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Por André Bernardo
20 Ago, 2020

O objectivo cada ano é, e será sempre, melhorar relativamente ao ano anterior e entrar em cada jogo para ganhar

… aos últimos 38 anos no futebol é o que todos os Sportinguistas querem e, obviamente, no imediato, ao quarto lugar da época passada. 

A questão de sempre é: como?

Podemos alterar somente a capa do livro e persistir em tentar escrever direito por linhas tortas ou então alterar o paradigma e iniciar um novo capítulo com páginas de linhas direitas. 

LINHAS DIREITAS
A pré-época de 2020/2021 vai arrancar no futebol com nove jogadores da formação com uma média de idades inferior a 21 anos. No total do plantel a massa salarial será aproximadamente 18 M€/ano menor relativamente a Setembro de 2018. O ano de 2020 marcará também o regresso da equipa B, após a desistência de há duas épocas em consequência da despromoção para o terceiro escalão do futebol português.  

Foi assim que há dois anos nos propusemos, entre outras coisas, a iniciar um novo capítulo com base na formação (não apenas no futebol), calibrado por contratações dentro dos limites que permitam ao Clube assegurar competitividade mantendo uma estrutura de custos sustentável a médio e longo prazo. A dose que equilibra o modelo pode variar ao longo do tempo e conforme o contexto, mas o modelo não só está definido, como está a ser executado.

E dois anos passados estamos mais perto do rumo que definimos e de ter as linhas direitas.

ESCREVER DIREITO
Linhas direitas é a base para escrever direito, mas não o garante por si só. Tal como o volume de investimento é uma condição necessária para assegurar competitividade com os nossos rivais, embora não suficiente. As evidências mostram com clareza que existe um denominador comum entre os clubes que lideram as principais ligas europeias e que é o fosso financeiro que separa estes clubes versus os seus rivais. Depois há quem invista de forma mais eficiente que os demais.

No que diz respeito ao investimento do Sporting CP nas últimas três janelas de transferências, até porque mais uma vez a criatividade prolifera, gastámos 31,3 M€ em 11 contratações, mais 7,5 M€ por Vietto (no âmbito do acordo por Gelson de 22,5M€*).O Clube registou 80 saídas de jogadores (algumas são renovações), 38 definitivas e 42 temporárias.

Estratégia fundamental para a já referida redução dos custos estruturais com a massa salarial.

No mercado de Inverno de 2018/2019 saíram 28 jogadores, dez definitivamente, 18 temporariamente, e entraram sete jogadores pelo valor de 12,3 M€

No mercado de Verão de 2019/2020 contrataram-se cinco jogadores (incluindo Neto a custo zero e Vietto) pelo valor de 20,5 M€ (13 + 7,5), e entraram mais três jogadores por empréstimo. Saíram 46 no total, 27 de forma definitiva e 19 temporariamente.

No último mercado de Inverno contratou-se apenas Šporar por 6 M€, vendeu-se Bruno Fernandes e emprestámos cinco jogadores.

As análises não devem ser estritamente resultadistas, mas, em resumo das duas épocas pós-invasão a Alcochete, o Sporting CP ganhou no futebol a Taça da Liga e a Taça de Portugal no mesmo ano, feito inédito e que selou a melhor época dos últimos 17 anos e obteve um terceiro e quarto lugares de classificação na Liga NOS. 

O objectivo cada ano é, e será sempre, melhorar relativamente ao ano anterior e entrar em cada jogo para ganhar. E, portanto, na última época queríamos ter escrito mais direito nas linhas ainda tortas. Porém, demos passos fundamentais para endireitar as linhas com a subida de jovens talentos da formação à equipa sénior, a contratação de um treinador e de avanços positivos na consolidação financeira. Quanto ao último, a recuperação de credibilidade financeira está a ser crucial em momento pandémico e crítica na abordagem ao actual mercado de transferências, muito atípico.

ARRANCAR PÁGINAS 
Não podemos arrancar as páginas dos últimos 18 anos, nem as de Alcochete em 2018, nem as da COVID-19. Na minha opinião nem devemos. É preciso olhar para elas com boa memória para nos relembrar dos resultados que, por razões diversas, essas narrativas trouxeram, e do contexto e condicionantes que continuamos a enfrentar. 

Apesar disso, e da ausência na Champions League, já conseguimos contratar os principais targets que tínhamos definido, mantendo-nos em cumprimento com o fair play financeiro

A credibilidade demora muito a construir, mas muito pouco a ser destruída.

ÉPOCA NOVA, NOVA PÁGINA
Iniciamos a pré-epoca com os seguintes jogadores made in Sporting CP: Joelson Fernandes (17 anos), Tiago Tomás (18), Nuno Mendes (18), Gonçalo Inácio (18), Eduardo Quaresma (18), Daniel Bragança (21*), Rodrigo Fernandes (19), Luís Maximiano (21), Jovane Cabral (22).

E contamos com as seguintes novas inclusões: Pedro Porro (20), Antunes (33), Pedro Gonçalves (22), Feddal (30). 

To be continued

 

Editorial da edição n.º 3783 do Jornal Sporting


* correcção à edição impresa e digital do Jornal Sporting onde foi publicado o valor de 30M e a idade de 18 anos. Por estes lapsos, aqui rectificados, as nossas desculpas.