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Foto Miguel Braga

Goleadoras: Uma temporada de empoderamento que terminou em festa

Por Sporting CP
30 Jun, 2025

Cerimónia de encerramento celebrou as 19 finalistas do projecto

No passado dia 26 de Junho, a Fundação Sporting assinalou o fim da primeira temporada do Projecto Goleadoras com o Graduation Event, uma cerimónia que celebrou as 19 jovens que concluíram com sucesso este programa transformador.

A tarde, marcada por discursos inspiradores e uma animada Sunset Party, foi a consagração de meses de trabalho dentro e fora de campo — e o ponto de partida para um futuro que se quer ainda mais ambicioso.

"É um privilégio ser Família Goleadoras", afirmou Inês Sêco, presidente da Fundação Sporting, no seu discurso de abertura, onde deixou um agradecimento sentido às participantes, treinadores e parceiros. "Foi um ano muito rico de emoções, gargalhadas e até algumas frustrações, mas, acima de tudo, ver que chegaram juntas ao fim e formaram este grupo forte é motivo de enorme orgulho. Foi através do desporto e do futebol que se criaram esses elos e essas ligações".



Importado da América do Sul, o programa nasceu pelas mãos de Eglantina Zingg, fundadora da iniciativa, que, mesmo à distância, fez questão de deixar uma mensagem às jovens. "Mal posso esperar para ver todas as coisas maravilhosas que vocês vão continuar a fazer. Essa é a maior recompensa", afirmou, visivelmente orgulhosa.

Pioneira na Europa a abraçar o conceito, a Fundação Sporting tem vindo a trabalhar semanalmente, desde Novembro de 2024, com um grupo de raparigas oriundas de contextos sociais vulneráveis. Em parceria com o Centro Social da Musgueira, foi possível criar um ambiente seguro, de crescimento e partilha.

"Foi uma das melhores alianças que já fizemos", reforçou Inês Sêco, dirigindo-se à instituição parceira. "Sem o vosso apoio, nada disto teria acontecido. Este é um projecto a três: Fundação, Goleadoras e Centro Social da Musgueira".

Também Constante Silva Rodrigues, director técnico do centro, sublinhou o impacto humano da iniciativa.

"Obrigado a cada uma de vocês que aceitou o desafio e lhe foi fiel. Foram-se conhecendo, criando laços, aceitaram as propostas dos vossos mentores, e isso é muito rico. Acredito que na idade adulta irão olhar para trás não só com saudade, mas com muita gratidão pelo projecto em que aceitaram participar e ao qual se dedicaram tanto".

A cerimónia contou ainda com a presença especial de Conceição Zagalo, presidente da Fundação LIGA, que lançou um desafio simbólico às Goleadoras: cortar uma fita métrica com base na sua idade e na esperança média de vida em Portugal. O segmento restante simbolizava o tempo de oportunidades a não desperdiçar - uma metáfora poderosa para reforçar o propósito do projecto.

Futebol como ferramenta de transformação

Mais do que uma plataforma para jogar futebol, o Projecto Goleadoras é um espaço que impulsiona o desenvolvimento pessoal. Como explicou Inês Sêco, em declarações aos meios do Clube, a Fundação Sporting "utiliza o futebol como ferramenta de empoderamento feminino".

"Nos treinos, trabalhamos competências como liderança, confiança e resiliência, para que estas jovens saiam daqui mais preparadas para a vida. Aquilo que queremos é ter jovens inspiradas e empoderadas, que percebem que podem alcançar qualquer objectivo, se lutarem com garra", afirmou. Palavras reforçadas por Nuno João, um dos treinadores envolvidos no projecto, que destacou a dinâmica de partilha.

"Ensinamo-las, mas elas também nos ensinam. É essencial perceber o contexto em que vivem, e estruturar os treinos de forma a ajudá-las a crescer e a melhorar. Claro que tudo gira em volta de uma bola, mas o que realmente importa é como saem do treino: preparadas para enfrentar a vida".



O técnico destacou ainda o papel crucial da Fundação Sporting. "A Catarina Venâncio é o nosso braço direito. Ajuda-nos a estruturar os treinos com base nas realidades das miúdas e é uma mais-valia sem a qual este projecto não existiria".

O resultado, garante, foi visível. "Elas cresceram imenso, não só tecnicamente, mas sobretudo nas relações interpessoais. No início eram mais fechadas; agora são todas amigas, colegas de equipa, verdadeiras Goleadoras".

Também Constante Silva Rodrigues reconheceu essa evolução. "Foi uma oportunidade não só desportiva, mas também educativa e imersiva. A fidelidade aos treinos, a resiliência, a capacidade de escutar e crescer... Tudo isso contribuiu para o empoderamento destas jovens enquanto pessoas, enquanto mulheres. É um treino para a vida adulta".

"Este desafio que nos foi lançado pela Fundação Sporting e pelas Goleadoras da Eglantina foi uma surpresa muito positiva, que acrescentou valor e experiências que, enquanto centro, não conseguiríamos oferecer sozinhos", acrescentou.

Voz às protagonistas

As palavras das próprias Goleadoras confirmam o impacto do programa. Márcia Ricardo destacou o valor do trabalho em equipa, depois de ultrapassadas as dificuldades iniciais. "Percebemos como é importante a comunicação entre nós e com os místeres. Mudou a minha perspectiva".

Já Lara Ramos, questionada sobre o momento mais marcante deste processo, não hesita. "Foi a primeira vez que joguei num estádio, o do Sporting CP. Nunca tive muitas oportunidades em criança e foi incrível".



Por outro lado, Soraia Teixeira, com 18 anos e muitos sonhos, revelou a sua missão. "Quero ser futebolista e mostrar às outras mulheres que é possível concretizar os seus sonhos. O meu objectivo é esse: mostrar que tudo é possível. Não é por vires de um bairro que tens de ser desvalorizada. Isso é importante para a sociedade também".

Entre todas, as palavras escolhidas para descrever a experiência foram unânimes: Evolução. Incrível. Maturidade. Orgulho.

Um futuro com mais Goleadoras

O projecto não termina aqui. Pelo contrário, continua a crescer. “O nosso objectivo é solidificar o que já construímos”, revelou Inês Sêco. "Para o próximo ano, vamos aumentar o número de turmas, incluindo agora meninas dos 7 aos 12 anos. Este projecto tem de voar para fora de Lisboa, para o país inteiro", apontou.

A parceria com entidades como a Vitas Portugal, que apoiou o programa desde o início, será essencial neste percurso. "Sempre que os desafiámos, superaram as expectativas. Obrigada por acreditarem nas Goleadoras", lançou.

A temporada terminou em festa, mas também com uma certeza: este é apenas o começo de um caminho transformador, onde o futebol é pretexto e plataforma para um futuro com mais igualdade, mais oportunidades e mais vozes femininas a brilhar - dentro e fora de campo.