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O “Senhor Atletismo”

Por Miguel Braga*
11 Fev, 2021

(...) foi também por altura desses feitos que o meu pai me disse: “por trás de um grande fundista português estará sempre o professor Mário Moniz Pereira”

Cresci em casa tendo o professor Moniz Pereira como uma das grandes referências nacionais até porque o meu pai acompanhava, como podia, os resultados, performances e afins de todo o atletismo do Leão. Os dois tinham por hábito ter longas conversas que começavam sempre na música (nota: o professor também foi autor de alguns fados, entre eles “As duas Faces do Amor”) e descambavam invariavelmente nas pistas 
de tartan.

Numa altura em que havia apenas dois canais de televisão, o Sporting Clube de Portugal costumava ou ser o único Clube português presente nas grandes provas internacionais ou aquele que, com alguma frequência, colocava atletas no pódio. E foi assim, que nos primeiros anos da década de 80 do século passado, me habituei a ver na televisão os feitos de Fernando Mamede ou Carlos Lopes, mas também de Ezequiel Canário, Joaquim Pinheiro, gémeos Castro e tantos outros.

1984 acabou por ser o ano que ficou marcado para sempre na nossa memória colectiva: não só pelo recorde mundial de Mamede nos 10 000 metros no meeting de Helsínquia, não só pela vitória e respectivo ouro de Carlos Lopes na maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, mas porque foi também por altura desses feitos que o meu pai me disse: “por trás de um grande fundista português estará sempre o professor Mário Moniz Pereira”.
Nesta edição do Jornal Sporting, dedicamos algumas páginas [14 a 19] ao “Senhor Atletismo” português. Vários jornais não seriam suficientes para explicar a grandeza de alguém que dedicou a vida ao Sporting CP e ao desporto nacional, formando campeões de eleição, mulheres e homens que ganharam os mais diversos títulos envergando a camisola do Clube e também de Portugal. Tentamos, de forma resumida, dar a conhecer aos mais novos e recordar a todos os outros, a vida e legado de um dos grandes portugueses do século XX.

Salvador Salvador renovou na semana passada com o seu Clube do coração, terminando assim uma novela e um assédio a uma das grandes figuras do presente e do futuro do andebol nacional. Em entrevista (páginas 22 a 24), o jogador explica que “as notícias iam saindo e (…) a maior parte delas só serviam para me desestabilizar a mim e à Direcção do Sporting CP. Sempre tive a cabeça no Sporting CP, assim como o coração”. De corpo, alma e coração no Clube, Salvador Salvador terá agora mais responsabilidades, até porque também chegou a altura de deixar ir outro dos nossos, o consagrado Frankis Carol, que se despede nas páginas 26 a 28: “não podia dizer que não, é uma grande oportunidade para mim e tenho de a aproveitar. Agradeço ao Sporting CP ter compreendido o meu lado e deixar-me ir”. O jogador cubano, internacional pelo Qatar, fez quase 400 jogos pelo Clube e marcou 1621 golos de Leão ao peito, envergando também a braçadeira de capitão e conquistando vários títulos. A Frankis, o nosso agradecimento.

E se há homem a quem os Sportinguistas também agradecem a dedicação, esse homem é Nuno Dias, figura central do futsal do Sporting CP, treinador vencedor e de currículo simplesmente invejável. Será ele o nosso próximo convidado do ADN de Leão (pág. 29), o podcast que continua a dar a conhecer o outro lado dos nossos Leões e Leoas.

No futebol mantemos a concentração, o foco e a vontade de vencer o próximo jogo. Temos 48 pontos, mas faltam ainda 48 pontos em disputa. Tal como disse depois do jogo com o Gil Vicente FC, o presidente Frederico Varandas, “se a força é uma qualidade importantíssima para alcançar a vitória, a inteligência ainda é mais, por isso queria fazer um apelo a todos os Sócios e adeptos: o Sporting tem de respeitar sempre os seus dois rivais. Têm muita força dentro e fora do campo. É um erro histórico não o fazer. A arrogância, a bazófia, são meio caminho para a derrota e uma vitamina extra para os nossos rivais”. O caminho é longo ainda e devemos todos manter a humildade e os pés bem assentes na terra. 

 

Editorial da edição n.º 3806 do Jornal Sporting

* Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal