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"Os fundos querem criar dependência"

Por Jornal Sporting
12 Nov, 2015

Bruno de Carvalho explica ao 'L'Équipe' os males dos fundos no futebol

Bruno de Carvalho, Presidente do Sporting, concedeu uma entrevista ao ‘L’Équipe’ onde fala especificamente num tema que reúne cada vez mais atenção (e preocupação) no mundo do futebol: os fundos. “Porque faço guerra aos fundos? Não sei se podemos falar em guerra. Somos fundamentalmente contra a entrada no futebol, a grande escala, de dinheiro que não conhecemos a sua proveniência, de negócios desequilibrados. Os fundos ganham sempre, transfiram jogadores bons ou maus. Há três coisas que no mínimo reclamamos: avaliar as experiências passadas e actuais para evitar que o futebol entre neste mundo sem medir as consequências; saber quem são os parceiros desses fundos e de onde vem o dinheiro; e que os fundos não possam imiscuir-se, de uma forma ou outra, na gestão dos clubes”, explica o líder ‘leonino’.

“Os fundos querem criar dependência. É um pouco como se vendessem droga, que os seus clientes vão precisando de mais e cada vez mais. Entra-se num ciclo vicioso: mais dívidas, mais recurso a fundos, mais dívidas. Há bons e maus fundos de investimento mas é preciso fazer essa separação. Não podemos investir três milhões de euros num jogadores e depois acabar com uma dívida de 15 milhões”, acrescentou antes de falar em taxas de 10% a 12%, que podem chegar aos 50%, e de responder à grande dúvida ‘Porque existe tanto interesse dos clubes nos fundos?’: “Porque isto é a América dos ‘cowboys’, a ruína contra o ouro. Quando cheguei a Presidente do Sporting, 95% dos jogadores pertenciam a fundos e tínhamos os piores resultados da nossa história e uma dívida que ascendia a 500 milhões de euros, a nossa esperança de vida era de três meses. Na época seguinte, ficámos em segundo e voltámos à Champions. Depois cortar com os fundos, melhorámos os resultados desportivos e conseguimos equilíbrio financeiro. Ao contrário do que dizem, os fundos aspiram dinheiro que é do futebol e reduzem a capacidade financeira dos clubes”.

Bruno de Carvalho falou também do caso que envolve o Sporting e a Doyen. “Os fundos querem fazer dinheiro sem correr o mínimo risco mas um verdadeiro parceiro é aquele que partilha dos riscos. Para a Doyen ser um parceiro teria de mudar os dirigentes ou a origem desse dinheiro. Sei que temos 100% de razão no caso mas já vi muitos inocentes na prisão e criminosos na rua”, concluiu.