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Filhos de um Deus menor

Por Miguel Braga
28 Out, 2021

Nos últimos anos habituámo-nos à figura do VAR num jogo de futebol

Nos últimos anos habituámo-nos à figura do VAR num jogo de futebol. Em Portugal, a primeira experiência aconteceu na final da Taça de Portugal de 2016/2017, seguiu-se a Supertaça Cândido Oliveira de 2017 e o arranque oficial aconteceu no início da Primeira Liga de 2017/2018. No final dessa época, Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, fazia um balanço positivo da introdução da tecnologia dentro das quatro linhas: “Os resultados são evidentes. Neste momento há 16 decisões revertidas. Seriam más decisões, que foram transformadas em boas decisões. Nem que fosse só uma ou duas já deveríamos estar satisfeitos com o processo”. Também Pedro Proença, presidente da Liga Portugal era um homem e um ex-árbitro satisfeito: “Desde a primeira hora que aplaudimos esta decisão da Direcção da Federação de implementar o vídeo-árbitro. Foi uma das primeiras ligas a ter esta tecnologia introduzida nas suas competições, e os resultados são extremamente positivos”. Estas declarações estavam na mesma linha das afirmações de Gianni Infantino, presidente da FIFA, sobre o VAR: “fizemos uma análise académica e chegámos à conclusão de que o VAR é bom para o futebol e para a arbitragem, traz mais justiça aos jogos. Por isso, decidimos avançar”. E assim foi. De um dia para o outro, o VAR que se estranhou, entranhou-se na cabeça de cada adepto, jogador, treinador e agente do futebol. E, nos dias de hoje, ver um jogo sem VAR, põe a nu possíveis falhas humanas das equipas de arbitragem que, sem a ajuda preciosa da tecnologia, erram, aqui e ali, com mais frequência e de uma forma a que, simplesmente, já não estamos habituados.

Na passada terça-feira, em jogo a contar para a fase de grupos da Taça da Liga, o Sporting CP recebeu e venceu o FC Famalicão (2-1), num jogo que não contou com a ajuda electrónica do VAR. Em causa não está, nem é essa a intenção do texto, a competência, honra e capacidades de Manuel Mota e dos seus assistentes. A velocidade do jogo, de facto, não permite ao árbitro de campo tomar todas as decisões em posse de toda a informação possível. O lance logo aos 9 minutos, quando Penetra corta com a mão um centro de Sarabia, é exemplo disso mesmo: lance de muito difícil análise dentro de campo, lance claro através da repetição, lance óbvio de VAR.

A razão para a não existência do VAR nesta fase da competição será por equidade competitiva: os Clubes da 2.ª Liga ainda não têm VAR “implementado” e seria injusto ter jogos com recurso ao vídeo-árbitro e outros sem acesso à tecnologia. A história muda, claro, chegados à Final Four. Até lá, estes jogos parecem coisa de um passado recente e que não queremos que regresse. O VAR é, de facto, uma óptima ferramenta e deve ser cada vez mais universal. Que investimentos futuros passem por artilhar mais clubes e competições em Portugal com o VAR. Em nome da justiça e em nome do futebol.