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Magia

Por Pedro Almeida Cabral
01 Fev, 2024

Há quase 40 anos que vou ao Estádio do Sporting Clube de Portugal. Comecei por ir muito miúdo. Nesses tempos, os torniquetes eram humanos. Alguém impedia a passagem e só deixava entrar quando o bilhete se rasgava e era atirado para o chão. Havia uma regra que muito agradava à criançada. Até aos 12 anos, se acompanhado por adulto, não se pagava bilhete. E foi assim que muitas vezes cravei a desconhecidos que me deixassem entrar com eles para depois me reencontrar com amigos que tinham feito o mesmo. Nestas quase quatro décadas vivi vitórias, derrotas, sonhos e ilusões. Mas, nunca por nunca, até hoje, deixei de acompanhar o Clube a que decidi pertencer quando andava pelos seis anos. 

O mais recompensador de ser do Sporting CP é que recebemos sempre muito mais do que aquilo que damos. Na noite de segunda-feira, perante o Casa Pia AC, Sócios, adeptos, apoiantes e até, estou certo, simpatizantes de outros clubes, puderam admirar uma exibição mais do que perfeita do nosso Clube. O resultado desnivelado da vitória por 8-0 não conta tudo. Seria preciso estar no Estádio para ver, ao vivo, o que uma equipa de futebol trabalhada, rotinada e esclarecida consegue fazer. Sobretudo na primeira parte, em que, praticamente, não houve desperdício, e se chegou com naturalidade aos 5-0.

Nesta goleada histórica, por números que não se viam há 50 anos, destaco três jogadores. Começam a faltar palavras para descrever o monstro que é Gyökeres. Em meia época, o sueco é já um dos jogadores que mais apreciei ver em Alvalade nestes quase 40 anos. Não só marcou dois golos em menos de 30 minutos, como foi sempre, do início ao fim, um pesadelo para toda a equipa casapiana. Abre espaços, arrasta dois defesas ou mais, remata de ângulo difícil, confunde as linhas. Não se pode mesmo pedir mais. Outro jogador que me enche as medidas e que está a recuperar a forma que já teve e a confirmar todo o seu potencial, é Trincão. Há quem esqueça que o trabalho naquela posição é de insistência e que, obviamente, Trincão não irá fintar eficazmente em todas as jogadas. Marcou dois golos, um com cada pé. O segundo, a fechar o jogo, foi deslumbrante: um míssil telecomandado de fora da área, com o seu talentoso pé esquerdo, que tão cedo não será esquecido. Finalmente, Pote até só jogou na primeira parte, mas chegou e bastou: uma assistência primorosa para Gyökeres e um daqueles golos à Pote, em que parece que não remata. Toda a equipa esteve irrepreensível, mas Gyökeres, Trincão e Pote tiveram magia nos pés.

Nesta longa caminhada que é o campeonato, segue-se o FC Famalicão fora e o SC Braga em casa. Dois jogos que temos absolutamente de vencer para cimentar a liderança. É com esta equipa, a jogar assim, que vamos, com toda a confiança, em busca dos seis pontos.