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As lágrimas de Dário

Por Pedro Almeida Cabral
25 Mar, 2021

Dário entrou aos 84 minutos para fazer história. É o mais novo a jogar pelo Sporting CP e na Liga NOS. Provavelmente, continuará pelo plantel, espreitando oportunidades e procurando escalar no imprevisível e exigente mundo do futebol profissional

Há momentos que o Sporting Clube de Portugal nos dá que ficam para sempre. No sábado passado, no final do jogo com o Vitória SC, aconteceu uma dessas ocasiões. A seguir à estreia absoluta na equipa do Sporting CP, o menino Dário Essugo, com 16 anos acabados de fazer, acusou a solenidade do momento e expressou‑se como melhor sentiu a emoção, vertendo algumas lágrimas quando o jogo terminou. Dário viveu um dia inesquecível. E todos os Sportinguistas também.

Dário entrou aos 84 minutos para fazer história. É o mais novo a jogar pelo Sporting CP e na Liga NOS. Provavelmente, continuará pelo plantel, espreitando oportunidades e procurando escalar no imprevisível e exigente mundo do futebol profissional. Talvez devêssemos ver esta estreia como uma mera curiosidade cronológica, abrilhantada pelas memórias de infância que nos traz. Quando vi Dário irromper em lágrimas, lembrei‑me das horas a fio que, enquanto miúdo, passava a jogar futebol nas ruas de Lisboa. Eram tardes inteiras, que chegavam a engolir as noites, em becos esconsos, parcamente iluminados, com balizas feitas de pedras e golos discutidos até à exaustão, mas sempre na equipa dos que jogavam pelo Sporting CP. Nessa idade, mais novos que Dário, o sonho de qualquer um de nós também era, tal como Dário, pisar o relvado de Alvalade com a camisola do Sporting CP.

Se ficarmos encalhados nesta doce nostalgia, estaremos a ver um quadro muito incompleto. Dário não é um acaso. Não se estreou por sorte. E também não entrou em campo por estrelinha. Jogou porque era preciso que jogasse. Não havendo atleta mais experiente disponível para essa posição, e tendo Dário qualidades evidenciadas nos escalões de formação, como potência física assinalável, mentalidade competitiva e destreza técnica, não se compreenderia que ficasse no banco. É um dos efeitos naturais da recuperação da formação consistente e profissional que tem sido realizada nos últimos dois anos e meio. A Academia vive muito de um trabalho invisível que só fica concluído quando o atleta está apto a jogar na equipa principal. Juntando este investimento a um treinador que partilha a ideia de que a formação é essencial para a vitalidade clubística, desportiva e financeira do Sporting CP, temos, em apenas um ano, sete jogadores da formação a debutar com a verde e branca. As lágrimas de Dário significam afinal bem mais para o Sporting CP do que a emoção do momento.