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Integridade e transparência como eixo vital

Por Jornal Sporting
21 Abr, 2016

Emanuel Medeiros, CEO do ICSS, falou sobre as apostas online

“A minha intervenção é provocadora”, advertiu Emanuel Medeiros, CEO do Centro Internacional para a Segurança no Desporto (ICSS), que iniciou o painel subordinado ao tema ‘Novas (e convencionais) fontes de receita para os clubes’, no II Congresso ‘The Future of Football’. O aviso chegou já perto do final, quando o orador entrou, enfim, no tema que o trouxe ao Auditório Artur Agostinho: as apostas desportivas.

“Em Portugal, perdemos a oportunidade no que diz respeito às apostas, porque optámos por soluções de curto prazo”, começou por referir Emanuel Medeiros, centrando a questão na integridade do sistema – e dando a França como exemplo de um país em que os organismos que tutelam o futebol intervêm no processo de licenciamento, decidindo o que é ou não lícito. “Que tipo de protecção é dada ao consumidor? Zero. A integridade é vital”, atira o orador, especificando a importância de clarificar de onde e para onde vai o dinheiro, quem está por trás desta fonte de receita e de uma supervisão independente para apurar estes factores. “Não tenho nada contra o investimento externo, mas as condições têm de ser transparentes. É por isto não existir que o futebol é arrastado na lama”. “Como podemos fingir que vários agentes não se aproveitam do fenómeno desportivo?”, lançou. Emanuel Medeiros avisou que a intervenção era provocadora.

Antes, o orador mapeou o contexto em que o fenómeno futebolístico se desenrola hoje. As tradicionais fontes de receitas dos clubes (o investimento imobiliário ou os fundos governamentais) já não são suficientes e há um novo campo para ser explorado neste cenário. A venda dos direitos televisivos está sempre lá como fonte de receita – incrementada por novos elementos, como o ‘pay per view’ e os conteúdos pagos – mas as novas plataformas não podem deixadas de fora do tabuleiro do jogo. Emanuel Medeiros deu o exemplo da NFL, em que foi dado recentemente o passo decisivo de transmitir dez jogos via Twitter. “Quem imaginava isto? Os meios digitais mostram que o céu é o limite. O ‘video streaming’ nestas plataformas é uma oportunidade”, acrescentou o orador, que não tem dúvidas em afirmar que a televisão já não é – e cada menos será – predominante na forma de consumir o futebol.

O responsável do ICSS suportou esta ideia com recurso a números: de acordo com o relatório do consumo desportivo de 2014, o consumo móvel representa 50% na Itália, 70% nos Emirados Árabes Unidos e 30% em França. “Mais de 60% das pessoas consumiram os Jogos Olímpicos de Londres por dispositivos móveis”, exemplificou Emanuel, que afirmou ainda que a Internet é a segunda plataforma mais popular de consumo desportivo e que o YouTube, por exemplo, é a mais popular forma de acompanhar o desporto na Rússia. “O próprio estádio é uma plataforma multifunções”, referiu, deixando a porta aberta para a intervenção seguinte, de Steve Rickless, CEO da Triple Play.