Sporting CP é o novo detentor da Taça CTT, depois de vencer o Vit. Setúbal nos penáltis (5-4)
O futuro do futebol escreve-se dentro das quatro linhas, mas será que o passado consegue ter força para influenciar o presente? Se acha que sim, William escorregou antes de bater a quinta - e decisiva - grande penalidade. Se acha que não, embora William tenha escorregado antes de bater a quinta - e decisiva - grande penalidade, a 'redondinha' entrou e o Sporting CP conquistou, pela primeira vez na sua história, a Taça CTT.

Pois bem: o plantel de Jorge Jesus escolheu a segunda opção, passando por cima de todo o passado que lhe poderia hipotecar o presente. Falamos dos cinco encontros entre as duas equipas, nesta competição, e das zero vitórias dos leões (dois triunfos dos sadinos e dois empates); falamos do sucesso do Vitória na única final disputada frente aos verdes e brancos, em 2008, após o desempate por grandes penalidades. Esses factores poderiam ter pesado. No entanto, o que o conjunto leonino quis mesmo foi conhecer o peso da taça.
Sem Gelson, por lesão, e sem Acuña, por opção, Montero e Bryan Ruiz saltaram para o 11 titular. Essas foram, talvez, as únicas 'movimentações' que o Sporting CP conseguiu fazer no primeiro tempo, já que os comandados de José Couceiro controlaram o meio-campo - local onde William Carvalho e Bruno Fernandes não foram capazes de se entender. O adversário foi tão competente que até 'coordenou' os ressaltos, ganhando a segunda bola 99,9% das vezes. Sem mais demoras, colocaram-se em vantagem (4'), por intermédio de Gonçalo Paciência, que rodopiou diante de Jérémy Mathieu, obrigando Rui Patrício a ver o remate escapar-lhe por milímetros.
Não havia meio de os leões atinarem com a estratégia. O esférico queimava. De tal forma, que um qualquer estrangeiro que estivesse, pela primeira vez, a ver o Sporting CP, poderia questionar-se se aqueles atletas já tinham jogado juntos alguma vez. O único momento de empatia surgiu através de um pontapé de canto cobrado por Ruiz, do lado esquerdo - Dost cabeceou sem convicção, para as mãos de Trigueira (13').
Ainda no intervalo, Battaglia e Acuña saltaram do banco para o aquecimento. Quando Rui Costa apitou para a etapa complementar, esses dois ocuparam os lugares de Bryan Ruiz e Rúben Ribeiro. Bruno Fernandes, entretanto, passou para o lado direito do ataque. Nesse instante, o Sporting CP 'redescobriu-se', sendo que não se safou do susto aos 50', altura em que Costinha falhou o 2-0 de forma escandalosa - não é por acaso que Rui Patrício tem 'Santos' no nome.
Com muito coração, mas, por vezes, com pouca cabeça, os verdes e brancos 'cegaram' na direcção da baliza contrária. Coates falhou na cara do golo, aos 54', e Podstawski evitou o golo aos 76', depois de um daqueles lances de consola, em que a bola não quis entrar por nada deste Mundo. O grande problema foi a forma como o médio o evitou: com a mão. Após longa paragem para o árbitro consultar o VAR, Bas Dost, chamado à marca do castigo máximo, levou os adeptos do Sporting CP à loucura (80').
Ao som do término para o tempo regulamentar, voltou a 'ouviur-se' o passado: os leões já tinham perdido duas finais neste sistema - além do Vit. Setúbal, também o Benfica saiu por cima, em 2009. Sem medo, Jorge Jesus repetiu Coates e William, que tinham falhado as suas tentativas frente ao FC Porto. Podstawski, à terceira, atirou à barra, falhando a única das nove grandes penalidades.
William Carvalho encarregou-se de correr, escorregar... e finalizar de forma assertiva, permitindo ao Clube escrever o seu nome na história da Taça CTT. O resto? Magia nas bancadas e champagne no relvado.