Natal em família
24 Dez, 2025
Treinadores reuniram-se para celebrar a quadra
Na mesa, o bacalhau. Tradicional, com broa e grão, e servido sem pressa, como manda o Natal. À volta, dez treinadores e dez contextos competitivos distintos. No Emerald Lounge, localizado no segundo piso do Estádio José Alvalade, a noite fez-se de longas trocas, gargalhadas e, sobretudo, de uma certeza simples e antiga: o Sporting Clube de Portugal é um Clube único e um Clube uno.
Rui Borges, João Gião, Micael Sequeira, Ricardo Costa, Nuno Dias, Edo Bosch, João Coelho, Rui Pedro Silva, Luís Magalhães e João Pedro Vieira. Dez vozes unidas pelo peso diário da liderança e pela responsabilidade de representar o Sporting CP. Entre agendas cheias, semanas intensas e épocas exigentes, o jantar de Natal do Sporting CP juntou os treinadores das três principais equipas de futebol e das cinco modalidades de pavilhão. Um encontro raro no calendário, mas natural na identidade de um Clube ecléctico, que se reconhece na diversidade e se fortalece na união.
Em declarações aos meios do Clube, Ricardo Costa foi um dos primeiros a sublinhar o significado do momento. "É sempre óptimo estar junto de treinadores, partilhar uma noite de Natal com gente que vive mesmo os problemas do dia-a-dia, os insucessos, os momentos difíceis ao longo do ano. Sabemos todos que a vida de treinador não é fácil, por isso quanto mais unidos estivermos e mais partilharmos o nosso conhecimento, melhor", começou por dizer o técnico bicampeão nacional de andebol.
Ao seu lado, Edo Bosch prolongou a ideia, olhando já para o futuro... mas também para o passado recente. "Podemos falar daquilo que já vivemos esta época e prepararmo-nos para a próxima fase, que é onde se vão decidir todos os títulos. Quanto mais unidos e mais juntos, mais forte seremos", afirmou o espanhol, líder da equipa campeã mundial de hóquei em patins.

As inquietações, essas, não desaparecem. Mas, garantem ambos, podem e devem ser partilhadas. "As preocupações nunca se esquecem, continuam lá, mas dá para partilhá-las e às vezes encontrar soluções, porque outros treinadores já passaram por esses problemas", explicou Edo, sem deixar de lembrar que também existe espaço para brindar e celebrar.
Já Ricardo Costa reforçou a dimensão humana do encontro. "Antes de sermos treinadores somos pessoas. Há que pôr de parte os problemas, esquecer aquilo que é o nosso dia-a-dia e aproveitar", atirou. Num período particular da época, o técnico falou ainda da importância de recarregar energias para os meses decisivos que se seguem.
Rui Borges, por sua vez, reforçou "o prazer e o orgulho enorme" em privar "com os grandes treinadores das modalidades". "É muito gratificante, no sentido de poder conhecer um pouco mais do seu trabalho, o que nem sempre é possível, devido à agenda de todos", começou por dizer. O treinador da equipa principal de futebol defendeu que estes encontros deviam, até, repetir-se ao longo do ano. "É importante criarmos alguma conexão, conhecermos aquilo que é o trabalho de cada um. Mesmo sendo [uma modalidade] diferente, pode ajudar de alguma forma ao nosso trabalho, e só assim é que crescemos todos".

Com a frontalidade e o humor que lhe são característicos, Nuno Dias sublinhou as palavras do colega de profissão. "Este tipo de iniciativas devia mesmo acontecer mais vezes. Não só no Natal, aproveitem a onda e façam no Carnaval, na Páscoa... no Ano Novo não, mas que façam mais vezes", atirou entre risos. Para o timoneiro do futsal verde e branco, a troca é inevitável e necessária. "Nós tiramos sempre coisas uns dos outros, independentemente da modalidade. Conhecermo-nos como pessoas, falar de experiências, de métodos, de lideranças dentro dos balneários... todos nós lideramos grupos e há sempre coisas boas que ouvimos e captamos", frisou.
A identificação imediata com os valores do Clube foi algo que marcou particularmente Rui Borges. "A tal história de dizer que na Academia me sinto feliz, porque o dia-a-dia é feliz, não tenho dúvida nenhuma de que na casa das modalidades é exactamente da mesma forma. Cheguei há dez minutos e já identifiquei esses valores em toda a gente: a humildade, a alegria, a paixão pelo trabalho e pelo Clube que representamos. Deixa-me muito feliz, porque não é um sentimento meu, é um sentimento de toda a gente. Mostra aquilo que é a casa Sporting CP e os valores do Sporting CP", atirou.
Desde a quadra, o discurso foi semelhante. Luís Magalhães, por exemplo, falou da importância de desligar do ritmo competitivo do dia-a-dia. "É sempre importante o convívio, fora do stress da competição e dos treinos. É sempre bom conviver um pouco", sublinhou o treinador da equipa masculina de basquetebol.
João Coelho, por outro lado, destacou o contexto diferente desta noite de consoada. "Cruzamo-nos muitas vezes no dia-a-dia num ambiente mais profissional. Aqui podemos conversar de forma mais descontraída. É uma oportunidade excelente de trazer a partilha e a troca de experiências ao menu", atirou o técnico, actual campeão nacional de voleibol.
Os representantes da Academia Cristiano Ronaldo, João Gião e Micael Sequeira, sublinharam o valor do encontro para além das rotinas habituais. "É uma iniciativa espectacular. O Micael e eu já nos vamos cruzando aqui e ali, mas com semanas e fins de semana preenchidos nem sempre temos oportunidade de conviver. Com outros colegas das modalidades ainda menos, e esta é uma óptima iniciativa para nos aproximarmos e partilharmos vivências e experiências", explicou o técnico dos jovens Leões da equipa B. "São modalidades diferentes, mas os problemas e as questões do dia-a-dia acabam por ser sempre as mesmas. Esta partilha é de facto muito enriquecedora", sublinhou Micael Sequeira.
Por outro lado, Rui Pedro Silva, técnico da equipa feminina de voleibol, trouxe à conversa o peso acumulado de uma época que, estando a meio, já vai longa. "Muitas vezes, fruto das nossas competições, agendas e decisões, não temos tempo para este convívio que é de salutar. Permite-nos falar sobre tudo aquilo que não conseguimos durante estes meses e fortalecer laços, sobretudo de amizade".
João Pedro Vieira acrescentou a importância de desligar. "Andamos num corre-corre constante. Estes momentos são bons para partilhar experiências, contar histórias e desligar um pouco do stress da competição", frisou o técnico da equipa feminina de basquetebol, numa conversa onde o eclectismo do Sporting CP surgiu naturalmente.

"O Clube é muito ecléctico e nós fazemos parte disso ao trabalharmos nas nossas diferentes modalidades", sublinhou João Pedro Vieira. Já o líder das Leoas do voleibol destacou também o crescimento conjunto e a importância de terminar o ano a recuperar o equilíbrio. "É um privilégio enorme estar aqui com os meus pares, acabar um ano desgastante e preparar 2026 ainda com mais energia, para dar alegrias aos nossos adeptos", frisou.
No momento das mensagens finais, o tom foi unânime. Ricardo Costa desejou paz num mundo que dela precisa e pediu apoio contínuo a todas as equipas. Edo Bosch falou em saúde, amor e vitórias. Rui Borges lembrou que a felicidade se constrói no dia-a-dia e nas pequenas coisas. Nuno Dias colocou a saúde acima de qualquer sucesso desportivo. João Gião desejou um óptimo Natal a todos os Sportinguistas e a quem trabalha no Clube. Micael Sequeira resumiu na perfeição as palavras já ditas: com saúde, o Sporting CP continuará a ganhar. Rui Pedro Silva deixou votos de boas festas e João Pedro Vieira lançou o convite final: que os adeptos continuem a encher o Pavilhão João Rocha, porque as equipas assim o merecem.
Entre o bacalhau partilhado e as histórias cruzadas, falou-se de muito mais do que resultados ou decisões difíceis. Falou-se de identidade, de pertença e de um Clube que se reconhece inteiro à mesma mesa. Numa noite de Natal vivida em família, ficou ainda mais claro que o Sporting CP respira união.
