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O Daniel tem Coração de Leão

Por Juvenal Carvalho
27 Abr, 2023

Um extraordinário trabalho do Jornal Record do passado domingo, dia 23 de Abril, assinado pelos jornalistas Filipe Dias − o meu amigo Filipe − e Bruno Fernandes, com fotografia de Pedro Ferreira, fez-me recuar no tempo e recordar. Recordar com saudade, mas sobretudo com a felicidade de saber que ele conseguiu, e com que sucesso, ser o que sempre almejou, um excelente jogador e sobretudo um Homem de valores. Falo de Daniel Carriço, aquele menino de ontem, que tive o extraordinário privilégio de ser seu delegado quando ele nos infantis já era diferenciado, e garbosamente ostentava a braçadeira de "capitão" do seu clube do coração. 

Certo dia, o senhor Manolo Vidal, um dirigente que foi uma referência, não só para mim como para milhares de Sportinguistas, referindo-se a declarações tidas na imprensa por um antigo jogador da nossa formação que rumaria ao rival, disse que: "Apenas conseguiu ser um bom jogador, pelos vistos falhámos na sua formação humana". Falava, pois, de um caso pontual, que é, no entanto, revelador que a memória dos homens por vezes é curta.

Mas se essa frase serviu para esse jogador, cuja palavra gratidão não consta no seu dicionário, para Daniel Carriço, bem como para a grande maioria dos jogadores por nós formados, desde a "academia" do pelado em frente à Porta 10-A do antigo estádio, passando pelos pelados do ADCEO, do Sporting da Torre, e outros, onde por exemplo Daniel Carriço treinou, antes da inauguração da 'Academia Cristiano Ronaldo', todos eles são gratos ao símbolo do Leão.

Daniel Carriço, que o brilhante percurso da sua vida levou ao estrelato, era daqueles que, para quem como eu o conhecemos em criança, estava destinado a ter sucesso. 

Além de um Leão indomável, para quem o símbolo estava acima de tudo e de todos, era de uma têmpera e de uma generosidade incrível. Que dava tudo até à última gota de suor. Era ainda um menino diferenciado, que privilegiava igualmente os estudos, por estar alicerçado numa família muito próxima e preocupada com ele. Gente boa e de valores.

Era mesmo alguém com uma postura já bem adulta para a idade, de uma equipa de infantis que tinha, entre outros, Rui Patrício, Rúben Gravata, Tiago Pinto, Marco Lança, Sandro Conceição, João Gonçalves, João Martins, Pedro Santos, Kevin Soares, Cristiano Lima, Kifuta, Sebastião Nogueira e Fábio Paim, treinados pelo míster Nuno Naré. Uma equipa que me marcou muito por ter sido a primeira da minha chegada ao futebol para ajudar como delegado o meu saudoso amigo Honório Vieira, que era como um "pai" para cada menino, que gostavam genuinamente dele. Um delegado também ele especial.

Foi, pois, com especial gula que li cada linha do trabalho do Record e pensei que o tempo voa irreversível e incontornavelmente. O Daniel Carriço já terminou a sua carreira que eu vi começar. Parece que foi ontem, Daniel. Se estava escrito que irias ter sucesso, porque tinhas tudo para o concretizar, foi subindo a corda da vida a pulso que o conseguiste. E o que conseguiste foi muito. Sempre foste uma referência por onde passaste. Daqueles que marcava a diferença. Foi na "universidade" com a chancela do Leão que tudo começou. Um orgulho tremendo em ti. Obrigado por tudo, Daniel Coração de Leão.