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Tempos estranhos

Por Juvenal Carvalho
20 Out, 2022

Escrevi aqui neste mesmo espaço a semana passada, após o jogo menos conseguido com o Marselha, entre outros, numa época completamente atípica, em que somámos a sexta derrota oficial em pouco mais de dois meses de competição, que o momento era de reflectir..., mas de tocar a unir.

E que o próximo jogo era para a Taça de Portugal, e que teríamos de o ganhar para darmos a volta por cima.

Pois bem, nada disso aconteceu. Antes pelo contrário. Ouvi a conferência de imprensa no pós-jogo de Rúben Amorim, que estava visivelmente agastado − como qualquer Sportinguista que se preze − e retive a afirmação de que não estamos a conseguir resolver os problemas dentro do próprio jogo, e falou ainda da nossa incapacidade latente para marcar golos, e para decidir bem, e que a culpa é dele. Gosto de quem assume, e gosto genuinamente do nosso treinador, essencialmente porque é alguém que, se mais provas precisasse em apenas duas épocas já ganhou quatro troféus, e um deles o Campeonato Nacional de 2020/21, depois de 19 anos de jejum, e a História não só não se apaga, como consigo ver ainda a luz ao fundo do túnel nesta época.

Com todo o respeito pelo Varzim SC, este histórico do futebol português está no terceiro escalão, e não é normal, longe disso, o Sporting CP ser eliminado desta forma. Dizer isto é tão óbvio que nem a minha condição de colunista do nosso jornal o inibe. Seria até falta de honestidade intelectual da minha parte, porque só sei escrever do nosso Clube emocionalmente, aligeirar este problema que o próprio treinador o assume.

Na vida a glória é tantas vezes efémera. No futebol essa é quase a cada jogada, quanto muito a cada jogo. Vivemos nas últimas duas épocas momentos particularmente felizes. Não sou favorável ao célebre ditado que o passado é museu. Não, esse não se apaga, e tivemos momentos fantásticos a fazer mesmo esquecer que infelizmente, nas últimas décadas, havíamos ganho muito menos do que o desejaríamos. Épocas houve em que os rivais falavam do nosso Natal de forma jocosa. Mas o registo tem sempre que ser mais o do passado recente, e acredito muito na volta por cima, e nunca o de voltar a tempos que queremos esquecer.

Ninguém, nem o Conselho Directivo nem o treinador, podem aligeirar − e não o irão fazer − o momento que é francamente negativo. Claro que algo está mal. Claro que não podemos, nem devemos fazer o papel de avestruz e enterrar a cabeça na areia. Ou mesmo querer tapar o sol com a peneira.

Sei que o grupo de trabalho está animicamente em baixo. É claro e notório. Quem mais do que eles quer dar a volta por cima. Quem mais do que eles deseja as vitórias.

Estará nas mãos − neste caso pés ou cabeça − deles, mas também de quem nos lidera, tanto na parte directiva como técnica, arranjar soluções em conjunto e ultrapassar este momento. Não quero(emos) voltar às décadas menos ganhadoras. Elas existiram. Por tudo isto, só podemos reagir… ou reagir. Já no próximo sábado, porque o tempo urge. E porque a esperança é verde, não pode morrer. Depois da tempestade terá que vir a bonança.

PS - Pior ainda foi ouvir no jogo de futsal do passado domingo, repetida e criminosamente, os adeptos do rival − claro que não todos, nem a sua maioria − a continuar a imitar os sons do very light da nossa tão triste recordação no Jamor em 1996. Ainda pior que qualquer derrota em campo. Até quando? O crime compensa?