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Vitória

Por Pedro Almeida Cabral
10 Nov, 2022

Um jogo em casa contra o Vitória SC é sempre especial para mim. Faz-me recuar muitos e bons anos até à primeira vez que assisti a um jogo do Sporting Clube de Portugal ao vivo e a cores. Corria a década de 80 e obriguei o meu pai, benfiquista, a levar-me, finalmente, a ver um jogo do Sporting CP no nosso Estádio antigo. Contrariado lá me levou, certamente desgostoso. Com nove anos extasiei-me com bancadas repletas, cânticos ruidosos e jogadores como Damas, Venâncio ou Manuel Fernandes. O resto foi história. Nunca mais larguei o Sporting CP e regressei vezes sem conta ao Estádio, já sem o meu pai, que uma vez só lhe tinha bastado.

Foi com estas memórias presentes que fui ver o desafio contra o Vitória SC no sábado passado. Estádio composto, assistência animada e uma enorme vontade de dar a volta aos desaires recentes. O cenário perfeito para esconjurar fantasmas e arrancar uma vitória esclarecedora. E foi exactamente isso que aconteceu, com três golos sem resposta. Um Sporting CP confiante e dominador soube controlar o jogo. Adán praticamente não tocou na bola. Porro, Matheus Reis e Morita estiveram em bom plano. E Edwards, com intervenção nos três golos, marcando um, demonstra que cada vez que toca na bola, consegue fazer magia. Merecíamos um jogo assim, com as nossas redes invioladas e excelentes momentos de bom futebol, a recordar outros tempos. Antes da pausa para o Mundial, segue-se o FC Famalicão em casa alheia. A única opção é vencer e será isso que, estou certo, irá acontecer. 

PS: intensos afazeres profissionais impediram-me de escrever esta coluna algumas vezes nas últimas semanas. Mas não queria deixar de assinalar a triste notícia do falecimento de Lavínia Brito Paes há precisamente um mês, com 90 anos de idade. Como, por muitas vezes já escrevi aqui, a história do desporto em Portugal confunde-se com a história do Sporting CP. E a vida desta antiga atleta do Clube, ecléctica e multifacetada, assim o demonstra. Competiu com as cores do Sporting CP nas modalidades de voleibol, badminton, natação e atletismo. Foi capitã da primeira equipa da selecção nacional feminina de voleibol e Campeã Nacional pelo Sporting CP nos lançamentos do peso e do dardo em 1955. Além de dirigente, foi também professora de ginástica no Clube. Uma mulher do desporto num tempo em que o desporto não era para mulheres e que encontrou no Sporting CP um espaço onde pôde fazer tudo o que queria. Infelizmente, a forma como o seu desaparecimento passou despercebido revela bem a pouca atenção que se dá aos protagonistas maiores do desporto em Portugal.