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Opinião

Em frente

Por Pedro Almeida Cabral
15 Dez, 2022

O Sporting Clube de Portugal passou com distinção a fase de grupos da Taça da Liga. Numa altura em que havia quem questionasse o empenho da equipa, esta respondeu de forma esclarecedora. Foram três vitórias em três jogos, com 13 golos marcados e zero golos sofridos. Os adversários não eram acessíveis e não se creia que facilitaram. O Rio Ave FC segue tranquilo na tabela classificativa da Primeira Liga e o SC Farense está bem colocado para regressar ao escalão principal do futebol português. Somente o CS Marítimo aparenta estar mais frágil, seguindo nos últimos lugares da Primeira Liga. Porém, o mais relevante é que nestes três jogos foram visíveis novos entrosamentos, começou a revelar-se um jovem que muito promete acrescentar ao nosso meio-campo e parece em curso uma bem-sucedida recuperação de um jogador que não tem tido boa fortuna. Por partes. 

Paulinho está em crescendo. Mais solto, mais livre e mais leve, o avançado atravessa um bom momento de forma. Os três golos marcados contra o CS Marítimo ainda na primeira parte poderiam ser apenas golos. Mas foram um pouco mais do que isso. Surgiram nos três primeiros remates de Paulinho e resultaram de desmarcações inteligentes. É este confiante Paulinho que irá marcar decisivamente o que resta da época, estou certo. No mesmo desafio, Mateus Fernandes, que foi titular, justificou as palavras elogiosas que Rúben Amorim tem utilizado a seu respeito. Posicionou-se no meio-campo Leonino com maturidade e acerto. Não fugiu do jogo e ainda teve um grande passe para o quarto golo, apontado por Porro. A crescer assim, em breve será mais vezes titular. Por fim, uma palavra para Jovane Cabral. Fustigado por lesões e por algumas incertezas que rodeiam o seu percurso, jogou de início com a sua força habitual, embora num papel um pouco diferente, construindo (com sucesso) mais do que rematando. Com esta presença em campo, é uma mais-valia importante para o nosso 11. Seguem-se os quartos de final da competição, contra o SC Braga, na próxima segunda-feira. Todos seremos poucos para apoiar a equipa no nosso Estádio e seguirmos em frente!     

PS: Não podia deixar de assinalar o recente falecimento de um dos nomes maiores do basquetebol Leonino, Hermínio Barreto. Mais do que o jogador, que contou e muito para a conquista do título de campeão nacional de basquetebol do Sporting CP de 1959/60, foi também um técnico decisivo na construção das equipas Sportinguistas que dominaram o basquetebol nacional no final dos anos 70 e início dos anos 80 do século passado. Reconhecido como estudioso da modalidade, foi igualmente um Sportinguista dedicado e devoto a quem muito devemos.

Respeitem-nos, sff

Por Juvenal Carvalho
10 Dez, 2022

Gosto pouco de injustiças, sobretudo quando as mesmas mexem com o nosso símbolo, e que ninguém julgue que esta minha coluna de opinião de hoje é movida por qualquer sintoma de azia ou de frustração. Antes pelo contrário. É só mesmo pelo motivo com que iniciei este meu escrito: Porque detesto injustiças.

E quando me refiro a injustiças, e na era dos opinion makers, que são cada vez mais a falar de cátedra de futebol em horário nobre televisivo, mesmo que do fenómeno pouco entendam, e onde são ditas as maiores barbaridades a valorizar uns, em função da tonalidade das lentes, em detrimento de outros, e onde como Sportinguista me sinto ofendido com o que ouço, e também com o que leio.

Estou, sempre estive, acima do meu apoio à selecção nacional em função da convocatória de qualquer seleccionador, seja de que modalidade for, levar ou não atletas do Sporting CP. Gosto mesmo, e genuinamente − quem me conhece bem pode atestar o que digo − da selecção do meu país. O que já não consigo, porque não gosto de ser comido de cebolada, é tolerar as maiores barbaridades, como ironias em relação ao facto do nosso Clube não levar atletas ao Mundial do Catar, e a ter "orgasmos" com a formação dos rivais, quando, por mais que esperneiem e tentem passar para o exterior as suas leituras enviesadas e até maldosas, não conseguem apagar a história. 

E se é discutível a justiça ou a falta dela de não levar jogadores do Sporting CP ao Mundial, já não tolero que se omita a história ou que, como atrás referi, movidos por lentes rubras, digam as maiores barbaridades, sobretudo sobre o papel formativo dos clubes.

Para que conste, e se for preciso esclarecer os arautos da sapiência, aconselho-os a visitar o museu, como um dia um presidente do nosso Clube fez a um presidente de um clube adversário que na sua pequenez se sentia um 'gigante' quando fazia paralelismos com o nosso Clube. Foi lá e percebeu a realidade, vergado pelos números.

A estes, que falam do brilho da formação dos nossos adversários − que inquestionavelmente terão o seu mérito − esquecem-se do papel de todo o sempre do Sporting CP ao formar "só" dois melhores do Mundo como Luís Figo e Cristiano Ronaldo, bem como tantos outros, esquecendo até que no único troféu conquistado pela selecção a nível sénior foram baptizados de "Aurélios" os atletas da nossa "cantera", que tão determinantes foram nesse êxito. 

E não estou rigorosamente a falar de passado. Tantos desses fazem ainda furor por essa Europa fora. Valorizem nos outros o que tem que ser valorizado. Não me incomoda. Muito mais me incomoda que se omita, propositada ou selectivamente, aquele que é o clube que mais e melhor tem fornecido jogadores à selecção nacional. E esse é, desde há muitos anos, o Sporting Clube de Portugal. Para alguns deles deixo-lhes aqui uma nota.  A História não se apaga. Digam o que quiserem. Porque a realidade verga-os pelas evidências. Tenham respeito. Claro que não generalizo, mas este escrito é endereçado a vários. Uns nem sei como se chamam, por irrelevantes, só sei o que dizem. E o que dizem é, além de ridículo, desrespeitoso para um clube como o nosso, que é reconhecido no exterior, e não por acaso, como um dos que mais e melhor forma a nível mundial. As mentiras repetidas muitas vezes não passam a ser verdade. Para que conste.  

Diferentes

Por Pedro Almeida Cabral
10 Dez, 2022

Muitas vezes se diz que o Sporting Clube de Portugal é um clube diferente. Embora não se saiba bem em que consiste essa diferença. Fala-se numa maior cultura desportiva dos Sportinguistas. O que tem fundamento. Quando um dia se fizer uma verdadeira História do desporto em Portugal, será evidente aquilo que vou escrevendo por aqui: a História do futebol e de muitas outras modalidades em Portugal confunde-se com a História do Sporting CP. O desporto português tem raízes fundas no Clube. Daí que não surpreenda que tantos Sportinguistas acompanhem mais do que uma modalidade e conheçam detalhadamente o percurso de vários atletas.

Há quem justifique a diferença com o maior apego dos Sócios e adeptos ao Clube. Há uns anos, um estudo conduzido pela Universidade Europeia concluiu que os adeptos do Sporting CP eram os mais comprometidos com o clube, acima dos adeptos do SL Benfica e do FC Porto. Quem conhece o panorama desportivo nacional sabe bem que os nossos Sócios e adeptos acompanham infatigavelmente a realidade Sportinguista em todas as horas, na derrota e na vitória. O que nem sempre sucede nos outros clubes. 

Talvez a tão apregoada diferença do Sporting CP resida afinal em algo mais simples. Numa entrevista levada a cabo pelo jornal Record há umas semanas, o nosso treinador de hóquei em patins, Alejandro Domínguez, deu conta do que está a ser o seu trabalho no Sporting CP. Como é sabido, Domínguez treinou o SL Benfica por três épocas. Foi com curiosidade que perguntaram ao argentino que diferenças havia entre os dois clubes. Sem ponta de provocação e com sinceridade, Domínguez respondeu que no Sporting CP havia bem mais familiaridade entre todos, ao contrário do rival, onde as relações eram mais distantes. 

Pode parecer que se trata de um mero detalhe. Mas não. Há no Sporting uma vitalidade única. Quem treina ou joga no Clube não esquece e fica adepto do Sporting CP para o resto da vida. É frequente treinadores, atletas, seccionistas, diretores e adeptos travarem relações que perduram para além das circunstâncias efémeras de um jogo ou de um campeonato. Em vez de megalomanias de invencibilidades eternas ou de descabidas proclamações de afirmação política, o Sporting CP nasceu e vive ainda hoje saudavelmente o desporto como uma oportunidade para todos, sem “distinção de forças”, como afirmava José Alvalade, querendo dizer que o desporto é de todos e para todos. É esta forma de sentir o Clube que forja os laços de proximidade de que fala Domínguez e que nunca se desviou do ideal centenário que fundou o Clube. No fundo, é simples: somos diferentes porque somos Sporting CP.

"SCP – Green Quest"

Por André Bernardo
10 Dez, 2022

Editorial da edição n.º 3901 do Jornal Sporting

Uma das siglas que mais se vulgarizou no léxico organizacional nas últimas décadas foi VUCA. O acrónimo, de origem anglo-saxónica, é significado de Volatility (Volatilidade), Uncertainty (Incerteza), Complexity (Complexidade), Ambiguity (Ambiguidade), numa referência aos quatro principais desafios da nova era em que vivemos.

Poderá por isso, à primeira vista, parecer paradoxal querer estabelecer eixos estratégicos que assegurem a perpetuidade, numa nova era pautada pelos quatro fenómenos que acima referi, em que rapidamente o dia de amanhã é diferente do dia de hoje. Porém, a única forma de lidar com a VUCA é ter guias de conduta que permitam, quer aos indivíduos quer às organizações, estarem munidos das capacidades e da resiliência necessárias para enfrentar os desafios que se vão colocando a cada momento. 

Foi esse desafio de perpetuidade, ambição de todos no Sporting CP, que internamente nos lançámos, tendo em consequência definido três Eixos Estratégicos de base – SCP − nos quais assentará a nossa Visão Estratégica para 2023-2026 (em desenvolvimento neste momento) e que apresento de seguida num breve resumo prévio. 

S - Sustentabilidade  
Tudo o que não é sustentável é insustentável. Ou seja, deixa de existir, não perdura no tempo.  O Sporting CP terá de preocupar-se em ser sustentável sempre e é por isso que este deve ser um dos nossos eixos estratégicos condutores perenes. 
Entre outras várias coisas, isto implica um compromisso interno, nas decisões directamente relacionadas com o Clube, e externo, nas que afectam o meio envolvente, entre o curto e o longo prazo. 

C - Colaboração
“Nenhum Homem é uma Ilha”. A natureza humana é social e a nossa sobrevivência enquanto espécie depende disso. As formas de colaboração podem, e vão alterar-se, ao longo do tempo, mas a necessidade de colaborar, de abordar holisticamente os desafios e soluções, entender os seus efeitos sistémicos, dependerá sempre, e cada vez mais, de uma estreita colaboração endógena e exógena. A efectividade das equipas reside em assegurar a melhor relação entre as várias partes que as constituem, porque elas são interdependentes. Somente através da optimização da colaboração asseguramos que o todo é maior que a soma das partes. 

P – Performance
Na génese da performance está algo intrínseco à natureza humana – a motivação. Ela nunca pode deixar de existir, nem a vontade permanente de sermos melhores e de melhorarmos a nossa performance em tudo o que fazemos. 

Estes três eixos já constituem actualmente a constelação guiadora do caminho que estamos a fazer e que permitirá, de geração em geração, passar o testemunho do Sporting CP. 

Em demonstração disso mesmo, ontem anunciámos que publicaremos um Relatório de Sustentabilidade esta época, com o compromisso de neutralidade carbónica e auto-suficiência energética em 50% até 2050. Estamos neste momento em fase de conclusão da avaliação técnica para a instalação de painéis fotovoltaicos no Estádio José Alvalade e no Pavilhão João Rocha, de forma a tornarem-se Unidades Produtoras de Autoconsumo (UPAC) com a respectiva criação de uma Comunidade de Energia.

Lançámos também o primeiro de três anúncios da campanha de Natal que materializa este esforço de Deixar a Nossa Marca em tudo o que fazemos. Convido todos a verem esta trilogia de filmes.  

Finalmente, hoje damos eco no Jornal ao lançamento de um novo conteúdo já anteriormente anunciado − Green Quest – que traz um novo formato, em registo documental, retratando pessoas e histórias de quem contribui positivamente para um mundo mais SCP.

A 'prata' dos meus amigos

Por Juvenal Carvalho
02 Dez, 2022

Um homem já idoso, que comigo se cruzou acidentalmente, mas muito sábio quanto ao Sportinguismo, disse-me um dia, numa tarde chuvosa em que eu regressava a casa de semblante triste depois de um dia menos bom da nossa equipa de futebol, em pleno Estádio José Alvalade, uma frase que guardei no tempo: ' Olha, rapaz. Não fiques triste. Porque ninguém ganha sempre, e se o Sporting ganhou, Viva o Sporting. Se o Sporting perdeu, Viva o Sporting'. Assumo que me marcou, porque então, era ainda adolescente, e nunca antes tinha ouvido algo tão profundo no que respeita à minha vivência Leonina. E com isso, pese a indelével passagem pelas marcas do tempo, sempre me revi nessa frase, que me fez perdurar até ao momento, e assim continuará para todo o sempre. 

Foi sempre esse o espírito que me norteou o Sportinguismo, e que, por mais triste − sou emocional − que fique, dou por mim a pensar que nada acaba num momento menos bom do nosso Sporting Clube de Portugal. Até porque depois dos maus momentos, como naquele velho ditado popular que diz que depois da tempestade vem a bonança, no Sporting CP vieram conquistas atrás de conquistas, que sendo o todo a soma das partes, nos faz ser hoje um Clube de dimensão planetária.

Sendo que estou a pouco tempo de receber o emblema de ouro, por causa de uma filiação que nasceu em criança, foi com especial agrado que no passado sábado vi as redes sociais serem invadidas por amigos meus a receber o emblema de prata. Com que orgulho eles partilharam aquele momento. Recuei cerca de 20 anos no tempo e veio a recordação da minha "prata leonina". Nunca me importei por quem seria entregue ou quem fosse o presidente que lá estivesse. Quis foi ali estar com a minha filha a meu lado para receber o Leão na lapela do casaco. Foi inolvidável. Por isso sei o que eles sentiram. É "apenas" um emblema de prata, mas com um simbolismo que só quem o recebeu sente. Como outros que já receberam o de ouro, ou até o de diamante. É o reconhecimento da dedicação ininterrupta ao nosso Clube. E tão garbosos que ficamos.

No meu caso, conto os dias − o tempo voa e não chega aos dedos de uma mão os anos que faltam para o meu "ouro", para lá estar, desta feita com a minha filha, mas também com a minha neta, a Leonor, também ela Associada desde o dia em que nasceu. Sei que é impossível, mas gostaria que nesse momento a entrega do meu emblema fosse feita por Francisco Stromp. Porque quem um dia já longínquo no tempo disse algo como isto: "Não é o Sporting que se orgulha do nosso valor. Nós é que que nos devemos sentir honrados de ter esta camisola vestida'", merece de mim, e de qualquer Leão, o nosso apreço. É para mim a figura mais marcante de um clube repleto de pessoas marcantes. Mas o símbolo, esse, está acima de tudo e de todos. Quando falo em todos, não é preciso ser Leão de prata, de ouro ou de diamante. Porque ser do Sporting Clube de Portugal, que como invariavelmente costumo dizer não se explica, sente-se, não é sequer necessário ser Associado. Porque o Sportinguismo não se mede, nem ninguém é mais Sportinguista que ninguém, e isto da aldeia mais recôndita ao local mais cosmopolita. 

"Ordem ou Progresso"

Por André Bernardo
02 Dez, 2022

Editorial da edição n.º 3900 do Jornal Sporting

O conhecido lema da bandeira nacional brasileira é “Ordem e Progresso” e não “Ordem ou Progresso”, como escrevi no título deste editorial. 
 
A fonte de inspiração do mesmo advém do mote da corrente filosófica positivismo: “O Amor como princípio e a Ordem por base, o Progresso por fim”. 

O motivo pelo qual a conjugação é associativa – “e” – e não adversativa – “ou” − prende-se com a crença, com a qual me identifico, de que a Ordem consiste numa condição necessária, ainda que não suficiente, para o Progresso. 

Demonstrativo do mesmo foi a elucidativa intervenção de Javier Tebas, presidente da Liga Espanhola de Futebol, na última Cimeira de Presidentes da Liga Portuguesa. 

O líder da nossa Liga vizinha deixou bastante claro que o factor crítico de sucesso do modelo da Liga Espanhola resulta do pilar Controlo Económico*. E afirmou, sem espinhas, que sem o mesmo a centralização de direitos televisivos na Liga Portuguesa jamais terá sucesso. Segundo o próprio, o principal driver de valorização de uma Liga é a estabilidade que, por consequência, assegura a confiança necessária para atrair os investidores. 

Tratarei numa outra oportunidade de aprofundar o assunto, porque é da maior relevância e interesse, porém o tema na ordem do dia é a renovação de Rúben Amorim, que faz capa desta edição. 

A renovação do nosso carismático treinador é mais um passo relevante no estabelecimento da Ordem que o Sporting CP está a construir, e precisa de estabelecer, para poder assegurar o Progresso como meta. E ele representa também um positivismo que é a base fundamental para tudo o resto. 

É da natureza humana, tendencialmente mais hedonista, a tentação de querer o Progresso sem estabelecer a Ordem como base. Porém, como a história ensina, não há um ou outro, porque eles não são opostos, mas sim condicionais. 

Tenhamos o Amor ao Sporting como princípio, a Ordem por base e, com paciência e competência, o Progresso e a Glória serão uma constância e não um Oásis. 
 

*O Controlo Económico é o sistema implementado pela Liga Espanhola que impõe um conjunto de regras que os clubes estão obrigados a cumprir, como por exemplo o Limite de Custo do Plantel. Caracteriza-se, em sentido amplo, pela existência de um controlo à priori (ao contrário do fair play financeiro da UEFA), com o objectivo de assegurar a sustentabilidade económico-financeira dos mesmos e da Liga. 

"A memória ajuda-nos a lidar com o agora, mas também é necessária para prever o futuro"

Por André Bernardo
24 Nov, 2022

Editorial da edição n.º 3899 do Jornal Sporting

A frase acima, título deste editorial, não é da minha autoria. É uma citação de António Damásio. Tomo-a de empréstimo em homenagem ao importante passo que o Museu Sporting deu esta 2.ª feira, ao passar a integrar a Rede Portuguesa de Museus (RPM).

Somos o primeiro e único Clube credenciado para tal, sendo um motivo de enorme orgulho o certificado recebido. Ele certifica, acima de tudo, o fantástico trabalho do nosso Museu na preservação da memória colectiva do Sporting Clube de Portugal e da sua História. Cabe ao(s) Museu(s) a tarefa de representação de uma identidade colectiva, “cobrindo” o esquecimento da memória individual, construindo-a através dos registos factuais que usa como instrumentos para que as histórias que conta sejam História.

É a partir da memória que se constrói a identidade, da verosimilhança dos factos a idoneidade e, recuperando a frase de Damásio, é também ela que nos orienta o presente, mas também o futuro, através da predição, imaginação e criatividade.

O excelente trabalho do neurocirurgião português, e os avanços recentes da neurociência, permitem-nos saber hoje que a memória, e o processo de consciência e decisão humano, é construído com base na memória, em conjugação com o juízo de valor dado pelas emoções.

O Museu Sporting é, sem dúvida, um Museu de Emoções e um inestimável património cultural, agora em rede e colaboração com os seus pares.

Saibamos saborear este importante passo que hoje celebramos, conscientes de que temos muitos por dar no futuro para fazer crescer a experiência do Museu Sporting para o nível da História do clube que ele representa. O rumo de dar lugar nuclear ao nosso Museu está assumido. Teremos de ter capacidade de investir para, passo a passo, percorrer este caminho ao longo dos próximos anos.

Parabéns Museu Sporting! Parabéns Sporting CP! 

 

Como nenhum outro

Por Juvenal Carvalho
24 Nov, 2022

Dizer que o Sporting Clube de Portugal é um clube verdadeiramente ecléctico, é tão somente constatar um facto. Dizer também, e sem qualquer ponta de exagero, que o nosso Clube é igualmente aquele que maior número de medalhas e de títulos europeus, mundiais e olímpicos trouxe para o nosso país, é textualmente dizer outra realidade irrefutável. Tenho um amigo que ouvi, faz alguns anos, dizer que o Sporting CP é grande demais para um país tão pequeno. E, se para alguns pode parecer ser de alguma forma exagerada a expressão, a realidade é que basta atentar em tudo o que foi conseguido ao longo dos 116 anos da nossa História nas mais diversas modalidades, por atletas que envergam o símbolo do Leão rampante, para se chegar à conclusão que realmente somos mesmo de outro patamar, aquele patamar que só está ao alcance das instituições de excelência. 

E para perceber da grandiosidade da marca Sporting, basta apenas mediar o tempo que separa uma edição da outra do nosso Jornal, e percebemos o quão enorme é o nosso Clube. De Sófia, a capital da Bulgária, a Antalya, na Turquia, passando por Cernache e pelos milhares que no passado domingo pintaram de verde e branco as ruas de Lisboa em mais uma edição da Corrida Sporting, foram alcançadas conquistas mundiais, europeias e nacionais por parte de atletas Leoninos em modalidades diferentes. Feito gigantesco, só ao alcance do Sporting CP, sem com isso estar a menorizar nada nem ninguém. Apenas para constatar uma realidade baseada em factos. 

E para sustentar os factos, aqui vai a prova dos mesmos: André Santos sagrou-se, na cidade turca de Antalya,  campeão da Europa de kickboxing da WAKO na categoria de low kick -67kg, o quarteto leonino de ginástica de trampolins formado por Diogo Abreu, Lucas Santos, Pedro Ferreira e Ruben Tavares, foi a Sófia, a capital da Bulgária sagrar-se campeão do Mundo da especialidade e o judo Leonino, treinado pelo mestre Pedro Soares, conseguiu o feito de alcançar o nono título masculino do seu historial no decorrer dos últimos dez anos, num trabalho soberbo, não só ao nível da competição como da formação, provando a sustentabilidade do mesmo, aliada à capacidade de quem nos orienta. A par disso a manhã de domingo assistiu a mais um sucesso da Corrida Sporting, no caso a décima, com a cidade de Lisboa a ficar pintada de verde e branco com milhares de Sportinguistas a aderirem, uns competindo e outros por pura diversão, a convergirem no essencial, a demonstração do fervor Leonino. A prova de que o Sporting CP está vivo e bem vivo. Como repetidamente digo, ninguém ganha em tudo nem sempre, mas o nosso Clube ganha muito, não só aqui, como também além-fronteiras, numa demonstração cabal de que somos eclécticos à escala planetária. Indesmentivelmente diferentes. Como nenhum outro.

PS - Deixo aqui um obrigado ao meu amigo Pedro Coutinho, uma referência da nossa natação, por no sábado passado, e em "directo", me ter informado os resultados da competição do judo. Deixo só a última mensagem dele: 'Já está. Somos Campeões'.

Sportinguismo

Por Pedro Almeida Cabral
24 Nov, 2022

Por estes dias, participei na Thinking Football Summit, evento promovido pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional sobre o mundo do futebol. A mim, coube-me falar da vivência dos Sócios do Sporting Clube de Portugal. Num painel animado por representantes de outros clubes, surgiu uma pergunta que tantas vezes nos baila na mente. Porque é que somos Sócios e adeptos de um clube não de outro?

No meu caso, como já escrevi aqui algumas vezes, a questão tem resposta fácil. Tinha eu cinco anos quando me perguntaram de que clube eu era. Reflecti e disse, sem hesitar, que era do Sporting CP. Não liguei às constantes investidas do meu pai para seguir o que fazia o SL Benfica. Simplesmente, decidi ser do Sporting CP porque me pareceu ser o clube de que gostaria de ser. Havia algo no verde e branco que era mais atraente face a outras cores. Ainda não sabia bem o que era, mas associava, inocentemente, ao nosso Clube mais autenticidade e genuinidade no desporto. Passado pouco tempo, pedi com insistência aos meus pais que me fizessem Sócio porque queria pertencer plenamente ao Clube. Acedendo aos meus desejos, embora com pai contrariado, pelos meus dez anos, lá me fizeram Sócio do Sporting CP. Passei a assistir aos jogos quando podia. Perdi a conta às vezes que viajei pelo país a acompanhar o Clube, quer para assistir a jogos de futebol, quer às inúmeras modalidades em que competimos.

Como eu tenho a minha história, todos os Sócios e adeptos terão a sua. Cada uma é individual e irrepetível. É essa relação intensa que se estabeleceu a dado momento das nossas vidas com o Clube que é insubstituível. Simplesmente, não poderíamos não ser do Sporting CP. Conscientemente ou não acabámos por ser do clube cuja história mais se confunde com a história do desporto em Portugal. É o Sporting Clube de Portugal que marcou decisivamente a maneira de praticar desporto em Portugal na primeira metade do século passado. E que ainda hoje marca a diferença com pioneirismo e visão em tantas áreas, desde a formação à vivência do Clube. O que mais nos distingue é que no Sporting CP a prática desportiva é encarada como um desafio aos nossos próprios limites, sem antagonismos gratuitos nem bolsas de ódios. É disto que é feito o Sporting CP. E não de lutas bacocas contra fantasmas ou de gabarolices hegemónicas. Por isso, se tivesse cinco anos novamente, responderia da mesma maneira. Tal como tantos Sócios e adeptos pelo país e pelo mundo fora que se orgulham tanto ou mais do que eu de pertencer ao Sporting CP.

Somos um clube interclassista

Por Juvenal Carvalho
17 Nov, 2022

Dizem-me amigos mais chegados, principalmente os afectos a outras cores, que o Sporting CP é um clube elitista, e que sendo eu de bairro − orgulhosamente de bairro − não entendem a razão pela qual sou Sportinguista.Pois bem, essa coisa das elites é real. Como a expressão popular dos clubes serem tantas vezes aferidas pelo ADN dos mesmos. 

Mas estes mesmos amigos chegados, não que não tenham razão ao acharem o nosso Clube mais virado para as elites, isso faz parte de uma História que não se apaga, basta ver quem, a 1 de Julho de 1906, fundou este clube que os então jovens, e maioritariamente elitistas da época, o quiseram grande, tão grande como os maiores da Europa, também tem o outro lado. O daqueles que não sabem na realidade a verdadeira força motriz do Sporting Clube de Portugal. 

E essa é sustentada por uma legião  imensa de adeptos espalhada pelo Mundo que resiste a ventos e tempestades e que nas vitórias se percebe que é completamente à margem de extractos sociais porque qual fenómeno que nem os rivais entendem, resistimos estoicamente até a anos de insucessos que, se acontecesse ao clube deles, provavelmente não existiriam, pelo menos nestes moldes, e que quando ganhamos enchemos as ruas das cidades, vilas e aldeias do país, e não só, de lés a lés, com ricos e pobres, e de que raça ou orientação sexual forem, a festejar e a exteriorizar uma paixão infinita pelo Leão rampante.

E este fenómeno, que é bem real, e que surpreende tudo e todos, não vive só de coisas maravilhosas.

Sendo eu a favor da pluralidade de opiniões, e acima de tudo acho que nada existe sem massa crítica, e que ninguém está acima das mesmas críticas, leio pelas redes sociais, que mesmo que não representem um universo muito relevante, a discussões pouco agradáveis entre Sportinguistas. Não que a discussão não seja importante, e delas não nasçam até questões muito válidas. E eu sou, e disso nunca abdicarei, intransigentemente da opinião de que acima do Sporting ninguém está, o símbolo primeiro que todo e cada um de nós. Porque todos passamos. Dos dirigentes aos treinadores, dos jogadores ao mais incógnito dos adeptos...fica o Clube.

Por sermos um Clube enorme e desde as classes mais abastadas às menos, da mais intelectual à mais rudimentar, todos somos importantes para elevar mais alto o nome do Sporting CP. Somos inequivocamente das elites. É essa a nossa marca de sempre. Somos também um clube de matriz popular. Somos sobretudo um Clube único e de uma grandiosidade sem paralelo, com uma História que fala por si. E que História... Feita pelas elites e pelo povo. O povo Sportinguista! 

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