O Caso do VAR
17 Set, 2021
Na grande área portista, na sequência de uma jogada de envolvimento com Coates, Pepe dá um soco no queixo do nosso central.
O campeonato ficou indelevelmente marcado pelo que se passou na última jornada. Deu-se um grave ocaso do VAR. Trocadilhos à parte, o que se passou no jogo em que recebemos o FC Porto foi preocupante. Erros a mais e com demasiada influência no resultado para passarem em claro.
Começando pelo futebol jogado, o Sporting CP fez uma das melhores primeiras partes contra a equipa portista dos últimos anos. Enquanto o FC Porto mal conseguiu esboçar uma jogada de ataque, o Sporting CP não apenas marcou o seu golo, como podia ter encostado a bola nas redes adversárias mais uma ou duas vezes. No segundo tempo, o ritmo diminuiu, mas continuou a ser o Sporting CP a dominar as dinâmicas do jogo. Os portistas acabaram por marcar o golo do empate no único remate enquadrado que fizeram à baliza, o que resume na perfeição o ascendente leonino.
Onde o jogo torceu o resultado foi nas desastradas intervenções arbitrais. Podia falar da chuva de cartões amarelos: antes de cinco minutos de jogo, já havia três. Também podia descrever a mudança de critério nesta febre amarela: se o árbitro Nuno Almeida o mantivesse, teria que ter mostrado o segundo amarelo e expulsado Marcano por rasteira fora de tempo a Paulinho, aí pelos 20 minutos. Igualmente podia mencionar o cartão amarelo que ficou por mostrar a Otávio, já perto do intervalo, por ter causado enorme confusão. Ou então, o vermelho que ficou por exibir a Toni Martinez por agarrões a camisolas de dois jogadores do Sporting CP, só tendo levado um amarelo. Como se vê, não foi uma noite feliz para a arbitragem.
Porém, o que foi mesmo incompreensível foi como o VAR falhou por omissão de forma pornográfica, tal a evidência do lance. Na grande área portista, na sequência de uma jogada de envolvimento com Coates, Pepe dá um soco no queixo do nosso central. Foi um soco porque Pepe fecha o punho e até cerra os dentes, demonstrando a sua intencionalidade. Nas sempre férteis teorias de alguns comentadores, inventou-se (não há outro verbo possível, foi mesmo uma invenção) que Coates quase fez com que Pepe tivesse que lhe dar um soco para se libertar. Semelhante delírio mereceria uma distinção honorífica pela criatividade. Foi, simplesmente, uma agressão que ficou por punir com expulsão e grande penalidade e que falseou o resultado do jogo. Num campeonato ainda no início, este lance deve ser exibido à exaustão para demonstrar como não deve o VAR actuar. Sobra muita preocupação se assim não for.