Your browser is out-of-date!

Update your browser to view this website correctly. Update my browser now

×

Opinião

18 anos que retratam uma História

Por Sporting CP
31 Ago, 2022

31 de Agosto de 2004. O Clube era então presidido por António Dias da Cunha. Foi esta a data em que foi inaugurado o Museu do Sporting Clube de Portugal neste novo complexo. Está lá desde então, e, felizmente, com muitas actualizações depois deste momento, retratada a história...a imensa história do nosso Clube. 18 anos passaram desde que em boa hora foi levado por diante um espaço que retrata toda uma vida de um Clube, o nosso, com 116 anos de existência, e com tanta e tanta conquista ali simbolizada. O 'pai' deste espaço, com a colaboração de outras pessoas, porque ninguém faz nada sozinho, foi o senhor Mário Casquilho. Para mim, e repetindo-me por convicção sobre o conhecimento histórico do Sporting CP, Mário Casquilho é o mais dos mais em termos de cultura Leonina. Uma verdadeira enciclopédia por quem me curvo respeitosamente.

Depois dele, e até à actualidade, com Isabel Victor, a responsável do espaço aos dias de hoje, já estiveram outras pessoas e todas elas com um trabalho meritório e de uma dedicação incrível para que a menina dos nossos olhos, o nosso Museu, esteja sempre lindo e apelativo para quem o visita. E muitos são os Leões que fazem questão de ir ao nosso local de culto. Eu, pessoalmente, com extraordinário orgulho, tive o privilégio de recentemente estar no Centro de Memórias a dar o testemunho da minha vivência no Clube e vi o empenho com que as pessoas, na sua maioria jovens, tratam aquele 'brinquedo' que é o ex-líbris das nossas conquistas.

Não é sem emoção que o mais insensível dos Sportinguistas, ao fazer a visita guiada ao Museu e ver ali exposto um verdadeiro exemplo do que é um Clube ecléctico, não deixa de soltar uma lágrima marota. São tantos e tantos os troféus. Tantos e tantos os homens e mulheres que fizeram com que tudo isto fosse possível, que seria injusto enumerar cada um deles. O Museu é sobretudo o reflexo do Esforço, da Dedicação e da Devoção que ilustram a nossa imensa Glória. Como nenhum outro Clube no nosso aís. Estão ali retratados Campeões Mundiais, Europeus e Olímpicos. Troféus individuais e colectivos. Desde os fundadores à actualidade, a nossa história orgulha-nos. Para simbolizar o meu momento mais feliz das vezes que lá estive, levei a Ana Rita, a minha filha, ainda pequenina, ao Museu depois de lhe comprar um Leão de peluche que ela designou como 'Leo'. Agora, aquando da entrega do meu emblema de 50 anos de Associado - está quase - quero levar a Leonor, a minha neta. O Museu serve sobretudo para transmitir cultura e divulgar o ideal. É esse o propósito de cada um de nós. Pelo Sporting CP não há limites. Somos mesmo tão grandes como os maiores da Europa!

Venha o próximo jogo!

Por Juvenal Carvalho
25 Ago, 2022

Como Sportinguista procuro ser quase sempre pragmático, mas nunca consigo ser tão racional quanto tantas vezes o desejaria. Assumo que a irracionalidade do momento, sobretudo nos jogos de maior carga emocional, e seja em que modalidade for, porque o Sporting CP para mim está acima de uma equipa de futebol, me tolda o raciocínio e digo coisas, principalmente quando algo corre menos bem - quem nunca? - que por vezes, passado o calor da luta, e mais a frio, me penitencio por estar a exceder-me e a entrar numa espiral em que não me revejo.   

Afinal sou, como tantos de vós, um Sportinguista normal: que vibra com as vitórias e sofre com as derrotas, mas que nunca abandona o Clube e que, como me dizia o Sr. Olímpio, grande mentor do meu amor ao nosso Clube, não sou do Sporting CP pelo que ganha, porque infelizmente ganha muito menos do que eu desejaria, mas sim porque o amo.

É essa, e tão só essa, a minha 'cartilha'. Escrevo sempre desassombradamente e quando toca ao 'meu' Clube a emoção é o meu nome do meio.
Não gosto de perder jogadores. Ao longo da história vi partir grandes jogadores para clubes rivais até. Não gosto de perder nunca, mesmo que em locais onde o nosso saldo é infinitamente negativo ao longo da história. Não acho que esteja tudo bem, e coisas haverá a melhorar, até porque não sou o pior dos pessimistas, como o seu contrário também é verdade, e acredito em ajustes que nos irão levar a uma época ao nível dos nossos pergaminhos.

Ainda estamos na terceira jornada. Afinal - que bom seria ganhar sempre - já tivemos duas deslocações muito difíceis. Esta prova é de regularidade e de todos contra todos. O adversário seguinte é o GD Chaves.

O ideal será sempre não fazer o papel de avestruz e meter a cabeça na areia, mas sim unir-nos em prol do símbolo e ajudar a melhorar o que está mal e a aplaudir o muito que o passado recente merece de ser aplaudido. Detesto unanimismos. Menos quando toca ao símbolo. Aí, passam jogadores, treinadores e dirigentes e fica o Sporting Clube de Portugal.

Afinal, este grito de alma não é de desespero algum. Porque acredito muito que dias melhores virão e que nada está perdido, porque ninguém perde quando a procissão ainda não saiu do adro. O #ondevaiumvãotodos não pode nunca ser erradicado. Porque os treinadores treinam, os dirigentes dirigem e a nós, por mais que tenhamos tácticas ideais e ideias diferentes para gerir o Clube, resta-nos aplaudir, sem contudo deixar de ter massa crítica. Mas para construir. Porque para querer mal, porque são rivais, temos os adversários. Um Leão só se curva para beijar o símbolo.

Venha o próximo jogo!

Memória

Por Pedro Almeida Cabral
25 Ago, 2022

Fez há dias 56 anos um dos Sportinguistas que me deu uma das maiores alegrias da minha vida. Beto Acosta, como era conhecido, foi o argentino matador fundamental para a conquista do nosso campeonato de futebol da época 1999/2000. Chegou na época anterior, em dezembro de 1998, por indicação de um grande treinador que passou pelo Clube, o croata Mirko Jozić. Para não destoar dos tempos actuais, também Acosta chegou, jogou e foi criticado. Tornou-se recorrente comentar, em tom jocoso, que os seus 32 anos eram idade a mais para o futebol e que os seus problemas com ciática eram mais próprios de quem devia estar num lar. Há coisas no Sporting Clube de Portugal que persistem em não mudar. 

Porém, calando todos os detractores e enchendo o peito de todos os admiradores, na época seguinte, Acosta arrancou para a conquista do campeonato com 22 golos e exibições inesquecíveis. Apesar do final feliz, o início não foi brilhante. Nas primeiras dez jornadas, tivemos até alguns resultados comprometedores. Para além do empate a abrir com a equipa mais fraca desse campeonato, o CD Santa Clara, que ficaria em último, empataríamos novamente à quarta e à quinta jornada, com o CF Estrela da Amadora e o Gil Vicente FC, e perderíamos à sétima jornada com uma equipa que, na altura, nos causava especiais dificuldades, o FC Alverca. Já à nona jornada, no clássico no Estádio das Antas com o FC Porto, uma derrota por três golos sem resposta. Chegámos à décima jornada em quarto lugar, a cinco pontos do líder, SL Benfica. O campeonato parecia, uma vez mais, irremediavelmente perdido. Mas, jogo a jogo, o Sporting CP foi escalando na classificação até que recebemos o FC Porto. Se ganhássemos, passávamos para o primeiro lugar. E foi exactamente o que sucedeu, uma vitória por 2-0 que arredou os portistas do título. Acosta marcou o golo que selou a vitória, ainda hoje comentado por todos os Sportinguistas que viram esse jogo. Um passe desastrado de um jogador do FC Porto, Secretário, a quem desejo as melhoras por se encontrar gravemente doente, foi directo para os pés do argentino goleador, que não perdoou. O resto, foi história. Ou melhor, a história do nosso 21.º campeonato. 

Se me lembro de Acosta, não é somente pelo seu aniversário. É porque me recordo especialmente desse campeonato, o primeiro em que, verdadeiramente, festejei como campeão. Sobretudo, lembro-me do início titubeante e da forma como o Sporting CP perdeu, sem apelo nem agravo, o clássico da nona jornada, sofrendo três golos sem conseguir marcar. É, coincidentemente, o mesmo resultado do jogo do fim-de-semana, contra o FC Porto no Estádio do Dragão. Aliás, como me lembro bem dos dois jogos, posso dizer que neste último causámos mais perigo que naquele que se jogou há 23 anos. Não fora a exibição monstruosa do guardião portista e talvez o resultado final fosse outro. A memória não serve só para nos aquecer a alma com boas lembranças. É também para nos recordar que, por vezes, a história se escreve da mesma maneira com palavras diferentes. Deixemos o que ainda de campeonato há para jogar, que é muito, e, no final, fazemos contas.

Continuar a acreditar

Por Miguel Braga
25 Ago, 2022

Editorial da edição n.º 3886 do Jornal Sporting

O Sporting CP joga amanhã, em Leiria, a Supertaça feminina de futebol e quer manter o estatuto de única equipa a vencer a prova por mais que uma vez – a primeira vez foi em 2017, um ano após o regresso do Clube ao futebol feminino, e no ano passado, frente ao SL Benfica, com golos de Brenda Pérez e Joana Marchão. Este ano, repetem-se os finalistas que ganharam a FC Famalicão e SC Braga nas respectivas meias-finais, neste novo formato de final four para uma Supertaça. A treinadora Mariana Cabral tem, assim, oportunidade de escrever mais uma página de ouro na história da modalidade. Acreditamos que a equipa tem condições para lutar e garantir a vitória. E que o público responda em força ao repto lançado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), batendo de novo o recorde de assistência de um jogo de futebol feminino em Portugal.

Chegaram ao fim os Campeonatos da Europa de atletismo, e depois da medalha de prata de Auriol Dogmo, o Sporting CP, através de Andriy Protsenko, conseguiu mais uma medalha de bronze – repetindo inclusivamente a proeza dos Mundiais em Julho. Esta conquista reveste-se a ouro se tivermos em conta a situação do atleta ucraniano que mesmo na maior adversidade, continuou a acreditar nas suas capacidades: “Mesmo antes do início da prova, recebi uma mensagem a informar que a mãe da minha colega Kateryna Tabashnyk foi morta por um míssil em Kharkiv [cidade na Ucrânia]. Tínhamos uma excelente relação. Sinto-me muito triste e tive de lutar comigo próprio na final de hoje para, pelo menos, saltar”, afirmou no final da competição. Um verdadeiro campeão.

Juntamente com o presidente Frederico Varandas, Carlos Carneiro e Ricardo Costa, coordenador e treinador da equipa de andebol do Sporting CP, entregaram no nosso museu a 16.ª Taça de Portugal conquistada pela modalidade, ainda antes do arranque da temporada oficial. Para 2022/2023, tanto o andebol como o futsal e o basquetebol, começam a época com a possibilidade de conquistas das respectivas Supertaças. Além de muito treino, é preciso continuar a acreditar que as equipas vão atingir novamente o patamar de excelência a que nos habituaram – nós acreditamos.

A equipa de Rúben Amorim joga contra o GD Chaves no fim-de-semana, assinalando o regresso dos transmontanos a Alvalade – a última visita data de Novembro de 2018 e, na altura, o Sporting CP venceu por 2-1 com dois golos de Bas Dost. Com máximo respeito pelo adversário, este é também o momento de jogadores e equipa técnica sentirem que os Sócios e adeptos continuam a acreditar na equipa: juntos, seremos sempre mais fortes. “O nosso foco tem de ser ganhar ao GD Chaves”, afirmou Rúben Amorim depois da injusta derrota no Dragão. “Ganhando, garanto, ficamos bem”. Acreditamos na conquista dos três pontos.

Crescimento

Por Pedro Almeida Cabral
18 Ago, 2022

Nada se consegue sem esforço, dedicação e devoção. Sabemos bem que num ápice se pode ter que recomeçar tudo de novo, qual Sísifo a empurrar a pedra vezes sem conta montanha acima. O antídoto contra este eterno recomeço será sempre o trabalho árduo e sustentado. Sem lirismos nem esquecimentos do caminho percorrido. Seguir em frente, recordando o passado, tanto o recente como o longínquo, sabendo que nada sucede pelo desejo, por mais intenso que seja, mas sim pela preparação meticulosa do futuro.     

Foi por isso, com gosto, que estive em Alvalade ver a equipa a defrontar o Rio Ave FC. Depois do aziago empate em Braga, era grande a expectativa para ver como iríamos reagir. E o que vimos foi um belo espectáculo de futebol. Rúben Amorim soube desmontar com paciência a muralha defensiva vila-condense. Destaco, sobretudo, a articulação ofensiva entre Pote, Edwards e Trincão, que souberam desenhar variadas jogadas de ataque que poderiam bem ter dado mais golos. Pote marcou dois tentos, foi perdulário noutros dois e ainda ofereceu outros tantos. Uma exibição ao seu melhor nível, conforme nos habituou na época em que fomos campeões. Edwards também brilhou, com uma assistência primorosa, e desequilíbrios constantes, a prometer muita magia. Por fim, Trincão surgiu mais endiabrado, a lembrar a grande época que fez no SC Braga há três anos. Vadiou pelo campo, como é próprio dos afortunados na leitura do jogo, fez desmarcações precisas e desferiu um potente remate à barra. Já é o segundo jogo seguido em que “cheira” o golo. À terceira, estou certo, obterá o golo que já merece. De resto, Matheus Nunes marcou o que pode bem ser o golo do campeonato e a defesa, reforçada com Neto, cortou o que havia para cortar, sem temores nem tremores. Resultado limpo com três golos marcados sem resposta. Um crescimento com mais acerto e rigor táctico que esperamos que se mantenha no clássico que se aproxima, contra o FC Porto.      

A fechar, a possível venda de Matheus Nunes por valores astronómicos face ao investimento do Clube no jogador era irrecusável e, sabemo-lo há muito tempo, inteiramente previsível. Poderá ser a segunda maior venda de sempre do Sporting Clube de Portugal, apenas atrás de Bruno Fernandes. Dizer isto é quase dizer tudo o que há a dizer sobre a valia da venda de um Clube que tem que, ao menos parcialmente, formar e alienar para ter uma vida financeiramente saudável. Poder fazê-lo com preparação e multiplicando por 50 o investimento só é possível com um caminho bem preparado. Também por aqui se vê crescimento.  

PS: Uma nota pessoal. Deixou-nos no fim-de-semana uma grande Leoa, Lurdes Serro, atenta leitora desta coluna, mãe de dois fantásticos Leões, com quem acompanhei, jogo a jogo, o nosso campeonato de 2000. Todos contamos para apoiar o Sporting CP e esta grande Sportinguista fazia-o como ninguém. Os meus sentimentos à família.

A nossa Campeã

Por Miguel Braga
18 Ago, 2022

Editorial da edição n.º 3885 do Jornal Sporting

Auriol Dongmo é sinónimo de vitórias, recordes e medalhas. Assim foi, mais uma vez, em Munique, por ocasião dos Campeonatos da Europa de atletismo. Nem uma lesão no braço a impediu de conquistar a prata e de bater o recorde nacional ao ar livre a escassos 18 centímetros da marca dos 20 metros: "Queria a medalha de ouro, mas, devido a esta lesão, não consegui dar mais de mim. Agradeço a Deus pelo que consegui hoje, mas queria mesmo lançar mais longe e vencer".

Ainda nos Camarões, Auriol Dongmo gostava de praticar andebol em criança. Um dia, porém, uma competição de lançamento do peso na sua escola, trocou-lhe as prioridades: "Fui lá, lancei nove metros e ganhei uma medalha de bronze", recordou em entrevista ao Jornal Sporting em 2020. Mas não se pense que foi amor à primeira vista: "Para mim, naquela altura, o lançamento do peso era para os homens e não para as mulheres. Não gostei logo".

Anos mais tarde, foi a fé, por Fátima, e as circunstâncias do seu país natal que lhe despertaram uma curiosidade lusa. Apesar de ter um convite para ir para um Clube francês, acabou por preferir encontrar-se com o Sporting CP e rumar a Leiria para treinar com Paulo Reis. "A primeira coisa que fiz quando cheguei a Portugal foi ir a Fátima directamente do aeroporto. Fiquei muito feliz. (…) Quando cá cheguei, o meu recorde pessoal era 17,92 metros. Fui a um meeting no Brasil e o meu treinador foi comigo a Fátima. Comecei a rezar e a pedir a ajuda. No Brasil, bati o meu recorde pessoal com 18,37 metros. Quando consegui os 19,27 metros aqui, em Leiria, a Ana Lopes [nota: ama do filho] foi com o meu filho a Fátima". Este ano, recorde-se, Auriol conseguiu 20,43 metros, o que lhe garantiu o título mundial em pista coberta, em Belgrado.

Sabemos que agora, na sua cabeça, está o próximo meeting, a próxima competição, os próximos campeonatos. Com uma humildade desconcertante, esta campeã quer continuar a fazer história pelo Sporting CP e pelo nosso país. Só podemos estar enormemente agradecidos por ter encontrado em Portugal o porto de abrigo que a faz brilhar.

O Sporting CP despediu-se esta semana de Matheus Nunes, que rumou à Premier League e ao Wolverhampton WFC de Bruno Lage. 101 jogos de Leão ao peito, um Campeonato, uma Supertaça, duas Taças da Liga, oito golos marcados e nove assistências, contando já com oito internacionalizações e um golo marcado pela selecção nacional. Uma venda dolorosa do ponto de vista desportivo, mas indispensável para a sustentabilidade do Clube.

Ainda há dois anos, a garantia dada pelo presidente Frederico Varandas de que Matheus sozinho pagaria o investimento feito no treinador, foi recebido com cepticismo pelo mundo do futebol. Agora, é certo e sabido que o miúdo que servia bolos na pastelaria na Ericeira e corria pelo GDU Ericeirense transformou-se num craque. Que tenha toda a sorte do mundo nos próximos capítulos.

Aquela madrugada de 1984

Por Juvenal Carvalho
18 Ago, 2022

Passaram já 38 anos. Dizer que me lembro como se fosse ontem, seria um manifesto exagero, muito embora me interrogue como passaram tão rapidamente quase quatro décadas, num Mundo em que tanto mudou, em que regimes autocráticos caíram, em que a tecnologia mudou o Mundo, em que até os States foram alvo de um ataque sem precedentes às Torres Gémeas, e mesmo no Sporting Clube de Portugal de hoje já tanto se alterou em relação a esse tempo, menos naquilo que é o seu ADN, em que está implícita a cultura ganhadora que vem dos primórdios da nossa existência.

Foi precisamente no dia 12 de Agosto de 1984 que o desporto português teve a sua primeira medalha de ouro Olímpica. O palco foi a cidade norte-americana de Los Angeles, e o feito foi conseguido pelo campeão dos campeões, o nosso Carlos Lopes. A particularidade maior desse feito, foi não só a medalha de ouro daquele atleta invulgar, com uma capacidade ainda hoje nunca vista que pôs os portugueses espalhados pelo Mundo em êxtase, como ainda o recorde Olímpico da maratona, que haveria de perdurar no tempo 24 anos.

Dessa madrugada, do então teenager que havia em mim, e na ausência dos meus pais, que se encontravam de férias, recordo o nervoso miudinho, mas sobretudo o momento em que Carlos Lopes entra no estádio destacado e já não lhe fugia o ouro. Pulei, gritei, chorei de alegria até. Tinha então um gato siamês que me acompanhava quase desde bebé, o Kimba, e a recordação é de ele - sim, parece mentira - se pendurar literalmente na televisão a ver o 'nosso' Carlos Lopes a cortar a meta.

Foi esse, depois das vitórias do Sporting no Campeonato Nacional de futebol de 1980 e 1982, juntamente com a conquista da Taça dos Campeões Europeus de hóquei em patins em 1977, os meus momentos mais marcantes do meu Sportinguismo na fase de adolescente. Apenas superado pelo dia em que pelas mãos de meu pai, e acompanhado do Sr. Olímpio, o Sócio proponente - tempos em que existia essa obrigação para se ser Associado do Sporting CP -, entrei pela secretaria do antigo estádio e me fiz sócio em menino, que me faz ser hoje tão garbosamente o número 4375-0.

Quis o destino que depois de 1984, e de rejubilar com o feito do grande campeão Carlos Lopes, tivesse tido o prazer de o conhecer pessoalmente, e a cada momento em que estive com ele recordar-me daquela madrugada de 1984, entre tantos outros feitos com a camisola das quinas ou com o Leão rampante ao peito.

Ele, para mim, é o campeão maior de um clube que é o meu - nosso - feito de uma história de campeões e de figuras gradas do desporto português e até internacional. Já se ganhou tanta coisa, a tanta tarde e noite de glória assisti ao vivo ou através da televisão, mas a efeméride do dia 12 de Agosto de 1984 fez-me rebobinar as memórias... e que belas elas foram.

Obrigado ao Carlos Lopes, esse Leão viseense, mais propriamente de Vildemoinhos, de uma têmpera como ninguém, e que para ele ganhar, naquele jeito tão peculiar e franzino, era como respirar, fazia-o naturalmente.

São momentos como este que me faz repetir vezes sem conta que ser Sportinguista não se explica, sente-se.

Obrigado, Sporting Clube de Portugal. Obrigado, Carlos Alberto de Sousa Lopes!

Representação máxima

Por Miguel Braga
11 Ago, 2022

Editorial da edição n.º 3884 do Jornal Sporting

Munique, na Alemanha, vai ser o palco dos próximos Campeonatos da Europa de Atletismo, de 15 a 22 de Agosto. Naquela que é a maior delegação de sempre de Portugal nesta competição – a comitiva nacional terá 43 atletas –, o Sporting CP também se vai apresentar na máxima força, com a maior representação de sempre do Clube nuns Europeus de atletismo, com um total de 24 atletas: a 20 portugueses, juntam-se três ucranianos e uma do Reino Unido.As nossas maiores esperanças para um lugar no pódio são Patrícia Mamona – este será o seu sexto Europeu -, Auriol Dongmo – que se estreará na competição – e o veterano João Vieira, o português no activo com mais participações na competição. Aos três e aos demais, toda a sorte do Mundo e, se possível, algumas medalhas.

Arrancou no passado fim-de-semana o campeonato nacional de futebol, com a difícil deslocação ao Estádio Municipal de Braga. Apesar da (boa) exibição e de vários sinais positivos, a equipa de Rúben Amorim acabou por consentir o empate a dois minutos do fim do tempo regulamentar. Resultado final: 3-3, com golos de Pedro Gonçalves, Nuno Santos e Marcus Edwards. Uma palavra para o segundo golo: além da arrancada ainda perto da nossa grande área de Matheus Nunes, passando por vários jogadores adversários e acabando com um centro com conta, peso e medida, destaque para a finalização de Nuno Santos, fazendo lembrar os remates de Rui Jordão no Campeonato Europeu de 1984 contra a França de Michel Platini. Dentro de dois dias, a equipa terá oportunidade de conseguir voltar às vitórias, frente ao Rio Ave FC.

A semana ficou também marcada pelo adeus de Bruno Tabata ao Sporting CP e a Portugal. É obrigatório, para todos os sportinguistas, ver a sua última entrevista de Leão ao peito na Sporting TV: a emoção com que fala e se despede do Clube é contagiante e motivo de orgulho. Pelos títulos, pelo profissionalismo e boa disposição, um enorme obrigado a Bruno Ramos, conhecido no mundo do futebol como Tabata.

Se uns partem, outros chegam cheios de ilusão. É o caso de Anton Sokolov, no futsal, que foi apresentado no início da semana: “Conheço bem os outros jogadores. Defrontámo-nos ao serviço dos clubes e das selecções nacionais”, afirmou o ala/pivô russo, para concluir: “Deram-me as boas vindas e já me adicionaram ao chat do grupo. Estão contentes por fazer parte da equipa. Quanto ao Nuno Dias, é um dos melhores treinadores do Mundo, um especialista de alto nível. Espero evoluir sob a gestão técnica dele”. Os sócios e adeptos Leoninos esperam pelo arranque das competições para verem ao vivo e a cores essa evolução. Já o regresso aos treinos está marcado para o início da próxima semana.

Não se explica, sente-se!

Por Juvenal Carvalho
11 Ago, 2022

No passado sábado, estava eu na estação ferroviária de Campanhã, na cidade do Porto, onde me fui encontrar com o meu amigo Guedes, um Leão que muito sabe da história do Sporting Clube de Portugal, que tem muitos anos de Associativismo, de quem muito gosto humanamente, e toca o telefone. Do outro lado estava o Orlando Mendes, um antigo atleta das lutas amadoras e funcionário do nosso Clube há muitos anos. A notícia era triste. Ou o chamado dois em um no que toca à tristeza. Falou-me no meu bom amigo António Maia – desculpa, Maia, porque ainda não fui buscar aquela garrafa de vinho que tens para mim - que está a passar por uma fase difícil da sua existência em termos de saúde, e na morte nesse mesmo dia de Joaquim Vieira, um nosso antigo atleta Olímpico das lutas amadoras. 

Passado umas horas, ainda mal refeito, do choque, liguei eu para o Orlando e a conversa fluiu, com a história do Sporting CP - ele sabe-a como quase ninguém e viveu-a in loco - a ser tema de fundo, mas sobretudo de momentos por ambos vividos no nosso Clube.

As lutas amadoras, com Luís Grilo, os irmãos Eduardo e Fernando Ardisson e ainda o António Maia, bem como o antigo director da modalidade, o enorme jornalista e Leão Vítor Cândido - obrigado, Vítor, pelo que representas e pelo que nos ensinas Sporting CP na televisão do Clube, e sobretudo por seres uma enciclopédia viva do nosso Clube como, tentando descobrir outros, e existem vários que tanto sabem, só encontro em Mário Casquilho, um Senhor por quem me curvo sempre respeitosamente - foram o tema mais falado.

Mas porque, e sem vaidade, também eu vivi por dentro horas a fio no nosso Clube, alguns outros nomes vieram à baila. Falámos do grande fotojornalista António Capela, tanta ironia naquele talento inusitado para a arte de fotografar; do Vítor Ferrari, o único Leão de uma família que tinha no também saudoso Nuno Ferrari, seu irmão gémeo, o eterno rival no coração, do Fernando Cunha, do Viegas, o motorista do nosso futebol, do Honório Vieira, do Cardoso, da Dona Olinda e do Sr. Miguel, os pais da Luísa Rodrigues, a funcionária que literalmente nasceu dentro do estádio onde viveu parte significativa da sua juventude, do Jorge Sousa, da Eugénia da secretaria, da Alda, da Amália, do Neto, do Vítor Sério, da Paula Polido, que trabalha hoje no Museu, das antigas telefonistas da Porta 10-A, a D. Sofia e a D. Lurdes, do Guimarães, porteiro da 10-A, da D. Leonor Roque, do Jornal, do Tó que é hoje funcionário e que começou no Leo Burger, na central do antigo estádio, e de tantos e tantos outros funcionários do 'nosso tempo', bem como a troca de fotos com antigos atletas na casa do eterno Presidente João Rocha.

Aquele que foi um telefonema inicial sob o signo da tristeza, serviu também, e na tentativa de afogar as mágoas, para recordar. E que recordações vivemos. O Sporting CP foi - é, e continuará a ser - um elo que nos unirá ad eternum.

Disse um dia António Oliveira que 'Por cada Leão que cair, outro se levantará'. Já partiram tantos e tão significativos e o Sporting CP continua vivo e de saúde. Outros ainda irão nascer e dar continuidade a esta história, hoje com 116 anos, que não tem paralelo.

É tão bom recordar momentos vividos na nossa "casa". Ser do Sporting CP é tanto isto. Amigos para uma vida. Uma paixão eterna pelo símbolo.

VAR em inglês

Por Miguel Braga
04 Ago, 2022

Editorial da edição n.º 3883 do Jornal Sporting

Nem dois meses depois do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol ter rejeitado as propostas do Sporting Clube de Portugal para que os áudios do VAR fossem públicos, argumentando que “as normas propostas afiguram-se ilegais, naturalmente face à Lei, e inadmissíveis face às orientações vinculativas do IFAB e da FIFA”, a Premier League fez saber publicamente que pretende que as conversas entre os árbitros e o VAR estejam disponíveis para o mundo no final de cada jogo, através da plataforma do YouTube.

Recordemos, que entre outras considerações, o CA afirmou também sobre o mesmo assunto que “a comunidade desportiva que regula esta matéria é inequívoca ao determinar a impossibilidade de ceder estas gravações e que a aprovação de normas do género das propostas iria implicar violação do protocolo VAR, com as consequências daí advenientes”. Por outro lado, para Richard Masters, Chief Executive da Premier League, as razões que se prendem com o anúncio assentam, imagine-se, por uma maior transparência sobre as decisões tomadas pelos árbitros, não menosprezando o carácter didáctico da medida. Ou seja, quem quer transparência não se esconde atrás da opacidade dos regulamentos, nem de narrativas tendenciosas.

Não foi apenas o CA a estar contra a disponibilização pública dos áudios do VAR: SL Benfica e FC Porto também votaram contra as propostas Leoninas, dizendo-se a favor das mesmas, mas utilizando argumentos etéreos para justificar a oposição através do voto contra. Enquanto que em Inglaterra luta-se para mudar e melhorar o futebol, em Portugal faz-se um esforço tremendo para que fique sempre tudo na mesma. A não mudança protege quem manda e o poder instalado, instalado quer ficar.

Em Dezembro de 2020, o Sporting CP trouxe este assunto para a praça pública, com a realização do webinar internacional “VAR Future Challenges”, desafiando os responsáveis do futebol português a serem pioneiros sobre a matéria. Desde então muito se tem falado sobre o assunto, mas a tal vontade de mudar verdadeiramente o status quo das últimas décadas do futebol nacional continua fechada a sete chaves. O que é pena.

Enquanto nos entretemos com os fait divers de Verão e discursos futebolísticos saídos de um manual de guerrilha dos anos 80, a mudança vai acontecendo nesse mundo fora: em França, por exemplo, já se fala de um possível apoio da Federação Francesa de Futebol à proposta da Amazon Prime de introduzir microfones no equipamento dos árbitros; na Alemanha, num particular entre o 1. FC Köln e o AC Milan, a equipa alemã incorporou uma bodycam em dois jogadores, permitindo aos adeptos uma visão e experiência únicas sobre o terreno de jogo; e agora, os ingleses e esta proposta dos áudios do VAR serem públicos. Um dia quando verdadeiramente quisermos mudar para melhor o futebol português, exemplos de fora não faltarão.

Páginas

Subscreva RSS - Opinião