. Quase tinha falhado a final e depois conquistei a medalha de ouro no último salto. Até ao quinto salto estava em quarto, e até era a minha melhor performance em europeus, mas ficar em quarto lugar é péssimo. É aquilo a que chamamos o lugar do morto. Deste tudo e não foi suficiente para chegar ao pódio. Por isso, era preferível ficar em quinto lugar (risos).

(…)
Não queria vir para casa com o quarto lugar, então saltei a pensar ‘seja o que Deus quiser, vou saltar’ e nem me lembro do salto. Quando surgiu o resultado comecei a saltar e a correr com a bandeira, que é algo que não costumo fazer, porque costumo guardar as emoções, mas não estava nada à espera desse desfecho.

Ficou no lugar mais alto do pódio e ‘pôs’ o Hino Nacional a tocar. O que é que se sente nesse momento?
É arrepiante. Ouvires o Hino Nacional e saberes que és tu a razão para toda a gente o estar a ouvir é incrível. Nem sabia o que fazer. Também o ouvi nos JO do Rio, mas esse sexto lugar foi agridoce porque a distância para as medalhas foi pouca. Antes das provas também o costumo ouvir, assim como algumas músicas portuguesas e fado, para ficar logo arrepiada e emocionada.

Disse no início da entrevista que ainda tem uma carreira longa pela frente. Sendo assim, depois de tantas conquistas, quais são os objectivos que ainda tem?
O meu objectivo é superar-me sempre. Para além dos JO, tenho ainda várias provas, europeus e mundiais para participar. Mas, nos JO, o melhor que fiz foi um sexto lugar, por isso não vou ficar satisfeita com menos do que isso. A menos que salte mais do que 14,65 metros. Ainda assim, nos JO tudo pode acontecer, até posso saltar menos do que o habitual e ser medalhada. Gostava de alcançar o pódio. Um pódio nos JO muda vidas e é muito especial.

Vive obcecada com o sucesso ou leva a carreira na desportiva?
Acho que não vivo obcecada, mas é difícil de explicar… gosto e preciso disto, mas não sinto que seja obcecada. Até sinto que se for obrigada a parar, consigo, mas tenho de arranjar alguma coisa que me dê tanto prazer como me dá treinar e competir. Acho que quando acabar, não vou querer fazer triplo (risos), porque isto dói muito (risos), mas este isolamento social fez-me crescer o bichinho de ser treinadora. Até já perguntei quando é que abrem os cursos…

Tem actualmente 31 anos, até que idade pensa competir?
Queria fazer mais outros JO, os de Paris. Depois disso, talvez pense mais na minha vida, no que perdi e no que quero recuperar, mas até posso estar muito bem para competir e, se estiver, continuo. O que vier agradeço. Vou aguardar.

(…)
Espero nessa altura já ter acabado o curso de Engenharia Biomédica e não descarto em retomar o curso de Medicina em Portugal. Além disso, também quero construir uma família, o que neste momento seria ingrato para mim e para possíveis filhos porque gosto de me focar em tudo a 100 por cento.

A primeira pergunta foi ‘quem é a Patrícia Mamona’, por isso para terminar faz sentido perguntar como é que a Patrícia Mamona gostava de ser recordada pelos outros depois de terminar a carreira…
É uma pergunta difícil... para além das marcas e dos recordes, gostava, acima de tudo, que me recordassem como alguém que ajudou alguém a ser melhor, independente do quê e em quê. Claro que ganhar uma medalha olímpica era fantástico, porque é um objectivo pessoal, mas gostava era que esse objectivo ajudasse a inspirar alguém.

E que a recordem como a ‘ex-atleta que também é bonita’?
Claro, a beleza é apenas um bónus.

Foto Mário Vasa

Marta Onofre: "Temos de ter garra de Leão e mostrar resiliência"

Por Sporting CP
24 Abr, 2020

Atleta do Sporting CP sente falta da rotina, mas mantém-se com pensamento positivo

Marta Onofre esteve à conversa com a Sporting TV sobre a paragem forçada no desporto, devido à pandemia de COVID-19. A atleta do Sporting Clube de Portugal disse que tem aproveitado para fazer várias coisas, mas referiu que tem “saudades da rotina normal”.

“Sinto falta de treinar com os meus colegas, de passear e de tantas outras coisas. Ficar confinada é difícil, mas tenho treinado em casa, estudado para o exame de especialidade (Medicina) que vou fazer em Novembro e efectuado as tarefas domésticas”, disse a atleta do salto com vara.

“Treino sempre das 17 às 19 horas, mas de uma forma bastante limitada. Tenho feito mais reforço do core e dos pontos débeis, algo que não fazemos tanto durante o ano, e tenho a sorte de ter o meu treinador comigo porque é o meu marido. Também fazemos corrida na rua, mas o trabalho é limitativo para os atletas de disciplinas técnicas”, referiu.

Quanto ao adiamento dos Jogos Olímpicos, a atleta verde e branca comentou ter sido a decisão mais sensata: “A notícia não me surpreendeu, já estava à espera. Infelizmente não era possível manter as condições necessárias para os atletas continuarem a treinar, nem para realizar as provas de qualificação. Acima de tudo está a nossa saúde e o nosso bem-estar, e isso é o mais importante”.

Formada em Medicina, Marta Onofre comentou ainda o trabalho dos colegas de profissão, não esquecendo outras profissões que estão na linha da frente do combate a esta pandemia: “O trabalho é de louvar. Devemos respeitar não só os profissionais de saúde, mas também as forças de segurança, todos os trabalhadores de supermercado e transportes que nos têm ajudado a ultrapassar esta enorme crise”.

“Quanto a nós, temos de ter garra de Leão e é isso que temos de mostrar, resiliência. Vamos conseguir ultrapassar isto, todos juntos. Agora fiquemos em casa e façamos coisas que não tínhamos tempo para fazer antes”, afirmou.

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