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BOSSA NOVA e “50 anos em 5”

Por Sporting CP
12 Ago, 2021

O estilo musical Bossa Nova surge no Brasil na década de 50 em simultâneo com a presidência de Juscelino Kubitschek (JK) cujo lema era “50 anos em 5”.

A época de JK viria a ficar célebre pelo seu Plano de Metas “desenvolvimentista” que apresentava soluções para “50 anos de progresso em 5 anos de realizações” e considerado muito ousado à época. O plano apresentava 30 objectivos, sendo que o mais conhecido é o trigésimo primeiro, que surgiria à posteriori, consistindo na criação de uma nova cidade, capital federal, que viria a ser “Brasília”, projectada pelo famoso arquitecto Oscar Niemeyer, e inaugurada em 1960. Durante o quinquénio de 1956-1961 o Brasil viria a crescer quase 100%, ganhava um planeamento estruturado sem precedentes e, acima de tudo, uma crença popular de que era possível fazer as coisas de forma diferente.

O caminho até à tomada de posse de JK em 1956 é envolto numa série de adversidades provocadas pelos seus adversários e pela manutenção do status quo dominante.

E é também, por coincidência, imerso em contestação por uma classe musical dominante que não o queria aceitar, que o estilo Bossa Nova surge nesta altura numa fusão entre o samba de raiz e o jazz, para se tornar uma das maiores referências da música mundial. Bossa de “jeito de fazer as coisas” e Nova de as fazer diferentemente, a Bossa Nova surge de um eclectismo conseguido entre um resgate de uma batida mais simples ao ADN do samba e junta-lhe novas influências, com predomínio do Jazz, para criar o seu próprio estilo.

Durante este período, em 1958, a selecção brasileira torna-se campeã do mundo pela primeira vez.

Tomo assim a liberdade neste editorial de usar ambos os temas como analogia, salvaguardando as devidas e necessárias diferenças, para fazer um balanço de três anos em que, após um período conturbadíssimo e uma longa seca de títulos de campeão, o Sporting CP trilhou o seu caminho para fazer “30 anos em 3”, lançando bases importantes que não existiam e sem as quais nunca seria possível caminharmos de forma sustentável e consistente.

Esta época vê o público regressar, e o Sportinguista vai ver melhorias substanciais que materializam um projecto e uma visão estratégica a longo prazo, num jeito novo que não devia ser de estranhar e que, tal como a Bossa Nova, resgata do ADN do Clube o mais fundamental da sua essência: os seus valores. Recordamos nas últimas páginas desta edição os 110 anos dos primeiros mandatos eleitorais de José Alvalade, do qual destaco a seguinte parte do artigo:

“E, entre outros valores que pessoalmente incutiu no clube, o culto do companheirismo e da sã convivência desportiva entre os “Leões” tornavase, nessa época, um factor tão evidente e diferenciador do perfil do clube que um repórter do jornal Os Sports Ilustrados, ao visitar as instalações do recinto da Alameda, em 28 de Janeiro de 1911, reconhecia “a melhor camaradagem e o anseio de viver [uma] vida desafogada e livre”.

As bases estão lançadas, o ADN do Sporting CP resgatado, o ambiente e culto de companheirismo vivo, o foco no Sócio e adepto retomado, e o processo de simplificação e transformação do Clube colocado em marcha. Ainda continuam muitas coisas em consolidação, mas o conforto que podemos dar é que o futuro está a chegar e, “enquanto não vir(mos) isto tudo pronto não vamos descansar”. *

*referência à passagem da carta escrita por José Alvalade e que destacamos no artigo da pagina 24

 

Editorial da edição n.º 3832 do Jornal Sporting