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Foto D.R.

Império Leonino

Por Jornal Sporting
06 Jul, 2018

Editorial do Director interino do Jornal Sporting na edição n.º 3.683

Não há, porventura, na história da humanidade, maior imperador do que Alexandre, o Grande, macedónio que em 12 anos de poder expandiu o território original herdado do seu pai desde a ponta oriental da Europa, nas primeiras batalhas balcânicas, até às margens do Índico, espalhando Alexandrias e Alexandrópolis por uma extensão de terra que o tornaram um dos maiores conquistadores de sempre. Segundo rezam as lendas, chorou ao perceber que, chegado às costas do que é hoje o Paquistão, não tinha mais território para conquistar.

As lágrimas que se verteram no Pavilhão João Rocha no sábado passado, no desfecho do derradeiro campeonato, que fechou as contas das modalidades para a época 2017/18, tiveram o mesmo significado. Nada mais havia para conquistar. Não foram, contudo, de angústia ou frustração, como as de Alexandre, mas de Glória alcançada como nunca havia sido feito nos 112 anos de história do Sporting Clube de Portugal, comemorados no dia seguinte à tão importante conquista.

No ano de estreia de uma das mais importantes obras erguidas pelo Clube dos últimos anos, o Pavilhão João Rocha (PJR) abriu o seu ciclo de vida prometendo fazer plena justiça ao eterno nome que carrega. Pleno foi, também, o registo de títulos da nova, elegante e bela casa das modalidades leoninas. Todas as secções que se serviram do edifício que mudou a face da Cidade Sporting conseguiram ser campeões nacionais: voleibol, andebol, ténis de mesa, goalball, ginástica, hóquei em patins e, a fechar, futsal – a mais titulada modalidade verde e branca dos últimos anos, com um registo impressionante de sete vezes campeã nacional em nove épocas.

O jogo 5 da final da Liga Sport Zone, a negra frente ao rival – tal como já havia acontecido com o primeiro título celebrado no PJR, o de voleibol –, proporcionou novo momento de catarse familiar, como quem exorciza fantasmas que apregoam o estado calamitoso de um Clube que atravessa o mais forte e pujante momento da sua história. Que não se embarque, por isso, em discursos fatalistas ou se dê crédito a manchetes como "hecatombe". Se este cenário de verdadeiro império leonino nas modalidades é uma tragédia para alguns, então que a 'catástrofe' se prolongue ad aeternum.

Basta recordar que as sete modalidades acima referidas vão entrar em 2018/19 em qualquer recinto de jogo com as quinas ao peito – ou no braço –, não deixando a mínima dúvida de quem se sagrou e defende o estatuto de maior equipa nacional, qual primus inter pares. Uma responsabilidade que algumas destas equipas irão repetir: o andebol foi bicampeão e vai entrar em 2018/19 com o 'tri' em mente; o futsal sagrou-se tricampeão – tal como o ténis de mesa e o goalball – e vai (vão) lutar pelo tetra.

Neste balanço provisório, uma palavra para outras modalidades que, mesmo não usando o PJR, conseguiram os mesmos desideratos: judo; atletismo, não apenas campeão nacional mas também europeu, de pista e corta-mato, masculinos e femininos; natação; râguebi; tiro à bala; kickboxing; boxe; karaté; padel; bilhar...

Ficou conhecido esta quarta-feira [ver página 30] o segundo candidato oficial à Presidência do Sporting. Fernando Tavares Pereira surge com o lema "Unidos Venceremos", juntando-se ao "Unir o Sporting" de Frederico Varandas, o primeiro candidato a avançar publicamente. Pedro Madeira Rodrigues, ontem, deu-se a conhecer como o terceiro nome na corrida. Estamos agora, praticamente, a dois meses das eleições e a família leonina ficará tanto mais esclarecida quanto aos projectos em causa quanto mais clara, concisa e correcta – usando a velha terminologia da regra dos três cês jornalísticos – for a mensagem.

Por último, mas não menos importante, uma mensagem de apoio e de desejo das maiores felicidades a José Peseiro no cargo de treinador da equipa principal de futebol [ver pág. 6]. Recordo as palavras do ensaísta, filósofo e poeta libanês, Khalil Gibran: "Não se pode chegar à alvorada a não ser pelo caminho da noite". O amanhã é já hoje.