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Foto DR

Tal como a Pescada

Por Jornal Sporting
21 Dez, 2017

Editorial do Director do Jornal Sporting na edição n.º 3655

No Jantar de Natal dos Parceiros do SCP, o Presidente Bruno de Carvalho afirmou na sua intervenção que reconhecia humildemente que o nosso rival andava à frente 10 anos, numa alusão irónica ao que fora declarado por Luís Filipe Vieira numa das suas últimas entrevistas. BdC, sobre esta “evidência”, adiantou como exemplo o facto de o Sporting quando andava ainda na “era do fax” já os nossos rivais utilizavam os “emails” ou ainda quando o nosso Clube descobria os “tickets refeições” já na Luz se utilizavam os “vouchers” com consumo ilimitado. Touché!

Na verdade, aquilo que dia-após-dia o “caso emails” nos vai revelando é um enorme manto protector mas que de sagrado nada tem. Tudo indicia para uma teia de manipulação, com práticas nada recomendáveis, um “colinho” tendo por finalidade a obtenção de benefícios e privilégios ilegítimos.

Os protagonistas deste enredo passam por altas figuras do Benfica, dirigentes, quadros… ou por elementos que lhe são afectos colocados em instituições que tutelam o futebol e cuja a sua função deveria primar pela independência e equidistância clubística em vez da promiscuidade relacional que nos é sugerida.

Primeiro conhecemos o “Ministério da Propaganda” que opera não nas “Janelas Verdes “mas ainda assim com “Janela”… por sinal bem vermelho. Agora é-nos revelado as práticas do serviço de “inteligência”, a central de informação que além do terrorismo comunicacional, a confirmar-se o que foi tornado público, recolhe e guarda dados pessoais e íntimos, sabe-se lá com que finalidade última…

O Benfica emitiu um comunicado a ameaçar “todos aqueles que continuam a difundir informação confidencial” e preocupados com as “múltiplas ofensas ao seu bom-nome e ao seu prestígio”. A nossa interpretação não passa tampouco pelo “não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti” ou a “quem semeia ventos colhe tempestade”, mas se evidenciam tais preocupações porque suportaram e suportam uma estrutura “cartilheira” de injúrias e difamação? Agora sim, parece que “quem com ferros mata, com ferros morre”!

Para que fique claro, somos contra a devassa da vida alheia e da privacidade dos cidadãos e das instituições, que se aplica também para o “caso emails”. Esta posição, no entanto, não é contraditória com situações de crime ou de interesse público em que deve primar o dever de divulgação. Paradoxalmente, a revelação de alguns dos conteúdos dos emails evidenciam precisamente a violação da privacidade, ou seja, a base de sustentação para o crime que dizem ser alvo (violação da privacidade) é aquele que supostamente praticam com a partilha de dados pessoais que os seus emails revelam.

As tentativas de circunscrever o rombo de toda esta tramoia a Pedro Guerra parece já vir tarde, pois já se percebeu que ele é apenas um instrumento de uma artilharia bem mais pesada que inclui as mais altas patentes. Tal como os ratos… alguns agora tentam afastar-se, pese terem conhecimento desta situação há muito.

Aconteça o que acontecer, desportiva e judicialmente, há uma coisa que ninguém apaga ou impede de reproduzir, este “caso emails” existe. Indicia uma ardilosa teia tendo como propósito, no mínimo, o tráfico de influências onde se atropela tudo e todos. Tal como no Apito Dourado o que ouvimos, independentemente do resultado final, existiu! Também aqui o que lemos não poderá ser apagado, ignorado ou esquecido! Investigue-se e faça-se justiça!

Se ser juiz em causa própria já é um princípio que se deve evitar de todo, o que dizer de produzir uma sentença antes do julgamento? É inaceitável num estado de direito democrático, com uma justiça independente e cega. Mas a FPF parece não pensar assim… a decisão do presidente da FPF de propor uma comissão de especialistas para emitir parecer técnico sobre a questão dos títulos nacionais – que à partida seria de saudar e de apoiar incondicionalmente – vem a revelar-se uma manobra de diversão. A comunicação desta decisão é antecedida, na mesma missiva, da posição da FPF a qual é muito clara ao afirmar a sua “firme convicção” que o Sporting não tem razão. Temos assim uma comissão para legitimar uma sentença dada antes da mesma ser criada, tal como a Pescada, antes de ser, já o era.

Feliz Natal e Boa leitura!