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Dérbis

Por Pedro Almeida Cabral
14 Nov, 2019

Só espero que o futebol da segunda parte tenha vindo para ficar, honrando o futebol jogado de tantos dérbis de outrora

Quando era miúdo, nas salas de aula, no meio de Sportinguistas e benfiquistas havia sempre um ou dois azuis que não se davam por vencidos.

Crescido em Lisboa, não julguem que eram portistas. Eram do orgulhoso CF “Os Belenenses”.

Talvez por isso, os dérbis com o Belém (mesmo disfarçado em SAD) me tragam o sabor desses tempos. Ainda que também recordem uma lição: os interesses de uma SAD e de um clube podem ser divergentes ao ponto de tudo acabar em divórcio litigioso, com partilhas que não servem a nenhuma das partes.

Também foi um dérbi uma das minhas primeiras idas a Alvalade.

Aí por 1990, numa fria tarde de Inverno, lá consegui entrar no estádio com bilhete alheio e me pendurei numa apinhada curva.

Jogávamos com algumas lendas Leoninas como Ivković, Venâncio ou Carlos Xavier. Mas talvez me lembre mais do internacional brasileiro Silas, que havia de dar o seu nome ao nosso treinador, a compor o nosso ataque com desmarcações venenosas, e de Cadete, a marcar o solitário golo da vitória, como só ele sabia marcar nos ressaltos. 

Anos mais tarde, em 2000, o dérbi belenense que mais sofri.

Faltavam sete jogos para o fim do campeonato.

Depois da brilhante vitória em casa contra o FC Porto, ganhar ao Belém em casa era a sétima final.

Num jogo tenso, em que já cheirava a Sporting CP campeão, havia de ser o nosso matador Acosta a marcar o também solitário golo da vitória, numa desmarcação de grande classe do argentino.

Recordo-me das comemorações deste golo na bancada como se fosse hoje. 

No domingo passado jogou-se mais um dérbi, bem distante dos das minhas memórias.

Embora com uma primeira parte apática, após a mudança táctica para o 4-3-3 já se viu algum Sporting CP.

E quem diria que seria Luiz Phellype a mudar tudo no jogo?

A sua entrada descompensou a defesa belenense, abrindo espaços para os nossos atacantes, em especial para o artista Vietto, que começa a comprovar com golos o futebol que, claramente, tem nos pés.

O melhor desta vitória foi a reacção após o primeiro golo. Em vez do tradicional recuo amuralhado para a defesa, a equipa subiu, manietou o adversário, e acabámos por chegar ao segundo golo com naturalidade.

Só espero que o futebol da segunda parte tenha vindo para ficar, honrando o futebol jogado de tantos dérbis de outrora.